
A família de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck esteve entre as pioneiras de São Bento do Sul. O pai de Anton é apontado como Adam Zipperer por historiadores familiares. Registros de Igreja, no entanto, dizem que, na verdade, era Jakob Zipperer.
A família Zipperer está entre as pioneiras da cidade de São Bento do Sul. Os imigrantes Anton Zipperer e Georg Zipperer foram dois dos 70 homens que subiram a serra Dona Francisca para dar início à derrubada da mata, à demarcação de lotes, e à conseqüente fundação da Colônia de São Bento, em setembro de 1873.
Aos vários mistérios que envolvem a história dessa família, já tratados aqui, soma-se agora o nome do pai de Anton Zipperer. Sabe-se pelo livro “Bayern in Brasilien”, escritor pelo bávaro Josef Blau com base em informações passadas a ele por Jorge Zipperer e Martim Zipperer que o pai de Anton se chamava Adam Zipperer. Não havia qualquer motivo para duvidar disso, uma vez que quem informava eram dois netos de Anton Zipperer, e profundos conhecedores e admiradores da história familiar e da região de onde seus ancestrais imigraram.
No entanto, penso ter encontrado informações suficientes que me permitem, ao menos, questionar a informação de Jorge e Martim. Há algum tempo, um pesquisador tcheco havia me passado a informação de que, nos arquivos de Pilsen, na República Tcheca, está o registro de casamento de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck, e que o pai do noivo aparece como Jakob Zipperer. Esse nome é justamente aquele que Jorge e Martim Zipperer apontam como avô de Anton, e não pai.
Apesar disso, eu ainda cogitava a possibilidade de seu pai ser Adam Zipperer. Isso porque é tradição que Anton Zipperer cedo ficou órfão de pai, tendo inclusive recebido a alcunha de “Filho da Viúva”, já que sua mãe nunca mais se casou. Assim, admiti que era possível que fosse filho de Adam e que, por algum motivo, não era isso que aparecia no seu registro de casamento, feito muito tempo depois do falecimento de seu pai. Seria o caso de um avô aparecendo como pai – novamente, ressalto a grande credibilidade que Jorge e Martim possuem em termos de história familiar.
Mas abandonei de vez a idéia que Anton Zipperer era filho de Adam Zipperer. Essa semana, 3 dias antes de se lembrar os 117 anos de falecimento de Anton Zipperer (em 20 de dezembro de 1891), recebi as informações que constam no batismo de Anton, em 1813. E lá, categoricamente, seus pais aparecem como Jakob Zipperer e Theresia Bohman. Ora, isso parece resolver o problema. A mim não resta dúvidas que Jakob era o pai de Anton, e não Adam. Mas vem aí uma nova questão: então, quem foi Adam Zipperer?
Jorge e Martim Zipperer citam ainda que esse misterioso Adam Zipperer faleceu em 1820, precocemente. E como Anton era, na verdade, filho de Jakob, até mesmo a história de “Filho da Viúva” precisa ser melhor explicada (será que Jakob Zipperer faleceu cedo?).
Em relação ao outro imigrante Zipperer que veio a São Bento do Sul, chamado Georg Zipperer, levanto a hipótese dele não ter sido irmão de Anton Zipperer, como se acredita tradicionalmente. Quando comentei sobre o registro de casamento de Georg Zipperer em São Bento do Sul (o quarto de seus casamentos, com a viúva Anna Trojan), quis acreditar que o padre havia se equivocado ao falar dos pais do noivo – que aparecem como Georg Zipperer e Anna Augustin. Talvez, supus, o Georg fosse, na verdade, o Adam Zipperer.
Mas, com a descoberta desse registro de batismo do Anton, sou levado a crer que o padre pode muito bem ter acertado o nome, e, nesse caso, os pais de Anton e Georg eram diferentes – e nenhum deles chamado Adam Zipperer! A favor dessa hipótese está o fato de que o cronista Josef Zipperer, que era filho do Anton Zipperer, em seu livro “São Bento no Passado” chama Georg de primo, e não de tio, em determinado momento. Mas, de fato, existem outras passagens em que ele é tratado, realmente, como tio. De modo que não é possível chegar a conclusão alguma, senão de que Anton era filho de Jakob Zipperer, e de que ainda não é possível saber quem foi o Adam Zipperer citado por Jorge e Martim.
O recente livro de José Kormann sobre “O Tronco Zipperer”, por, na verdade, transcrever o “Bayern in Brasilien”, apenas repete a informação de que Anton era filho de Adam Zipperer. Em nome da veracidade da história de uma das famílias mais importantes na história da cidade, essa questão não pode ser aceita com tanta facilidade, e precisa ser revista (com base em documentos) até que os mistérios sejam, por fim, desvendados, e a verdade histórica venha à tona.
Como tido, Anton Zipperer faleceu há exatos 117 anos. Naquele 20.12.1891 já estava viúvo de Elisabeth Mischeck, falecida em 1888. Imigraram com idade avançada, se comparado às demais famílias que vieram à São Bento do Sul (a questão da idade diversa apontada no registros dos navios é outro dos mistérios dessa família). Mas, conseguiram legar um futuro mais digno aos seus descendentes, como não teriam na velha Boêmia, onde ninguém mais poderia possuir terras, e a mobilidade social era nula. Lembremos, pois, desse pioneiro de São Bento do Sul.
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