A história da família Fragoso na região de São Bento do Sul e Campo Alegre começa em terras paulistas. Foi lá, mais precisamente em Taubaté, que nasceu, por volta de 1719, João Soares Fragoso, filho de Álvaro Soares Fragoso e Catharina Garcia de Unhatte. Em data ignorada, mas certamente antes de 1740, João Soares Fragoso já estava na cidade de Curitiba, aparentemente longe de familiares. E foi na capital do Paraná que João se encantou por uma índia carijó chamada Páscoa das Neves. Os carijós eram índios pacatos e trabalhadores, e que se transformaram em escravos dos curitibanos desde o começo da colonização pelo homem branco na região, ainda no século XVII.
Com a índia, João Soares Fragoso teve um filho, chamado Domingos, nascido em 1740. Foi provavelmente um relacionamento ocasional, sem maiores responsabilidades para João. Tanto é assim que cinco anos depois ele estaria contraindo matrimônio, e por coincidência com uma filha do proprietário de Páscoa das Neves, chamada Ignez de Chaves. Com sua esposa, João teve diversos filhos em Curitiba, até um dia se mudar para os Campos Gerais.
Domingos, que não era filho legítimo, não acompanhou o pai. Permaneceu em Curitiba. Aos 12 anos, ele viu a sua mãe morrer. Quando se tornou maior, escolheu a sua esposa: Maria Dias, uma pobre mulher, que havia sido abandonada ao nascer – provavelmente porque também era filha de índia. Os dois tiveram diversos filhos em Curitiba. Maria faleceu em 1806 e, embora já em idade avançada, Domingos se casou novamente, no ano seguinte, com Isabel Cardosa. Entre os filhos que teve com Maria está um de nome Theodoro. Este, cresceu, arrumou casamento com Feliciana Rodrigues França (1787-?), teve filhos com ela, e um dia, antes de 1836, quando já era velho, resolveu se mudar para a Lapa.
Na hoje legendária cidade paranaense, Theodoro era um simples lavrador que colhia milho e feijão para o sustento. Não morou muito tempo lá, pois acabou falecendo poucos anos depois, em 1839. Um dos filhos de Theodoro se chamava Manoel, nascido em 1805, e que portanto já era um homem feito, inclusive casado quando a família se mudou para a Lapa. Sua esposa se chamava Maria Marciana de Marafigo (1804-?). Nessa cidade, Manoel viveu até morrer, em idade ignorada, entre os anos de 1858 e 1865. Vários dos seus filhos, no entanto, foram inquietos o bastante para procurar novos lugares.
E foi assim que, já em 1868, e talvez um pouco antes, seus descendentes começaram a ocupar a região que hoje conhecemos por Fragosos. Pelo pioneirismo, foram eles, inclusive, que construíram a primeira ponte sobre o rio Negro. Citamos a seguir esses filhos de Manoel Soares Fragoso:
1. Francisca Soares Fragoso (1827-1911), a primogênita, viúva de Hermenegildo Rodrigues de Oliveira, casada com João dos Santos Machado. Ela e seu primeiro esposo são os pais de Generoso Fragoso de Oliveira, tido pela tradição oral de nossos dias como “fundador de Fragosos”. No total, Francisca teve 3 filhos com Hermenegildo e outros 3 com João.
2. Virgínio Soares Fragoso (1829-1905), casado com Escolástica Maria de Jesus, e em segundas núpcias com Anna dos Santos Lima. Pela terceira vez, casou-se em 1889 com Francisca Pereira de Oliveira. Ao que se sabe, Virgínio teve quatro filhos.
3. José Soares Fragoso (1831-antes de 1893), casado com Rosa Calisto de Camargo. São os pais de João Elias Fragoso, personagem que figura em páginas sombrias na história de São Bento do Sul. Além dele, o casal teve ao menos três filhas.
4. Pedro Soares Fragoso (por volta de 1833-1887), casado com Gertrudes Maria de Camargo. O casal teve ao menos seis filhos. Entre seus descendentes está o ramo Machado Fragoso.
5. Maria da Rosa Soares (1836-?), filha que, ao que tudo indica, não acompanhou os irmãos, tendo permanecido na Lapa, onde já devia se encontrar casada com Antônio José Mariano da Silva. Tiveram ao menos quatro filhos. Seus descendentes levaram a alcunha Soares da Silva.
6. Joana Soares Fragoso (1839-antes de 1891), casada com Antônio Rodrigues de Almeida. Foram pais de ao menos 4 crianças. Os Rodrigues de Almeida se cruzaram diversas vezes com os Fragoso e com os Cavalheiro. Um filho do casal, Lino Rodrigues de Almeida, chegou a ser vereador em São Bento do Sul.
7. João Baptista Fragoso (por volta de 1843-antes de 1910), casado com Maria da Glória, e, depois de viúvo, com Rufina Pereira. Ao que se sabe, teve seis filhos com a primeira esposa e duas com a segunda. Ele e sua primeira esposa são ancestrais dos inúmeros Baptista Fragoso que ainda em nossos dias habitam a região de Fragosos e Piên. É provável que seja o mesmo João Fragoso apontado como um dos tropeiros a auxiliar a subida dos imigrantes para a recém-fundada colônia de São Bento.
8. Felippe Soares Fragoso (1846-antes de 1902), casado com Flora Lina Cavalheiro e, viúvo dessa, com Anna Muniz de Sant’Anna. Teve 5 filhos com a primeira esposa e 1 com a segunda. Tiveram descendentes que levaram o sobrenome Fragoso Cavalheiro. A primeira esposa de Antônio Kaesemodel, Verônica Dranka, era neta de Felippe.
Nos dias de hoje, como dito, a fama de “fundador de Fragosos” caiu sobre Generoso Fragoso de Oliveira, que muito provavelmente, devia estar entre os primeiros membros da família que se estabeleceram na região. Apesar disso, certamente não é possível atribuir a ele, ou a qualquer pessoa isoladamente, a fundação do lugar.
É bem possível que a sua fama esteja relacionada com um certo sucesso como negociante, além de seu envolvimento com figuras políticas da época, como João Filgueiras de Camargo e Francisco Bueno Franco, somando-se a isso o fato de ter morrido em Fragosos com avançada idade. Existe, em sua homenagem, uma rua no bairro.
De grandes proprietários na região, aos poucos os Fragosos se viram obrigados a se desfazer de suas terras. Os filhos de Generoso Fragoso de Oliveira, por exemplo, já possuíam muito menos que o pai. Os netos pegaram uma parcela ainda menor. E, nos dias de hoje, os bisnetos não possuem quase nada.
Hoje os Fragoso sofrem a falta de investimentos na região. Antigamente, os moradores de Fragosos iam até São Bento para vender aquilo que produziam em suas terras. Atualmente, vão até lá apenas para comprar.
Parabéns e obrigado, pois consegui buscar a origem da mi ha fámilia.
Sou filho de Antonio Crescencio Fragozo e neto de Ernesto Crescencio Fragoso e Bisneto de Generoso Fragozo de Oliveira.