Navio Zanzibar Chega a São Francisco do Sul

Vinda de mais imigrantes deve acelerar criação de uma colônia ao longo do riacho São Bento

 Colônia Dona Francisca, 07 de Setembro de 1873

Chegou ontem (06/09) ao porto de São Francisco do Sul o Navio Zanzibar, trazendo 141 passageiros de diversas regiões da Europa para a Colônia Dona Francisca. O navio saiu do porto de Hamburgo no último dia 17 de junho. A chegada de mais um navio de imigrantes é vista com grande preocupação pelo diretor da Colônia, Ottokar Doerffel: “Não cabem mais imigrantes aqui. Os ranchos estão superlotados e há falta de mantimentos”, relatou.

Doerffel lembrou, no entanto, que um grupo comandado pelo engenheiro August Heeren está desde junho demarcando lotes e abrindo caminho em matas ao longo do riacho São Bento. O objetivo dos trabalhos é preparar uma futura colônia para abrigar imigrantes, como os que ontem chegaram pelo Zanzibar.

A chegada do navio deve acelerar a criação da Colônia. Hoje mesmo a direção da Colônia deve começar a preparar o material necessário, como mantimentos para dois meses, ferramentas, sementes e algumas bestas, para o envio dos primeiros imigrantes à região. A subida da serra deve acontecer dentro de algumas semanas.

Viagem teve piolhos e escassez de água

Um passageiro polonês que não quis se identificar criticou a quantidade de piolhos que havia dentro do Zanzibar. “Já frequentei a melhor sociedade, e não posso tolerar isso”, disse o passageiro, que em seguida abriu a camisa e mostrou o quanto seu corpo havia sido maltratado. Questionado sobre o assunto, o capitão do Zanzibar disse apenas que também a ele os piolhos não haviam poupado.

Relatos dão conta de que o navio não possuía quantidade suficiente de água potável. Cada pessoa teria direito a apenas um litro por dia. Por conta disso, os imigrantes não podiam lavar muitas roupas e nem tomar banho. A situação teria facilitado a proliferação dos piolhos. Entre os pontos positivos da viagem, os imigrantes destacaram a comida, que era abundante e nada má.

Imigrantes acharam que fogos eram para eles

Uma situação curiosa precedeu a chegada do Navio Zanzibar ao porto de São Fancisco do Sul. Os imigrantes enxergaram os foguetes estourando em comemoração ao Dia da Independência e acharam que era para recebê-los. Foi preciso que o comandante explicasse o verdadeiro motivo dos fogos. O imigrante boêmio Josef Zipperer já havia inclusive iniciado um discurso de agradecimento. “Ficamos um tanto decepcionados ao saber que não era por nossa causa”, confessou Zipperer.

Um pensamento sobre “Navio Zanzibar Chega a São Francisco do Sul

  1. ZANZIBAR – armado em Brig – 155 toneladas, comprimento total 92′ (28 metros). Casco de madeira, dois mastros. Construído por Dreyer-Neuhof, na ilha de Reiherstieg em frente a Hamburgo, para o armador Oswald deste mesmo porto. Os capitães foram J.F. Hell 1860-61, V.H.B. v. Rauchhaupt 1861-62, F. Pauls 1862-64 and F. Timm 1865. Fazia justamente a linha Hamburgo-Zanzibar (na África), até então.

    Em 1865 foi vendido para Therkelsen, de Horsens, Dinamarca. Em 1873, quando fez sua terceira viagem ao Brasil já estava registrado no porto de Hamburgo de novo, em nome de C. Heydorn.

    Naufragou em 11 de Janeiro de 1879, com um saldo 48 mortos. (ñ consegui determinar onde se deu esse naufrágio e em que circunstâncias – nota minha).

    Fonte dados: Lloyd’s Register

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