Uma visita à terra natal dos Zipperer

Meu amigo e parente Evandro Zipperer fez no mês de maio uma viagem à Europa, e nela aproveitou para conhecer a aldeia natal de seus ancestrais, que também são os meus. Da aldeia de Flecken (hoje chamada Fleky), na República Tcheca, o imigrante Anton Zipperer partiu em 1873 na companhia de esposa e filhos para imigrar ao Brasil, tendo aqui se tornado um dos pioneiros na colonização de São Bento do Sul. Evandro fez o interessante relato que segue abaixo sobre as impressões que a visita lhe causou:

O ponto culminante foi a visita que fiz à Böhmerwald mais precisamente à Fleky!!!

Foi muito emocionante e repleto de surpresas!! Eu fiquei visivelmente emocionado em encontrar o local e respirar o ar onde os meus antepassados viveram!!! Quisera encontrar alguém para conversar e buscar mais informações. Mas era só eu e minha esposa. Encontrei um senhor que estava trabalhando numa obra de uma casa e ele era de Hamry. Mas não dispunha de tempo para conversar “ich muss arbeiten”.

Foi muito tocante principalmente no local da antiga igreja de Rothenbaum. Foi o ponto culminante e ali a minha esposa encontrou uma cruz demarcando uma antiga sepultura com o nome “Zipperer” inscrito na madeira!!! E bem cuidado, sinal que alguém cuida do local. Ver foto anexa.

A região é muito bonita e o local da igreja está bem cuidado, com o antigo fundamento, a pia batismal, uma cruz e todas as lápides dispostas e encostadas na lateral do antigo cemitério!! Vale a pena visitar. Registrei a visita com uma porção de fotos; voce não imagina a solidão e o silêncio que faz naquelas paragens. E tudo cercado de verde e árvores frondosas. Silêncio sepulcral e de fato os mortos jazem em sossêgo naquele lugar. O silêncio era tão profundo que nos sentíamos no fim do mundo, só nós dois e o cantar dos pássaros. Não imaginava uma coisa dessas!

Só posso agradecer ao bom Deus em conceder a realização desse sonho; me sinto revigorado e o ar de lá fez bem; me sinto mais “zipperer” e orgulhoso de ver nascer uma familia advinda de plagas tão distantes e diferentes. Orgulhe-se do nome que tem; é a coisa mais cara que pode existir. Na simplicidade do local ecoam hoje os sons dos pássaros que talvez queiram conversar com a gente. A coisa toca profundo!

Andei por todas as pequenas vilas e pasme que tudo está sinalizado com as indicações de distâncias, etc. Denota muita organização em termos de administração. Mas infelizmente tem muitas casas em ruínas e outras sendo reformadas. Deve ser o reflexo de tudo aquilo que já foi perpetuado na região em função de guerras, política, etc.

As tuas indicações com os nomes dos locais foi muito valiosa e serviu de estudo antecipado para me dirigir para aquele lugar. O Hilário Rank aí de São Bento foi importante dando as dicas e roteiro com os locais a serem visitados. 

Quiçá um dia voce vai visitar essa região, o que seria um coroamento pela dedicação e respeito às pesquisas que realiza. Vale a pena colocar no roteiro. 

8 pensamentos sobre “Uma visita à terra natal dos Zipperer

  1. Sensacional saber mais sobre a história dos Zipperers. Parabéns pelo detalhamento histórico e imagens. Recordar é viver!

  2. Com surpresa e alegria encontrei estas informações. As fotos até que poderiam ser minhas, pois tendo visitado o referido várias vezes, e também registrei o local. Da forte emoção nem é preciso falar, pois foi muito grande, quando eu encontrei o túmulo e pude chamar minha mulher para vir ver. Meu avô materno, (Joseph Hastreiter) veio (1875) dois anos depois dos Zipperer, de um lugar muito próximo de Flecken, Eschlkam na Baviera. Apenas 13 Km, mas ainda na Alemanha. Meu nome: Haroldo Rodolfo Zacharias, natural de SB e minha esposa: Nilce Maria Zacharias (nascida Zipperer) filha de Jorge Zippe-rer Jr. Moramos em Guarulhos-SP mas estamos frequentemente tanto em SB como em RN

  3. Que lindo Evandro! Também já vivi essa emoção, em 2008. Visitei Eisenstrass, cidade de origem dos Linzmeyer (minha mãe era uma Linzmeyer). Tive oportunidade de conhecer o terreno onde viviam, a igreja, a escola e participar de um encontro de família, Linzmeyer Treffen, com 13 descendentes de uma irmã do meu tataravô Johan Linzmeyer que permaneceu na Alemanha e se chamava Barbara. Promoveram o encontro porque sabiam de minha ida a Europa e nos convidaram. Foi magnífico. Até hoje mantenho contato com todos os presentes nesse encontro. Quanto a família Zipperer, se Deus me der nova oportunidade de viajar até lá, vou procurar esse mesmo lugar que você esteve, pois, não sei se você sabe, mas minhas duas bisavós, Katharina Fendrich e Therezia Linzmeyer eram irmãs e filhas de Anton e Elisabeth Zipperer.

  4. Célia, desejo que mais pessoas possam visitar esse local e sentir a emoção que transcende muitas gerações de bem e de fé. Conheço a história dos teus antepassados naquilo que se relaciona com a minha família e os laços que nos envolvem. É muito gratificante e você tendo oportunidade de uma passada em Fleky pois é próximo de Eisenstrass. Quando estive lá a minha idéia era passar por Eisentrass na ida à Alemanha, mas resolvi diferente e passei por Svata Katerina.
    Visitei Hamry e circunvizinhanças.

  5. Haroldo, só hoje vi o teu comentário e peço desculpas. Fiquei contente em saber do teu interesse em conhecer lugares tão longínquos e especiais. Para mim foi o coroamento de um sonho muito antigo.
    Conheci bem a tua família e você pessoalmente.O teu pai foi uma pessoa de fibra e lutador; eu conhecia-o muiito bem. Você eu conheci em São Paulo. A tua mãe e irmãos eram bem conhecidos e relacionados com a minha família, nas atividades de bolão, etc.
    Meu pai é o Alfredo Zipperer, irmão do Osvaldo, Alexandre, Alice, Amália Zipperer. Já é de longa data falecido.

  6. Haroldo, resido em Blumenau e frequentemente vou à São Bento do Sul.

  7. De Osny Zipperer
    Em 1975 era bolsista do Rotary Curitiba Norte, estudando em Berlim Ocidental, quando em 22 de maio fui à República Tcheca com a intenção de visitar Fleken/Fleky lugar de nossos antepassados. Eis o ocorrido:
    Cheguei de trem em Neuern às 15h32min. Tomei um coletivo para o centro que custou-me 1 krone. O objetivo final da minha viagem era o vilarejo de Fleken (Fleky) donde saíram nossos antepassados.
    Já no ônibus o condutor informou-me da proibição de se visitar esse vilarejo, que dista 7km de Neuern, por ser uma base militar dos comunistas. Deixei as malas no hotel e saí para tentar pedir autorização da polícia, porém meus esforços foram em vão. Tirei algumas fotos pelo centro de Neuern e resolvi por conta própria ir em direção à Fleky numa tentativa de visitá-la.
    Caminhei uns 3km chegando no vilarejo de Chudenin, onde encontrei uma placa de ultrapassagem proibida, mesmo assim continuei e caminhei por aproximadamente 1km quando então fui barrado por militares. Novamente alertado se tratar referido vilarejo, de região fronteiriça e também como base militar com ultrapassagem proibida para estrangeiros e sobretudo para pessoas moradoras da região.
    O sistema opressivo comunista, como também era o caso deste lugar, enclausurou além dos 17 milhões de alemães orientais mais uma dezena de milhões de europeus orientais, atrás de muros de concreto, do arame farpado, das torres de vigias com seus guardas armados. Toda a região, o lado oriental, numa extenção de 215km era assim circundada, esta situação só se alterou em 19 de maio de 1990, por influência da queda do Muro de Berlim, integrando-se assim o que era o mundo oriental com o ocidental.
    Assim, voltei frustrado às 20h30min para o hotel em Neuern, após ter visto baldados meus esforços. Caminhei ida e volta, sem ajuda de qualquer carona, mais ou menos 10km. Tomei um quarto em hotel de classe B, o qual me custou 59krn e jantei acompanhado de um gostoso vinho que mandei esquentar, já que passei muito frio em minha caminhada, o que me reanimou um pouso após esse dia estafante. Fui dormir em seguida.
    A região que vi, continuava assim imagino como na época em que meus antepassados emigraram para o Brasil, era e continuava a ser um lugar paupérrimo, com poucos atrativos, a economia baseada numa agricultura de subsistência, hospedei-me no único hotel, após circular pelos arredores a pé, apesar da tentativa em conseguir um táxi ou qualquer condução que me levasse mais longe na exploração da vizinhança.
    Somente após a queda do Império Russo a quem também a República Tcheca estava vinculada é que permitiu-se a entrada para visitação àqueles lugares que eu tanto queria conhecer na época e que me foram proibidos.

    É sempre uma emoção ver agora fotos que você, bem como as do primo Haroldo Zacharias tiraram e que hoje me fez relembrar esta minha aventura.

    Abraços do primo.
    OSNY ZIPPERER/CURITIBA-PR.

  8. Olá Osny, lendo o seu depoimento vejo quão frustrante foi tua experiência em tentar visitar o lugar donde partiram nossos antepassados. Eu acalentava esse sonho muitos anos; sempre me debruçava sobre mapas, relatos e histórias locais até que um dia tive a felicidade de realizar essa viagem. Antes de viajar estudei muito sobre o local, de como chegar lá e maximizar o tempo do qual dispunha.
    Quando parti de Praga com um carro alugado, eu e minha esposa sentimos-nos em busca de algo perdido no tempo. Foi muito emocionante e tudo deu certo. Não tive as dificuldades por você enfrentadas. Lamento só não ter atravessado a fronteira pela estradinha de acesso a Alemanha; mas depois vi que não tem como passar. Tem uma pedra bem grande no meio da estrada e não permite a passagem de carro veicular; só a pé. Assim tive que passar a fronteira através de Svata Katerina. Aliás um lugar também do qual partiram outros imigrantes de São Bento do Sul. Ali tem uma grande construção que em anos passados era a alfândega e fico imaginando como tudo devia ser difícil de conseguir passar nessas paradas.
    O intuito da minha viagem era me colocar e visitar o logradouro donde vieram os meus antepassados; para uma possível visita com o intuito de pesquisar e conversar mais com pessoas do local demandaria mais tempo e não estava no meu propósito. Quem sabe numa próxima oportunidade farei isso, dotado agora de mais informações que possibilite uma pesquisa mais profunda. Mas o simples fato de ter pisado naquelas paragens já me tranquilizaram muito. Sinto-me mais “zipperer” do que dantes e recomendo a todos visitar aquele lugar; não encontrarão nenhum restaurante ou logradouro famoso mas encontrarão muita história para relatar. Faz bem para o espírito e estimulo os parentes em perder um tempo e visitar esse lugar mágico. Ir até Furth in Wald e ver a estação de trem donde os parentes embarcaram no trem que os levaria até Hamburgo e adeus as terras de seus parentes, onde nasceram, foram batizados, tomaram a primeira comunhão e alguns deles até casaram. A igreja assim como outros logradouros foram destruídos mas alguma coisa restou.
    Se você tiver oportunidade tente refazer aquilo que você tentou no passado; pode partir de Praga seguir até Nyrsko(ex-Neuern) e ver como o lugar é mágico e bonito!!! Recomendo!!!

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