Publicado na Folha do Norte de 06.10.2015.
Uma vez que o nome da cidade de São Bento do Sul pode estar associado a Bento dos Santos Martins, que morava próximo a capela de São Bento em Piên, primeira menção a este nome na região, talvez seja interessante nos atermos um pouco mais sobre esse personagem. Na verdade, ele não figura em páginas muito edificantes na história da cidade, conforme revela o livro de Carlos Ficker sobre São Bento.
Natural de São José dos Pinhais, e vindo de Piên, Bento dos Santos Martins começa a aparecer em São Bento em 1876, quando o agrimensor Theodor Ochsz o cita entre as roças ilegais que encontrou ao norte da Estrada Dona Francisca. Quando trabalhadores vieram demarcar lotes na região, Bento teria aparecido armado de faca e pistola e intimado a turma a desaparecer de suas terras, ao contrário daria fogo. No mesmo ano Bento foi acusado de danificar matas e capoeiras, derrubar madeiras e botar fogo na roça do colono Wilhelm Rudnick.
Em 1878, quatro famílias de São Bento pediam socorro contra violências praticadas por Bento e seu pessoal que, armados, ocuparam o terreno deles, ameçando-os de morte e querendo expulsá-los de suas moradias. No ano seguinte, foi o próprio Bento quem entrou com um processo contra a Colônia Dona Francisca, após acusar três colonos de derrubarem a cerca e o rancho do seu terreno. Mas houve acordo entre as partes e Bento foi indenizado, além de, ao que parece, ter recebido concessão de terras ainda desocupadas.
Esperava-se que então a paz voltasse a reinar, mas em 1881 houve um novo caso de invasão que envolvia Bento, acusado de invadir com sua numerosa família o terreno de colonos em busca de erva-mate. Frederico Brüstlein, diretor da Colônia, dizia que Bento primeiro fazia erva, depois roça, depois casa e por fim pretendia como suas as terras que invadia. Brüstlein pedia providências ao Presidente da Província, mas não se sabe que fim o caso levou.
Abaixo, um mapa da região de São Bento no ano de 1879.
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