Publicado na Folha do Norte de 05.11.2013.
Comparando as causas mortis apontadas nos primeiros livros da Igreja Católica de São Bento com as respectivas idades de cada pessoa ao falecer, é possível descobrir algumas tendências para a ocorrência de enfermidades nos primeiros são-bentenses. Os bebês que nasciam mortos ou viviam até 30 dias morriam principalmente de fraqueza, também chamada de marasmo. A partir de então e até 1 ano, a causa principal de morte era a febre, com destaque também para os espasmos. De 1 a 10 anos a febre ainda dominava, agora acompanhada da difteria. De 10 a 20 anos continuava se morrendo principalmente por febre, mas também começava a se morrer mais por desastres.
Dos 20 aos 30 era o período em que os desastres matavam mais do que qualquer outra coisa. Às vezes o padre não dizia do que se tratava o desastre, como foi o caso dos registros de óbito de José Sikora (26) e Antônio Augustin (24). Em outros a causa foi a queda de uma árvore, como aconteceu com Miguel Zedlinsky (23) e Simão Swintkowski (24). A jovem Francisca Janke (26) morreu de queda de cavalo. Sabe-se que o negociante republicano Argemiro Loyola (29) morreu em consequência de um acidente com a sua carroça, que saiu em disparada e caiu em um vale, ainda que a causa apontada seja tétano traumático. Também aconteciam afogamentos, queimaduras, mordidas de cobra e tiros de espingarda.
Dos 30 aos 50 anos a principal causa mortis era a tísica, com destaques também para a apoplexia e hidropisia. Dos 50 aos 60 a febre voltava a dominar e dos 60 em diante se morria quase sempre de fraqueza ou marasmo – que nada tem a ver com a depressão. Observa-se ainda pelos registros que em 1889 parece ter havido um surto de sarampo na cidade.
Todas essas causas são bastante relativas, pois os conhecimentos médicos da época não eram os de hoje, e muitas vezes se morria sem acompanhamento médico, sendo apontada pelos familiares apenas o sintoma mais evidente.
Abaixo, uma foto antiga do Cemitério Municipal.
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