Família Fendrich – Parte II

Efetivamente, a família Fendrich, então constituída por Friedrich Fendrich, Catharina Zipperer e a filha Hedwiges, saiu do porto de Hamburgo a bordo do Barco Alert no dia 15 de maio de 1875. Na lista de passageiros do navio, que contava com 40 pessoas, Friedrich foi qualificado como lavrador, embora fosse sapateiro em Viena. Como os lavradores eram os preferidos para a imigração, devido ao árduo trabalho braçal que teriam pela frente, é possível que Fendrich tenha se deixado qualificar dessa maneira, o que aconteceu com frequência entre os imigrantes que vieram a São Bento do Sul. Em 14 de julho de 1875, os Fendrich chegaram ao porto de São Francisco do Sul e de lá se encaminharam para a Colônia de São Bento.

Fendrich, dessa forma, “num destino estranho, trocou a requintada Viena pelos pinheirais de São Bento” (BLAKE, 1966, p. 7). É curiosa a constatação das enormes diferenças entre Viena, na época um dos maiores centros da Europa, e a modesta Colônia de São Bento, que havia sido fundada há apenas dois anos e ainda sofria com a ausência de médicos, escolas e igrejas. Viena contava com aproximadamente 700 mil habitantes na época da imigração, enquanto que São Bento, em 1874, não havia chegado aos 400 moradores. Por mais que Friedrich tivesse em mente a esperança de encontrar dias melhores em solo brasileiro, não é difícil imaginar que, em muitos aspectos, o início da sua vida no Brasil, se comparado ao seu passado recente, não foi tão bom quanto se esperava.

Por conta disso, é possível que Fendrich estivesse incluído entre os imigrantes que Josef Zipperer afirma terem se decepcionado com a realidade encontrada em São Bento – muito diferente daquela propagada pelos pioneiros. A falta de meios não tornava possível o regresso à Europa. Tudo o que podiam fazer era começar a trabalhar, levando a mesma vida que os primeiros imigrantes. Foi o que fizeram, e logo também entre eles “tudo era sorrisos” (ZIPPERER, 1951, p. 18).

Friedrich Fendrich adquiriu um lote no núcleo central da cidade – ficava no prédio da antiga Caixa Econômica, atual Farmácia do Sesi. Uma pequena casa foi erguida nesse terreno, e lá a família passou a morar. No local, Friedrich montou uma sapataria e logo passou a exercer o ofício aprendido ainda em Viena. As necessidades dos colonos de São Bento, no entanto, fizeram com que Fendrich acumulasse ainda uma outra profissão, para a qual não fora treinado anteriormente: a de professor das crianças alemãs.

Leia a parte I.

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