Família Fendrich – Parte I

O imigrante Anton Zipperer, um dos pioneiros da colonização de São Bento do Sul, veio ao Brasil em 1873 e trouxe consigo a esposa e mais seis filhos. A sua primogênita, chamada Catharina Zipperer, permaneceu na Europa. Acredita-se que, na ocasião, ela já morava em Viena com seu esposo Friedrich Fendrich. A permanência em solo europeu, no entanto, não se prolongou por muito tempo, pois em 1875 Friedrich e Catharina também resolveram tentar a sorte no Brasil. Assim como os Zipperer, os Fendrich se instalaram na atual cidade de São Bento do Sul.

Friedrich Fendrich, o imigrante, era filho de Franz Fendrich e Maria Magdalena Trnka, os últimos desse sobrenome que se tem notícia. Nasceu no dia 24.04.1843 em Lomnitz, perto de Hochin, na Boêmia. Há mais de uma cidade com esse nome na República Tcheca – país que abriga o atual território da Boêmia. A melhor pista aponta para a cidade de Lomnice nad Luznici, antiga Lomnitz, 112 quilômetros ao sul de Praga, perto de Hluboka nad Vitavou, antiga Hosin. Apesar dessa coincidência, o pesquisador tcheco Petr Kalivoda informou que o sobrenome Fendrich não existe nessa região e que, no período de nosso interesse, nunca existiu nas redondezas (KALIVODA, 2008). De qualquer forma, o nome da aldeia de Lomnitz representa um avanço na biografia de Friedrich Fendrich, pois era desconhecido de todos aqueles que escreveram sobre este personagem.

Não é possível precisar a data em que Friedrich Fendrich se mudou para Viena. O cronista Josef Zipperer comenta que Fendrich passou em Viena “toda sua infância e mocidade” (ZIPPERER, 1951, p. 93). Assim sendo, também é de se supor que os pais estivessem com ele. Na capital austríaca, Friedrich aprendeu o ofício de sapateiro. Provavelmente, também foi lá que se casou com Catharina Zipperer, nascida no dia 08.07.1845 em Flecken, na Boêmia, primogênita de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck. Em 03.05.1874, o casal teve a filha Hedwiges, que também iria imigrar ao Brasil no ano seguinte.

Josef Zipperer afirma que as cartas escritas pelos imigrantes pioneiros aos parentes que ficaram na Europa facilitaram a posterior vinda de famílias como os Fendrich, Schadeck, Tschöke e Knittel. Isso porque, nessas cartas, a região era descrita como o verdadeiro “paraíso que o velho Adão nos fez perder” (ZIPPERER, 1951, p. 18). Diziam que a caça e a pesca, ao contrário do que acontecia na Boêmia, podiam ser livremente exercidas, e que não era preciso pagar pelo ensino, e nem contas de médico ou impostos – o que não diziam era que praticamente inexistiam possibilidades de caça e pesca, e que não havia nenhuma escola e nenhum médico que pudessem ser pagos pelos seus serviços.

Não se sabe com que frequência houve esse contato entre os Zipperer e os Fendrich, mas, de alguma maneira, ele realmente existiu. O diretor Ottokar Doerffel, em ofício citado por Ficker (1973), afirma que os Zipperer, tendo conseguido prosperar nos seus terrenos em São Bento, foram à Direção da Colônia para pagar a passagem de parentes que ainda estavam na Europa. Doerffel referia-se a Friedrich Fendrich e sua esposa Catharina Zipperer, o que é possível comprovar através de um documento da Companhia Colonizadora reproduzido no livro de Josef Zipperer (1951). Assim, os Zipperer contribuíram para que também os Fendrich pudessem vir ao Brasil. 

2 pensamentos sobre “Família Fendrich – Parte I

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