Recebi do primo Eduardo Anselmo Fendrich o recorte de uma matéria feita pelo extinto Jornal Informação com seu avô, José Fendrich Filho, o fundador da Padaria Fendrich – da qual trabalhou de 1946 ao ano 2000, tendo sido o diretor até 1977.
Segundo seu neto Lisandro José Fendrich, depois que deixou de participar nos negócios, José trabalhava apenas enquanto padeiro no período noturno, enfornando e desenfornando os pães, sem participação nos lucros (embora fosse o dono do imóvel e da maioria das ações societárias da empresa).
Continuava trabalhando, realmente, por amor à profissão.
A padaria existe até hoje, agora comandada por Leomar José Fendrich, um dos filhos de José Fendrich Filho. A entrevista é de 1997.
José Fendrich Filho, 63 Anos Com a Mão na Massa
Padaria Fendrich, 50 anos em São Bento do Sul… Uma vitória com muito esforço em épocas de muita dificuldade para o povo brasileiro. Fundada pelo Sr. José Fendrich Filho em 26/02/1946, o pão de muita mesa sãobentense ainda é preparado com a ajuda do padeiro mais antigo de nosso município. Seu José ainda chega de madrugada e juntamente com o filho e o neto preparam a massa para o pão fresquinho da manhã. Na última terça-feira, dia 14, conversamos um pouco com esse cidadão que muitas histórias tem para nos contar. Segundo ele o mais difícil foi no começo quando as estradas ainda eram de barro e ele tinha que percorrer todas as manhãs de bicicleta até Oxford para entrega de pães. Fizemos mais algumas perguntas para o Sr. José e assim nos respondeu:
INF: Exercer uma função por 63 anos é preciso gostar da profissão.
SR. JOSÉ: Sim, acho que em tudo que a gente vai fazer é preciso gostar, do contrário acaba saindo mal feito. Estou com 75 anos e comecei aprender pão com apenas 12 e até hoje o faço.
INF: Nestes 50 da Padaria muita coisa mudou. O que o Sr. destaca como mudança fundamental acontecida nesses anos?
SR. JOSÉ: Aconteceu muitas mudanças fundamentais para a vida do brasileiro, mas na nossa área de trabalho a mudança principal aconteceu nos anos 50 quando precisávamos percorrer muitas colônias para conseguir comprar trigo até que o presidente brasileiro supriu a todo mercado com trigo.
INF: Com tanta experiência, o Sr. acha que o nosso país está assim tão ruim? Ou já esteve muito pior?
SR. JOSÉ: O nosso país não está assim como estão falando. Já tivemos épocas bem piores, a tendência é que o Brasil só melhore.
INF: Na época atual não é comum que a juventude trabalhe tanto tempo em um mesmo local. Por quê?
SR. JOSÉ: É muito difícil que os jovens permaneçam muito tempo em um só emprego, e um pouco é porque estão buscando sempre coisas novas até para seu desenvolvimento profissional.
INF: O Sr. gostaria de mandar alguma mensagem para o povo sãobentense, o qual cresceu conhecendo o seu trabalho?
SR. JOSÉ: Apenas quero dizer que procurem sempre buscar suas realizações tanto pessoal como profissional, pois a vida é uma batalha constante e quem trabalha forte merece a vitória.
Prezado
A direção da Padaria o meu avô (Sr. José Fendrich Filho) deixou no ano de 1977. Desde então ele trabalhava apenas enquanto padeiro no periodo noturno, enfornando/desenfornando os paes, sem participação nos lucros da mesma (mesmo ainda sendo dono do imóvel e da maioria das ações societárias da mesma), por amor a profissão. Após um resfriado no inverno de 2000 seus serviços foram então “dispensados”, ou seja, a ausência dele nos negócios se deu de forma bem anterior ao informado pelo Eduardo.
Grande abraço e parabens pelo excelente material