Em 1963, Arno Fendrich se queixava: o teatro estava sendo desbancado pelo cinema, e o cinema pela televisão. E o governo brasileiro tinha coisas mais importantes para pensar do que o teatro. Situação muito diferente daquela que acontecia em Roma, Nova York, Paris e Londres. Nesses lugares, o teatro ainda rendia – e rendia muito. Mas no Brasil, além de não auxiliar, o Governo ainda tirava aquilo que o teatro havia conquistado – negava-se apoio a um movimento de educação e cultura.
Uma comparação simples e real: nos grandes centros europeus, o teatro era uma grande magazine, caminhando a passos de gigante. No nosso país, o teatro era uma lojinha. E o povo ou governo que não apóia o teatro está morto – no mínimo moribundo. Arno segue essa linha até falar das dificuldades com o seu grupo de teatro em São Bento. Em todas as apresentações, houve muita gente, muito movimento, muito movimento – e seria maior se houvesse dinheiro, muito dinheiro, algum dinheiro, pouco dinheiro.
Ora, estamos falando da melhor época para o teatro na história da cidade. Não sei em que pé está a situação hoje. Sei apenas que, em 1963, Arno terminava de forma contundente: “Terra sem teatro, é sertão sem chuva”.
Teria a seca chegado a São Bento do Sul?
No rastro de Arno Fendrich afirmo com todas as letras que Canoinhas é um árido deserto! Há décadas não há na cidade o mais rudimentar grupo teatral. Há poucos anos a UnC ensaiou pífios grupos de esquetes que literalmente morreram na casca!