Os pais de João Florido Cavalheiro

João Florido Cavalheiro é um dos meus antepassados – meu pentavô, para ser mais exato. Era casado com Eduvirgens de Pontes Maciel, com quem teve vários filhos, todos batizados e casados na Lapa. Entre eles, minha tetravó Flora Lina Cavalheiro, nascida em 1848, e que se casou com Felippe Soares Fragoso. Da Lapa, Flora e seu esposo chegaram até a região de Fragosos, hoje município de Campo Alegre, onde deixaram descendência.

Muito pouco se sabe, no entanto, sobre o passado de João Florido Cavalheiro. As pesquisas que tenho feito não conseguiram encontrar o registro de seu casamento, que deve ter ocorrido por volta de 1826. Nos livros eclesiásticos da Lapa, não existe tal assento. Os registros de batismo dos filhos de João Florido tampouco apontam sua origem – não dizem se era da Lapa e também não dizem ser de outro lugar (como creio ser mais provável).

Apesar dessas dificuldades, creio ter encontrado algumas pistas de quem eram os seus pais. Em suma, suspeito que tenham sido Florêncio José Leme e Benigna Maria (ou Maria Benigna). Há uma série de razões que me levam a crer nessa hipótese, mas não encontrei ainda o documento definitivo que me aponte com segurança a sua filiação – razão pela qual ainda não é possível sair do campo das hipóteses, por mais prováveis que elas nos pareçam.

De início, sei que existiam algumas famílias com o sobrenome “Lemes Cavalheiro”, ou “Lemos Cavalheiro”, na região de Curitiba – e parece que no Rio Grande do Sul esse sobrenome duplo também aparecia. Elas podem ou não ter relação com os nomes dessa pesquisa. A isso se soma o fato de que, para as famílias portuguesas, nem sempre o sobrenome do pai era o mesmo sobrenome do filho. Por isso, nada impede que um Leme tenha tido como filho um Cavalheiro, conforme eu suspeito.

Não sei dizer de que forma minha suspeita tomou raiz, ou qual coincidência me chamou a atenção primeiro, a ponto de me fazer cogitar a ligação entre esses nomes. De qualquer forma, procurarei enunciar todas as características que pude perceber no decorrer da análise, independente da ordem em que tenham surgido.

Em 1825, a família de Florêncio José Leme aparece pela primeira vez nos maços populacionais da Lapa, morando no fogo 174. Tinha Florêncio 45 anos e sua esposa Maria Benigna 36. Com eles, moravam dois filhos: João, de 16 anos, e Joaquim, de 14 anos. Os escravos Dionísio (28 anos), Anacleto (24 anos) e Domingas (22 anos), além do agregado Firmino (pardo, 14 anos) completam a lista de moradores. Nota-se, portanto, que havia um João entre os filhos de Florêncio. Se eu estiver certo, se tratará, efetivamente, de João Florido Cavalheiro. Evidencia-se, ainda, um certo destaque social dessa família, possuidora de mão-de-obra escrava. Essa constatação será útil mais adiante.

No ano seguinte, 1826, há um novo registro da família de Florêncio nos maços populacionais da Lapa. Só que com uma significativa diferença: nele, não constam mais os filhos. Florêncio José Leme aparece com 46 anos e sua esposa Maria Benigna com 37 anos – ou seja, confirmando a idade apontada no registro do ano anterior. Os escravos e o agregado continuam morando com a família de Florêncio. Mas nem sinal de João e Joaquim, os filhos apontados em 1825.

Disso seria possível concluir que teriam se casado, passando a morar em domicílio próprio. Mas a conclusão não é tão simples assim, por conta da idade apontada para os dois. Ainda que se aceite que João, aos 17 anos, esteja casado, não é muito provável que um Joaquim de 15 anos também o seja – mesmo naquela época. Os registros posteriores me levam a crer que a idade dos dois está equivocada em alguns anos. Mas, por ora, atemo-nos ao fato de que o João que penso ser o João Florido Cavalheiro não estava mais morando com o pai, e que era possível que, nesse intervalo entre um maço populacional e outro, ele tenha se casado.

Lembro ainda que não foram encontrados registros posteriores de algum Joaquim que pudesse ser o filho de Florêncio – razão pela qual não se exclui também a possibilidade de óbito. Nota-se ainda que, confirmada a hipótese de casamento, seria provável que tal família estivesse entre as que foram mencionadas no maço populacional. E, no entanto, João não aparece, nesse ano, nem como filho de Florêncio e nem em domicílio próprio – muito menos Joaquim.

Em 1827, um novo maço populacional atualiza as informações a respeito da família de Florêncio José Leme. Agora, possuíam três escravos a mais. No entanto, os filhos não moravam com eles, a exemplo do que se percebeu no ano anterior. Mas nesse ano encontramos, efetivamente, o domicílio de João Florido Cavalheiro – seja filho do Florêncio ou não. Estava com 22 anos, e sua esposa Eduvirgens com 17. Já possuíam um filho, chamado José, que contava com 1 ano. E eram proprietários da escrava Felippa.

Ou seja, nota-se que um João aparece como filho de Florêncio em 1825, desaparece em 1826, e um João Florido Cavalheiro aparece repentinamente em 1827 – e morando em domicílios próximos: enquanto Florêncio e sua esposa moravam no fogo 80, João Florido morava no fogo 71.

Comparando-se as idades declaradas, no entanto, surgem algumas contradições. Tendo João Florido Cavalheiro 22 anos em 1827, teria 20 dois anos antes. E já se observou que a idade declarada para o filho de Florêncio na época foi de 16. Sabe-se que a questão das idades em maços populacionais é muito controversa, e são bastante freqüentes os equívocos a esse respeito. Ainda que a diferença pareça alta entre um e outro registro (4 anos), é preciso considerar a possibilidade de ter havido erro em algum deles. De qualquer forma, ainda que o maço populacional nos forneça o domicílio de João Florido, não é possível concluir daí que se trata do mesmo filho de Florêncio que desapareceu da sua residência.

Chama a atenção, ainda, o fato de João Florido e sua esposa Eduvirgens já contarem, naquele ano de 1827, com um filho de 1 ano – a aceitar a idade como próxima da realidade, ele teria nascido no ano anterior, o mesmo em que um João deixou de aparecer no domicílio de Florêncio.

Percebe-se também que, se a família de Florêncio José Leme era mais ou menos abastada, a ponto de possuir mão-de-obra escrava (e nesse ano, os escravos eram seis), a família de João Florido Cavalheiro também dispunha desse tipo de serviço – embora representado por apenas uma escrava.

O próximo ano apontado pelo maço populacional é o de 1829 – dois anos depois, portanto. Voltamos a encontrar os domicílios de Florêncio e de João Florido. Dessa vez, mais pertos do que antes: um ao lado do outro, sugerindo uma ligação que, se não era sangüínea como a cremos, ao menos era de relações cotidianas. Ambas as residências não sofreram grandes alterações, apenas mais uma agregada, chamada Anna, de 8 anos, passou a morar no domicílio de Florêncio José Leme.  João Florido ainda não aparece com outros filhos além de José. A sua idade, nesse ano, aparece como sendo de 24 anos – portanto, corroborando o maço de 1827. As informações e idades são mantidas no registro seguinte, de 1830 – o que leva a crer que, se de fato há equívoco nas idades apontadas, ele se dará no registro em que o João, filho de Florêncio, aparece com 16 anos. Se não há equívoco nesse ponto, trata-se de pessoas diferentes, e, portanto, a hipótese não se confirma. 

Das informações dos maços populacionais, passamos para outras, presentes nos livros da Igreja de Santo Antônio da Lapa. Não encontramos o registro de batismo de José, filho de João Florido Cavalheiro, assim como não encontramos, como dito, o seu registro de casamento com Eduvirgens de Pontes Maciel – de quem, portanto, também desconhecemos os pais. Há, portanto, a possibilidade de João Florido ter se casado em outro lugar, e batizado o filho nesse mesmo lugar desconhecido, para só então passar a morar na Lapa e figurar nos maços populacionais. Isso explicaria a ausência de registros, mas não o desaparecimento de um João entre os filhos de Florêncio.

Se não achamos o registro de batismo de José, achamos de seus irmãos e irmãs. O primeiro que encontramos é bem significativo. Em 15/11/1829 foi batizada Benigna, filha de João Florido Cavalheiro e Eduvirgens Maria, tendo como padrinhos Joaquim Pacheco da Silva e Rozanna Maria da Silva. Sabemos que era Benigna o nome da esposa de Florêncio José Leme. Naturalmente, a simples escolha de um nome para uma filha não significa uma relação de parentesco – por mais que o nome Benigna não estivesse, nem de longe, entre os mais comuns da época. De modo que, tendo parentesco ou não com a Benigna esposa de Florêncio, é possível que fosse a ela que estivessem homenageando – considerando-se ainda, nesse ponto, que as duas famílias moravam, naquele ano, uma ao lado da outra, como visto.

Dois anos depois, em 02/10/1831, foi batizada Rita, filha de João Florido Cavalheiro e Eduvirgens de Pontes. Foram padrinhos Florêncio José Leme e Joaquim Roberto. A presença de Florêncio nesse registro mostra que a relação entre as duas famílias era maior do que a simples vizinhança.

Rita, ao crescer, era conhecida como Rita Florida Cavalheiro, em alusão ao nome do pai. Em 23/06/1857, ela se casou com João Mariano Duarte. Dessa relacionamento, nasceu, entre outros, um filho que levou o nome de Florêncio Duarte Cavalheiro. Nesse ponto, não era João Florido que estava homenageando alguém próximo do seu círculo de relações, como é possível alegar no caso da filha Benigna. Era outra filha sua, e que provavelmente não iria se dispor a homenagear alguém apenas por ser conhecido de seu pai – a menos que houvesse profundas ligações entre essas famílias. Seria natural, no entanto, chamar um filho de Florêncio se este fosse o nome de um avô seu – a homenagem se justificaria. Ainda não há como sair, no entanto, do campo das hipóteses.  

Mas elas se tornam mais robustas quando percebemos que, em 29/07/1837, foi batizada outra filha de João Florido Cavalheiro e Eduvirgens de Pontes Maciel, chamada novamente de Benigna. Supõe-se que a primeira tenha falecido pequena. Nada exclui a possibilidade dos pais gostarem muito desse nome, a ponto de repeti-lo para uma nova filha que tiveram. Mas o fato é que, fosse filho ou não, João Florido Cavalheiro conhecia uma Benigna – e é difícil, nesse ponto, não acreditar na possibilidade de homenagem (caso isso seja verdadeiro, haveria ainda uma grande necessidade de homenagear, já que o nome foi dado para uma nova criança).

A hipótese ganha mais força ainda em 28/05/1842. Nesse dia, foi batizada na Lapa outra filha de João Florido e sua esposa, e que recebeu o nome, vejam vocês, de Benigna. Como se não bastasse uma terceira criança ter recebido o mesmo nome, os padrinhos desse batizado são Florêncio José Leme e Benigna Maria, praticamente comprovando a homenagem – mas ainda não o parentesco, obrigando-nos a nos conter nas conclusões.

Cremos que as duas primeiras Benignas realmente faleceram pequenas. Em idade adulta, encontramos apenas uma Benigna Cavalheiro, casada com João Paulo de Santana Nunes em 15/11/1874, também na Lapa. De modo que acabaram por aí os batizados de Benignas. A insistência de João Florido Cavalheiro e sua esposa na escolha desse nome sugere uma ligação entre sua família e a de Florêncio José Leme muito maior do que a de simples conhecidos – mas também não chega a dar certeza absoluta de nada.

De qualquer forma, é muito difícil se controlar para não dar como certa a filiação quando se percebe ainda que essa Benigna Cavalheiro que sobreviveu teve com seu marido uma filha, batizada na Lapa em 20/12/1881, e que recebeu o nome de… Florência. Se a hipótese não se confirmar, irei crer imensamente na capacidade do acaso em brincar com os genealogistas.

João Florido Cavalheiro e Eduvirgens de Pontes Maciel tiveram ainda um filho chamado João, o nome do pai. E a próxima a nascer foi minha ancestral que, ao contrário do que se poderia esperar, não levou o nome de Benigna. Flora Lina Cavalheiro nasceu em 17/10/1848. Nota-se ainda a insistência por nomes que possuem o mesmo radical: Florêncio, Florido e Flora. Se não for o bastante, ainda digo que a escrava Felippa, de propriedade de João Florido, teve um filho que levou o nome de Appolinário Floriano.

Caso não tenha me esquecido de nenhuma, essas são as evidências que (se me permitem o eufemismo) me fizeram suspeitar de Florêncio José Leme e Benigna Maria como pais de João Florido Cavalheiro. Benigna faleceu em 27/08/1843, com 45 anos, segundo o padre que fez o seu assento de óbito. E, segundo ele, não deixou testamento. O óbito de Florêncio não foi encontrado. O próximo passo será verificar se, por ventura, ele não chegou a deixar testamento. Caso eu encontre esse precioso documento, provavelmente as dúvidas se dissiparão. A menos que, ao falar da filiação, conste apenas algo como “filho João, casado”. Mas acho que o acaso não seria tão brincalhão assim.

Presente nos 155 Anos do Nascimento de Amalie Preussler

Minha trisavó Amalie Preussler nasceu em 12.10.1853, na aldeia de Grafendorf, na Boêmia. A lembrança dos 155 anos dessa data, comemorados hoje, é ainda mais especial. Na semana passada, uma correspondência via email com o pesquisador Bruno Reckziegel fez com que eu descobrisse toda a genealogia de Amalie – em alguns ramos, chegando a 9 gerações.

Amalie era filha de Bernard Preussler e Anna Jaeger – nomes que eu já tinha. Era neta paterna de Ferdinand Preussler e Elisabeth Staffen, e neta materna Augustin Jäger e Anna Maria Ehrentraud. São esses apenas os primeiros nomes de todos os que Reckziegel me passou, e que me garantiram o meu ramo alemão mais antigo até o momento, chegando até por volta de 1590.

No Brasil, Amalie se casou com Johann Rössler, que havia imigrado ao Brasil em 1876, no mesmo navio que ela. Amalie Preussler é a matriarca de todos os Roesler de São Bento do Sul e região.

Centenário do Casamento de Frederico Fendrich e Anna Roesler

Há exatos 100 anos, no dia 23.09.1908, uniam-se em matrimônio na cidade de São Bento do Sul meus bisavós Frederico Fendrich, o filho, de 27 anos, e Anna Roesler, de 17. Do feliz consórcio nasceram 14 filhos, sendo que três faleceram pequenos. São os pais do meu avô Herbert Alfredo Fendrich.

Na ocasião desse casamento, tanto Frederico Fendrich quanto Anna Roesler não puderam contar com a presença dos pais, falecidos alguns anos antes. Assinaram como testemunhas desse casamento Carlos Zipperer e João Hoffmann.

Lino Rodrigues de Almeida

 

A “Legalidade”, jornal do Dr. Philipp Maria Wolf, noticiava em 08 de julho de 1897 que Lino Rodrigues de Almeida tomou posse como vereador em São Bento do Sul. Era ele filho de Antônio Rodrigues de Almeida e Joana Maria Soares, neto paterno de meus pentavós Joaquim Rodrigues de Almeida e Maria Calisto, e neto materno de meus também pentavós Manoel Soares Fragoso e Marciana Maria de Marafigo.

Lino foi casado em Rio Negro a 28.07.1881 com sua prima Angelina Fragoso Cavalheiro, filha de meus tetravós Felippe Soares Fragoso e Flora Lina Cavalheira, neta paterna dos citados Manoel Soares Fragoso e Marciana Maria de Marafigo, e neto materno de João Florido Cavalheiro e Eduvirgens de Pontes Maciel – casal este que cremos ser de origem abastada, pois dispunha de mão-de-obra escrava na Lapa.

100 Anos do Açougue Fendrich

Ontem, dia 15 de agosto, comemorou-se 100 anos da inauguração do Açougue Fendrich. O empreendimento foi criado por José Fendrich, filho de Friedrich Fendrich, o professor e sapateiro, e sua esposa Catharina Zipperer.

Ao contrário do pai e de seus irmãos Frederico e Francisco, José Fendrich não se dedicou à sapataria. Aprendeu em Curitiba o ofício de açougueiro, no Açougue Garmatter, de propriedade de Reinhold Garmatter, que se localizava na rua José Bonifácio, hoje um calçadão ao lado da Catedral Metropolitana. Quando voltou para São Bento do Sul, já casado com Anna Pfeiffer, montou seu próprio açougue. Em 15/08/1908, o jornal “Der Volskbote” publicou o seguinte anúncio, traduzido conforme o livro “São Bento na Memória das Gerações”, de Alexandre Pfeiffer:

“ABERTURA DE NEGÓCIO

Comunico ao distindo público de São Bento e adjacências que acabo de inaugurar nesta Vila, na antiga casa “Becker”, na rua Gültzow, um

AÇOUGUE

Vendendo às terças-feiras e aos sábados, CARNE DE GADO e, às sextas-feiras, CARNE DE SUÍNOS.
Mantenho também uma primorosa

FRIAMBERIA,

Recomendando às esclarecidas e dedicadas donas-de-casa, especialidades como: salame rosa, salame “cervelat”, chouriço, morcília, lingüiça prensada, presunto, finas carnes defumadas, toucinho defumado, etc.

Todos os sábados, à tardinha, salsichas de Viena fresquinhas!

Benevolente afluência pede
José Fendrich”

O açougue é localizado até hoje na atual Rua Felipe Schmidt. Com o falecimento de José em 20.11.1940, o comando passou aos seus descendentes, como Bento Carlos Fendrich e João Fendrich. Esse último faleceu em 2004, passando o açougue a ser cuidado pelos seus filhos. O seu irmão Bento faleceu em um assalto ao açougue, exatamente no dia em que comemorava 50 anos, em 1981.

1 Ano do Falecimento de Herbert Alfredo Fendrich

Nesse 30 de julho, faz um ano que faleceu meu avô Herbert Alfredo Fendrich, casado com Dóris Izolda Giese, e filho de Frederico Fendrich Filho e Anna Roesler, neto paterno de Friedrich Fendrich e Catharina Zipperer, e neto materno de Johann Rössler e Amália Preussler.

Era uma pessoa que vivia música, tendo tocado em várias bandas tradicionais germânicas, além de cantar em diversos corais. Merece destaque a sua participação na Banda Treml, que foi de 35 anos, os quais foram cuidadosamente registrados em cadernos de anotações, semelhantes a um “diário” da banda.

Seleciono dois trechos escritos na década de 50 que julgo representativos da dedicação que meu avô tinha em relação a música e aos seus companheiros. É certamente uma das facetas mais marcantes de seu caráter.

“Por motivo de chuvas, eu não fui aos ensaios nas últimas duas semanas. Hoje, 14-9-58, realiza-se novamente a festa dos Atiradores em São Bento. Mas infelizmente, está chovendo outra vez, e eu, por assim dizer, obrigado a ficar chocando aqui. De certo que com chuva mesmo eles se divertem. É sempre para mim um dia enjoado sabendo que a banda está tocando em alguma festa e eu não posso ir.”

O trecho mostra a importância dos eventos em que tocava com seus amigos, e na cidade em que nascera e que amava. Herbert morava na época em Campinas dos Crispim, uma localidade de Piên, e nem sempre podia se deslocar até São Bento para acompanhar os ensaios e apresentações da Banda Treml. Muitas vezes, quando o tempo permitia, ia de bicicleta. Outra tantas, ia de ônibus – o que não podia acontecer sempre, já que as passagens não eram das mais baratas para ele. E em casos como esse citado, em que chovia e nem o ônibus era capaz de chegar até a sua casa e levá-lo para São Bento, Herbert certamente passava o dia amuado e tristonho.

O outro trecho, embora descrito rapidamente por ele, é de uma beleza imensa se prestarmos mais atenção no que ele realmente significa.

No dia 8-5 o Xerife me mandou diversas folhas de músicas para copiar, porque, para nossos instrumentos, só veio uma folha de cada peça, e é muito ruim ler as notas em três por folha. Aproveito assim as noites, com lampião, para este serviço.”

Tentem evocar essa imagem de meados de 1958: um jovem de 28 anos, sob a luz do lampião, se propõe a passar as noites transcrevendo as músicas que a banda irá tocar, a fim de que todos tenham a sua própria folha, facilitando o trabalho de todos.

É de uma beleza poética estupenda, que só vem ressaltar a generosidade e dedicação que tanto pareciam dirigir suas atitudes, e que convém destacar sempre, especialmente no dia de hoje.

Família Mühlbauer

(quem tiver correções ou acréscimos, deixe seu email nos comentários)

Foram duas as famílias Mühlbauer que vieram para São Bento com grande descendência, sendo que houve ainda algumas famílias menores. Uma dessas grandes famílias era da Bavária e a outra da Boêmia, mais precisamente de Flecken, aldeia natal de tantas outras famílias que para cá vieram. Começamos com os Mühlbauer bávaros:

1. Mathias Mühlbauer, que casou com Klara, eram proprietários em Schwarzenberg, e foram pais do imigrante:

1.1 Anton Mühlbauer, sobre o qual não foi encontrado registro de batismo nos arquivos de Eschelkam, na Bavária, sendo portanto a sua origem um mistério, devendo ser natural de outra paróquia. Conforme o registro de navio que temos através do livro de Böbel, era pedreiro e nasceu por volta de 1834. Com a família, imigrou para o Brasil em 1877 a bordo do Navio Rio. Casou-se em Eschelkam no dia 03.10.1868 com Barbara Pfeffer, a qual nasceu em 09.12.1838 às 11h e foi batizada no mesmo dia, tendo por madrinha Barbara, que morava em Kleinagn, e que segundo nos foi possível apurar com a ajuda de pesquisadores bávaros, era fª de Georg Pfeffer e Anna Singer, neta de Josef Pfeffer e Anna Hastreiter, bisneta de Josef Pfeffer e Anna Maria Laurer, trineta de Peter Pfeffer e Margareth Hauser, a qual era fª de Georg e Barbara Hauser, tetraneta de Wolgang e Walburga Pfeffer, pentaneta de Andreas e Anna Pfeffer, e cremos ainda hexaneta de outro Andreas Pfeffer. Pelos registros de batismos dos filhos, sabe-se que Anton estava em 1859 em Schwarzenberg, 1869 em Kleinagn, 1872 em Grossaign e 1873 em Ritzenried. Em 1877 estava em São Bento, onde faleceu em 02.11.1911. Pais de:

1.1.1 Theresia Mühlbauer, que nasceu antes dos pais se casarem, no dia 01.11.1859 em Eschelkam, sendo batizada no dia seguinte, tendo por madrinha Theresia Schwarz, solteira e proprietária em Kleinagn. Imigrando para o Brasil, casou-se em São Bento do Sul no dia 20.09.1881 com Anton Fürst, filho natural de Anna Fürst, natural de Hammern, na Boêmia. Theresia faleceu em 27.03.1939, aos 79 anos. O casal morava na Estrada das Neves e teve ao menos:

1.1.1.1 Bárbara Fürst, nascida em 10.02.1883 e batizada em 09.04.1883, sendo padrinhos José Linzmayer e Bárbara Linzmeyer. Teve:

1.1.1.1.1 Maria, que faleceu com 1 ano e 10 meses no dia 25.10.1910.

1.1.1.2 José Fürst, nascido em 04.04.1884 e batizado no dia 20.04.1884, tendo como padrinhos José Linzmeyer e sua esposa Bárbara Linzmeyer.

1.1.2 Philipp Mühlbauer, nascido em Kleinagn e batizado em Eschelkam. Não foi encontrado seu registro de batismo, mas provavelmente também nasceu antes do casamento de seus pais. Casou-se em São Bento do Sul aos 24 anos no dia 19.10.1889 com Rosalia Kellnner, nascida em “Seigenhof”, e batizada em Eschelkam, filha de Josef Kellner e Barbara Kerscher, por essa neta de Wolfang Kerscher e Barbara Seltner. Como testemunhas, serviram Gaspar Liebl e Ignatz Fischer. Lá por volta de 1900, Phillip pegou tifo e sua situação era preocupante, restando pouca chance de salvação. No entanto, a sua esposa e filhos passaram a orar muito para Deus a fim de que Philippe pudesse sair dessa com vida. Mostrando grande fé, prometeram que caso ele se recuperasse, construiriam uma capela para louvar a Deus. Aos poucos, Philipp foi melhorando. Algum tempo depois, ele conseguiu voltar a trabalhar. Cumprindo a promessa, a família construiu a Capela, que foi inaugurada em 1902 e atendeu a muitos dos moradores da redondeza. Como patrono da igrejinha, a população achou por bem colocar “São Felipe”, pois fora o Philipp Muehlbauer que motivou e liderou a construção da Capela em Banhados I, na atural Rua Conrado Liebl. Philipp faleceu no dia 02.11.1926, com 63 anos. Pais de:

1.1.2.1 João Mühlbauer, casado em São Bento do Sul no dia 15.05.1916 com Margarida Müller, filha de Carlos e Mathilde Müller, com quem teve ao menos:

1.1.2.1.1 João Mühlbauer, casado.
1.1.2.1.2 Ervino Mühlbauer, casado com Renata.
1.1.2.1.3 Ewaldo Mühlbauer, casado com Maria.
1.1.2.1.4 Carlos Mühlbauer, que ainda vive em 2008.
1.1.2.1.5 Willy Mühlbauer
1.1.2.1.6 Maria Mühlbauer, casada com Erico Bail.
1.1.2.1.7 Elly Mühlbauer, casada com Erhardt Weiss.
1.1.2.1.8 Regina Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.9 Odete Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.10 Iracema Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.11 Cristina Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.12 Frida Mühlbauer, casada com Erhardt Pauli.

1.1.2.2 Felipe Mühlbauer, que se tornou padre.
1.1.2.3 Francisco Mühlbauer
1.1.2.4 José Mühlbauer, casado com Francisca, e pais de:

1.1.2.4.1 Leonardo Mühlbauer, casado com Wally.

1.1.3 Franziska Mühlbauer, nascida em Kleinagn e batizada Eschelkam no dia 06.05.1868, tendo por madrinha Katharina Pfeffer. Casou-se em São Bento do Sul no dia 23.06.1888 com Johann Augustin, nascido e batizado em Santa Katharina, na Boêmia, e que contava com 26 anos na ocasião, filho de outro Johann Augustin e Theresia Altmann. Pais de ao menos:

1.1.3.1 João Augustin, falecido no dia 21.06.1947, com 53 anos. Casou-se com Francisca Liebl.
1.1.3.2 Carlos Augustin, que faleceu com 5 dias em 11.12.1902, sendo sepultado na sede de São Bento do Sul.
1.1.3.3 Antônio Augustin, que faleceu com 6,5 anos no dia 06.02.1914, na Estrada das Neves.

1.1.4 Ludwig Mühlbauer, que teria nascido em 23.07.1869, às 19h30, e batizado no dia seguinte, tendo por padrinho Ludwig, solteiro, morador de Kleinagn. Como não imigrou, supõe-se que tenha falecido pequeno.

1.1.5 Katharina Mühlbauer, nascida em 14.06.1870 às 19h30 e batizada em seguida, sendo madrinha Katharina Vogl, moradora de Kleinagn. Casou-se aos 22 anos no dia 09.01.1892 com Franz Hannusch, natural de Osseg, na Boêmia, filho de Wenzel Hannusch e Anna Trojan, por essa neto de Anton Trojan e Elisabeth Tausch. Serviram de testemunhas Anton Fürst e Philippe Mühlbauer. Franz faleceu no dia 15.07.1921, aos 55 anos, vítima de influenza. Tiveram ao menos:

1.1.5.1 Francisco Hannusch, nascido em 09.07.1896 e batizado em Bechelbron no dia 26.07.1896, sendo madrinha Barbara Mühlbauer.
1.1.5.2 João Hannusch Sobrinho.
1.1.5.3 Rosália Hannusch, que faleceu com 2 meses no dia 19.12.1905, em Mato Preto, sendo sepultada na sede de São Bento do Sul.

1.1.6 Barbara Mühlbauer, nascida em 29.09.1872 às 16h30, tendo por madrinha Magdalena. Faleceu em Fragosos, onde está sepultada, nno dia 02.07.1943. Se casou no dia 21.12.1895 com Johann Hannusch, filho de Wenzel Hannusch e Anna Trojan, por essa neto de Anton Trojan e Elisabeth Tausch. Como testemunhas, assinaram Anton Fürst e Philipp Mühlbauer. Tiveram ao menos:

1.1.6.1 Francisco Hannusch, batizado na Capela de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, em Lençol, no dia 15.03.1896, tendo como padrinhos seus tios Franz Hannusch e Catharina Mühlbauer.
1.1.6.2 João Hannusch Filho, que nasceu no dia 26.04.1898 e falecido em 22.07.1983, solteiro. Sepultado em Fragosos.
1.1.5.3 Catharina Hannusch, nascida em 26.02.1900 e falecida em 20.11.1982, sendo sepultada em Fragosos. Casou-se com Antônio Basílio da Rocha, e teve:

1.1.6.3.1 Alzira da Rocha
1.1.6.3.2 Lucila da Rocha
1.1.6.3.3 Olinda da Rocha

1.1.6.4 André Hannusch, casado com Sebastiana, e pais de:

1.1.6.4.1 Darci Hannusch

1.1.6.5 Luiz Hannusch, casado com Eloína, com quem teve:

1.1.6.5.1 Jovino Hannusch

1.1.6.6 um filho que faleceu com 5 anos em 1910.
1.1.6.7 Rozina Hannusch, nascida no dia 07.01.1909 e falecida em Fragosos no dia 16.04.1980, sendo sepultada no Cemitério de Fragosos. Casou-se com Luiz Thomé Fragoso, descendente da tradicional família que primeiro ocupou aquela região, filho de Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro, neto paterno de Generoso Fragoso de Oliveira e Leopoldina Maria de Almeida, e neto materno de Felippe Soares Fragoso e Flora Lina Cavalheira. Pais de:

1.1.6.7.1 Cristina Fragoso, casada com Narciso Ferreira da Silva.
1.1.6.7.2 Adelina Fragoso, casada com Livarte Cordeiro de Meira.
1.1.6.7.3 Carlos Fragoso, casado com Maria Diva Gonçalves.
1.1.6.7.4 Bernardo Fragoso, casado com Benedita de Mello.
1.1.6.7.5 Otília Fragoso, nascida em Fragosos no dia 31.07.1943, casado com Luiz da Silva, nascido em Piên no dia 04.01.1928 e falecido em Fragosos no dia 05.09.2007.

1.1.6.8 Lina Hannusch, falecida com 2 anos no dia 11.08.1914.

1.1.7 Georg Mühlbauer, nascido em 05.12.1873 às 23h e batizado no dia seguinte, tendo como padrinho Georg Rank, proprietário. Faleceu em São Bento do Sul no dia 19.11.1949, aos 75 anos.

Família Giese – Atualizado

Quem tiver correções, ou mais informações, por favor entre em contato. Não se esqueçam de se identificar nos comentários, passando o email de contato.

A história da Família Giese na região de São Bento do Sul começa com a vinda de de Johann Karl Giese e Emilie Wegner para o Brasil, a bordo do navio Henry Knight em 1872. Vieram de Regenwald, na Pomerânia, hoje parte da Polônia, chegando na cidade de Joinville com seus quatro filhos:

1.1 Minna Giese, nascida por volta de 1851.

1.2 August Giese, nascido por volta de 1854.

1.3 Emilie Giese, nascida por volta de 1857.

1.4 Karl Giese, nascido em 30.05.1859, casou-se em 25.10.1891 na Igreja Protestante de São Bento do Sul com Ida Bertha Labenz, nascida em 03.11.1874 (segundo o registro de casamento, 06.11.1874), filha de Friedrich Labenz e Wilhelmine Witt, família que imigrou ao Brasil em 1877 a bordo do navio Bahia, vindo de Eichstedt, na Prússia, hoje também pertecente à Polônia. Nesse assento consta que Carl morava em São Paulo e que a família Labenz morava na Estrada Bismarck. Carl Giese faleceu em 24.06.1924, sendo sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul. Sua esposa Ida Bertha Labenz faleceu em 03.10.1934. Tiveram:

1.4.1 Luiza Giese, nascida em São Bento do Sul a 17.11.1892 e falecida a 12.09.1918. Casou-se com Carlos Blödorn, nascido em 05.10.1884 e falecido em 25.07.1956.

1.4.2 Adolfo Giese, nascido em São Bento do Sul a 06.01.1895 e falecido a 06.12.1977. Casou-se com Martha Zoellner, nascida em 22.08.1894 e falecida em 28.03.1972. O casal morava na localidade de Fragosos, pertencente a Campo Alegre, e lá deixaram grande descendência. Descansam no Cemitério local. Tiveram:

1.4.2.1 Afonso Giese, nascido por volta de 1923 e falecido em agosto de 2005, casado com Margarida. Pais de: Odete Giese, Salete Giese, Margarete Giese, Alcione Giese, Anselmo Giese, Marcelo Giese, Rubens Giese, Elizete Giese, Dori Giese, Arlete Giese, Airton Giese, Charles Giese.

1.4.2.2 Irene Giese, casada com Pedro Cavalheiro Neto, falecido em 13.08.2005, com quem teve: Alda Cavalheiro.

1.4.3 Rodolfo Giese, nascido em São Bento do Sul a 13.09.1897 e falecido a 07.03.1965, sepultado no Cemitério Municipal. Casou-se em 27.08.1921 com Catharina Bail, nascida São Bento do Sul a 03.05.1896 e falecida a 30.11.1974, filha de Benedicto Bail e Catharina Brandl, neta pelo lado paterno de Maria Bail e pelo lado materno de Josef Brandl e Anna Schweinfurter, imigrantes de Eisenstrasse, na Boêmia, que chegaram ao Brasil em 1874 a bordo do Navio Shakespeare. Rodolfo morava com sua família em Campina dos Crispim, no Município de Piên. Foi comerciante e sapateiro. Rodolfo e Catharina tiveram:

1.4.3.1 Ermelino Carlos Giese, casado com Dorita Maria Treml. Pais de:

1.4.3.1.1 Carlos Séris Giese, casado com Janete Teresinha Wolff. Tiveram: Ellen Cristine Giese, Carlos Henrique Giese.

1.4.3.1.2 Sérgio Giese, casado com Dóris Eugênia Welter, com quem teve:

1.4.3.1.2.1 Christopher Giese, casado com Vanessa Cristina Vidal. Pais de Berkeley.

1.4.3.1.2.2 Soraya Giese

1.4.3.1.2.3 Diogo Giese

1.4.3.1.2.4 Christiane Giese

1.4.3.2 Laurindo Vitorino Giese, casado com Anita Spitzner. Pais de ao menos:

1.4.3.2.1 Zilda Giese, nascida por volta de 1949 e falecida em 23.06.2005 em Curitiba. Casou-se com Salvador de Souza.

1.4.3.3 Alcides Paulo Giese, casado com Elvira Weiss. Pais de:

1.4.3.3.1 Elimar Giese, o “Tico”, casado com Glaci de Lima. Faleceu no dia 10.02.2008, em casa.

1.4.3.3.2 Ademir Giese

1.4.3.4 Dóris Isolda Giese, nascida em 23.08.1931 em Piên, casada em São Bento do Sul a 06.10.1951 com Herbert Alfredo Fendrich, nascido em 05.04.1930 e falecido em 30.07.2007, filho de Frederico Fendrich Filho e Anna Roesler, neto paterno de Friedrich Fendrich e Catharina Zipperer e materno de Johann Rössler e Amália Preussler.

1.4.4 Paulo Giese, nascido em 06.10.1900 e falecido em 02.08.1975, sendo sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, lado protestante. Casou-se com Anna Mühlbauer, nascida em 24.05.1904 e falecida em 13.11.1992, e com quem teve:

1.4.4.1 Alfredo Raymundo Giese, casado com Melanie Hoffmann. Tiveram: Dolores Giese, Lucinda Giese, Líria Giese, Renato Antônio Giese, Dorly Giese, Ingelore Ana Giese, Neusa Maria Giese, Raymundo Paulo Giese, Janete Teresinha Giese, Lianda Inês Giese, Rogério Luís Giese, Marcelo Rui Giese.

1.4.4.2 Olinda Giese, casada com Afonso Hoffmann.

1.4.4.3 Milda Giese, casada com Afonso Maria Weihermann. Pais de: Luiz Carlos Weihermann, Renate Marli Weihermann, Aroldo Weihermann, Dario Weihermann, Vera Lúcia Weihermann, Jony Weihermann.

1.4.4.4 Aloísio Giese, falecido em 02/02/2006, casado com Anita Iris Tschá. Tiveram os seguintes filhos, a maioria morador de Ampére:

1.4.4.4.1 Stela Maris Giese, casada com Luiz Krindges. Pais de Tathiana, Pedro Paulo e Mariana.

1.4.4.4.2 Solange Maria Giese, casada com Oswaldo Hofmann. Pais de: Barbara e Gregório

1.4.4.4.3 Jacson Luiz Giese, morador de Curiiba, casado com Do Hee Kim. Sem geração.

1.4.4.4.4 Edson Carlos Giese, casado com Zuleika Crisina Antonello. Pais de: Marcos Felipe, Giulia e Joana Laura.

1.4.4.5 Adelina Giese, casada com Aloís Maros, com quem teve: Sueli Maros, Eliane Maros, Elisa Maros, Cristiane Maros.

1.4.5 Ernesto Giese, nascido em 27.04.1903 e falecido em 19.04.1980. Casou-se com Francisca Hinz, nascida em 28.09.1905 e falecida em 24.05.1980. Pais de:

1.4.5.1 Isolde Giese, casada com Davi.

1.4.5.2 Reinaldo Giese, casado com Líria.

1.4.5.3 Norma Giese, casado com Jeremias.

1.4.5.4 Erico Giese, casado com Adelina.

1.4.5.5 Teolindo Giese, casado com Cecília.

1.4.5.6 Vanilda Giese, falecida em Curitiba a 15.10.2005, casado com Antônio Seidel.

1.4.5.7 Leopoldo Giese, casado com Alice.

1.4.5.8 Lauro Giese

1.4.5.9 Ervino Giese

1.4.5.10 Waldemar Giese, casado com Cidália.

1.4.6 Frederico Guilherme Giese, nascido em 30.04.1906 e falecido em Piên a 24.04.1968. Casou-se com Maria Bechler, nascida em 14.07.1912 e falecida em 19.05.1978. Frederico foi o primeiro prefeito de Piên, no começo da década de 60. Ganhou em sua homenagem o nome da principal escola daquela cidade.

1.4.7 Ewaldo Giese, que faleceu com 1 ano às 15h de 26.12.1916, vítima de diarréia.

63. Barbara Pfeffer (1838-)

Minha tetravó Barbara Pfeffer nasceu em Kleinagn, na Bavária, às 11h do dia 09.12.1838, filha de Georg Pfeffer e Anna Singer, sendo madrinha uma Magdalena. Casou-se em 03.10.1868 com Anton Mühlbauer, com quem imigrou ao Brasil em 1877 e com quem teve os seguintes filhos: Theresia Mühlbauer, casada com Anton Fürst; Philipp Mühlbauer, casado com Rosalia Kellner; Franziska Mühlbauer, casada com Johann Augustin; Ludwig Mühlbauer, que não aparece na lista de passageiros, mas cujo registro de batismo foi encontrado na Bavária; Catharina Mühlbauer, casada com Franz Hannusch; e minha trisavó Barbara Mühlbauer, casada com Johann Hannusch. Como se vê pela foto ao lado, Barbara faleceu com avançada idade, mas ainda não sabemos precisar em que ano. Cremos que foi depois de 1920.

A Sociedade Auxiliadora Austro-húngara

Seguindo a tradição de se criar “sociedades culturais, recreativas e beneficentes” em colônias alemãs (FICKER 1973), São Bento do Sul também teve as suas. Já em 1881 existia a Sociedade Literária, que perdura até os nossos dias. Outra que resiste é a Sociedade dos Atiradores, criada em 1895. E os velhos boêmios, que imigraram ao Brasil na década de 1870, também decidiram criar a sua Sociedade Auxiliadora. Verdade é que uma das motivações para essa criação foi o ciúme que tinham da Sociedade dos Soldados Veteranos, como Josef Zipperer (1954) não fez nenhuma questão de esconder. Essa outra agremiação reunia alemães ex-combatentes de batalhas, como “as guerras de 1864-1866” e a “grande guerra contra a França”, em 1870 e 1871 (Idem). Cheio de condecorações estampadas no peito, era com grande galhardia que os membros desfilavam pelas ruas de São Bento no dia 02 de setembro, quando lembravam a batalha de Sedan, na guerra de 1870.

Os boêmios, embora mais rústicos, também tinham os seus ex-combatentes. Havia alguns que lutaram nas guerras na Dinamarca, contra os Prussianos, em Sadwa, e mesmo na Itália. Não poderiam, naturalmente, fazer parte da outra sociedade, já que lá estavam apenas os alemães prussianos, que há pouco tempo ainda estavam em guerra contra os austríacos. Quiserem então fazer uma sociedade á parte, e criaram a Sociedade Auxiliadora Austro-húngara.

Ao que parece, não existem muitos registros sobre essa sociedade – já teriam sido encontrados se houvessem. De modo que sabemos muito pouco sobre ela, além dos relatos de Zipperer. Sabemos por dedução que sua criação se deu entre os anos de 1895 e 1898. Primeiro, porque Zipperer diz que quando da criação da Sociedade, já existia o grupo dos Atiradores, e ele foi criado em 1895. Segundo, porque o mesmo autor cita um episódio dessa Sociedade que aconteceu em 1898. Quanto à duração, tampouco nos é possível precisar, mas sabemos pelas atas da Sociedade de Cantores que ainda existia em meados de 1906.

Meu trisavô Friedrich Fendrich foi presidente da Sociedade. Não se sabe durante qual período, ou se houveram outros. A Sociedade tinha uma bandeira que misturava o verde-amarelo do Brasil com o amarelo-preto da dinastia dos Habsburgos, que por séculos governaram a Áustria, e ainda governavam quando da criação da Sociedade.

A grande festa dessa associação era no dia 18 de agosto. Portando, apenas alguns dias antes da festa prussiana. Nesse dia se comemorava o aniversário de Francisco José, o imperador austríaco. Como os prussianos, agora os boêmios também poderiam desfilar nas vias púlicas. Aqueles que eram ex-combatentes poderiam, igualmente, exibir orgulhosamente as suas condecorações.

Zipperer descreve uma dessas festividades, falando que antes do desfile, membros e familiares assistiam a uma missa. Os festejos começavam em seguida, animados por bandas que tocavam canções da Boêmia, terra de todos eles. Terminavam o dia na cervejaria de Johann Hoffmann, que era o secretário da Sociedade.

A sede da sociedade era o salão de Josef Zipperer. Nas comemorações do ano de 1898, houve então um baile nesse salão. Ele nunca havia ficado tão cheio, com os membros e suas famílias, que “na maioria eram simples lavradores” (ZIPPERER 1954). Os dançarinos tiveram que ficar separados em grupos. Por essas dificuldades, a sociedade decidiu trocar de salão, e optou pelo salão de Hermann Knop (um pomerano! Zipperer julgou isso como uma verdadeira desfeita).

Os livros não nos apontam muitas coisas a mais sobre a Sociedade, além da fajuta visita do cônsul alemão, forjada por Zipperer para se vingar da desfeita, e que já foi narrada aqui. Eis uma foto dos membros em 1900:

E quem eram esses membros? Infelizmente a maioria não é mais possível descobrir. O livro de Vasconcellos nos dá o nome de dois: o presidente Friedrich Fendrich, que é o quinto da primeira fileira, partindo da esquerda, e ainda o do secretário Johann Hoffmann. Esse era também cervejeiro, e teve a infelicidade de ser desafeto do Dr. Philipp Maria Wolf, que, nas suas críticas, dizia que fazia parte de “agremiações idiotas”. Todos os outros fotografados são tratados como incógnitos. Mas algumas descobertas foram feitas. Por fontes de tradição familiar, sabemos também que faziam parte Aloís Schreiner e seu irmão Johann Schreiner. Aloís é provavelmente o terceiro da segunda fileira, partindo da direita. Seu irmão Johann provavelmente estava perto, podendo ser o que está antes dele. Mas isso ainda não é possível afirmar. Graças a foto de Benedicto Bail que recebi de Norma Huebl e ao olhar clínico de Rose Vidal Teixeira, descobri que também ele fez parte da Sociedade! Isso era algo totalmente desconhecido, embora bem possível. Uma pequena descoberta como essa é cheia de significação e importância, ainda mais que foi feita exatamente na semana que lembro o seu 80º aniversário de falecimento. Ele é o quarto da segunda fileira, partindo da esquerda. Está atrás de Fendrich (o que também me leva a uma conclusão curiosa: o avô do meu opa conhecia o avô da minha oma). Nesse post aqui, tem a foto do Benedicto que mostra traços idênticos, embora nessa ele já estivesse mais velho: http://coisavelha.blogspot.com/2007/09/benedikt-beyerl.html

Suponho que Jacob Treml também fizesse parte da Sociedade. Digo isso porque, além de ser boêmio, ele era veterano de guerra. Quem seria ele naquela foto? O mesmo podemos dizer de Georg Gschwendtner, cuja identidade na foto só será possível descobrir se porventura um descendente tiver alguma relíquia que permita a comparação. Tantos e tradicionais sobrenomes boêmios em São Bento também certamente devem estar representados nessa foto. As buscas continuam, tanto pela identificação como no detalhamento das atividades da sociedade.

Carl Panneitz e a Invasão de Lotes

Parece que mesmo 25 anos depois de fundada, ainda eram constantes os problemas de propriedade em São Bento. Numa edição do jornal “A Legalidade” de 1898, Carl Panneitz, morador da Estrada da Serra, “fazia saber que ninguém sem sua permissão deveria entrar nas suas terras”. Curioso que os colonos utilizassem um jornal para avisar os demais sobre isso. Existiam dois Carl Panneitz, pai e filho, e não sabemos qual deles se queixava no jornal. O primeiro foi casado com Johanna Voos, e o segundo era casado com Clara Maier.
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Estrada do Lago

Também da Legalidade, encontramos outro registro curioso. Trata-se do anúncio de um certo Antônio Barbosa Cardoso, que ainda não consegui identificar, dizendo que estava vendendo a sua casa na Estrada do Lago (e barato!). Também é interessante que um “caboclo” tenha usado a língua alemã para fazer o anúncio. Eis como ele aparece:

Franz Neumann

Conforme o jornal “A Legalidade” de 08/07/1893, disponível aqui: http://picasaweb.google.com.br/portalsbs/Legalidade/

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ATENÇÃO
2 vaccas 2 novilhas e 1 tour que se acham fugidos, estão no meu pasto, podendo o seu dono recebelos mediante pagamento de annuncios e dinheiro de pasto.
Francisco Neumann, Estrada Da. Francisca. S. Bento
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Cremos que é o mesmo Franz Neumann que era comerciante e sapateiro, filho de Wenzel Neumann e Catharina Rössler, e que imigrou casado com a mulher Theresia Schulze e a filha Marie, vindos de Marienberg, na Boêmia. Viúvo dessa, casou-se com Mina Richter, e tiveram filhos cujos registros de batismo informam que eram moradores da Estrada Dona Francisca.

62. Anton Mühlbauer (1833-1911)

Meu tetravô Anton Mühlbauer nasceu por volta de 1834. Sua aldeia natal ainda é um mistério. Sabe-se que esteve em várias aldeias da Bavária, mas não existe registro de batismo nos arquivos de Eschlkam entre 1831-1837. Supõe-se então que tenha nascido em outra Paróquia. Não descartamos a possiblidade de ser do outro lado da fronteira, ou seja, da Boêmia. De Flecken imigrou a família de um Michael Mühlbauer, mas ainda não encontramos relação com Anton Mühlbauer. Filho de Mathias e Klara Mühlbauer, Anton se casou em Eschlkam no dia 03.10.1868 com Barbara Pfeffer. O casal, antes de se casar, já havia tido dois filhos. Eis a cópia do seu registro, conforme fotografia que nos foi passada pelo alemão Franz Mühlbauer:
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O registro diz o seguinte:
(coluna esquerda) eodem
(coluna do meio) Zum hl. Sakr. Anton Muehlbauer, des Mathias der Klara Muehlbauer Inwohner v. Schwarzenberg … Sohn mit Barbara Pfeffer, des Georg Pfeffer Häusler von Kleinaign …
(coluna da direita)… 29st Sept
(coluna da esquerda): Eodem (é uma palavra em latim que quer dizer “o mesmo”, ou seja: mais um casamento no dia 03.10.1868)
(coluna do meio) Pelo sagrado sacramento Anton Muehlbaer, de Mathias e Klara Muehlbauer, locatário em Schwarzenberg… e Barbara Pfeffer, de Georg Pfeffer, dono de cabana/chalé em Kleinagn.
(coluna da direita) 29 de setembro
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O padre não escreveu sentenças inteiras, omitindo algumas palavras, talvez por estar cansado de repetir as mesmas palavras o tempo todo em todos os registros.
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Eschlkam, onde Anton Mühlbauer se casou, e onde eram feitos todos os registros de aldeias próximas

Pelos registro de batismos dos filhos de Anton, que também nos foram passados por Franz Mühlbauer, sabemos que ele esteve em outras aldeias bem próximas umas das outras, e que foram, a saber:
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Schwarzenberg, onde esteve em 1859. De lá também imigraria em 1877.

Kleinagn, onde esteve por volta de 1869 e 1870, já depois de casado

Grossaign, onde esteve por volta de 1872, e onde teria nascido minha trisavó Barbara Mühlbauer

Ritzenried, onde a família de Anton Mühlbauer esteve por volta de 1873

Em 1877, Anton e sua esposa Barbara decidem imigrar ao Brasil. E o fazem através do Navio Rio, que saiu do porto de Hamburgo no dia 20.03.1877 e chegou em São Francisco do Sul em 22.04.1877. Ainda não está claro o lugar em que a família passou a morar, visto que duas das filhas de Anton tem descendência em Fragosos, enquanto que um dos filhos morava em Serra Alta. Em 1900 Anton aparece na lista de signatários da ata de levantamento da nova Igreja Matriz de São Bento do Sul. Anton Mühlbauer faleceu no dia 02.12.1911, e segundo esse registro contava então com 78 anos e 10 meses.

EEB Frederico Fendrich

Reproduzo aqui a história da Escola Frederico Fendrich, que está disponível no blog http://eebfredericofendrich.blogspot.com/, de onde também são as fotos:

“A história da nossa escola deu-se em 1953, quando iniciou-se em uma casa com a professora Amazilda Monick. O bairro foi crescendo, aumentaram os alunos, em l959 era ESCOLA ISOLADA TRISDOBRADA. Em 1960 foi construído prédio próprio pelo governo do estado sendo que o terreno foi doado pelo Sr. Wigando Ruckl e sua esposa Cecília Ruckl , residentes neste município. O prédio foi inaugurado em 21 de agosto e recebeu como patrono o professor Frederico Fendrich. Sendo assim, a escola passou a se chamar ESCOLA REUNIDA PROFESSOR FREDERICO FENDRICH.”

 

A Escola de Educação Básica Frederico Fendrich situa-se na Rodovia SCT 280 n° 785 – Bairro Serra Alta, na cidade de São Bento do Sul – SC. Foi fundada em março de 1953.

A Unidade Escolar possui um terreno com área de 8.000 m². Sua área construída é de 2.167,00 m², funciona em três períodos: matutino, vespertino, noturno com aproximadamente 758 alunos. Sendo no ensino médio 373 e no ensino fundamental 386.

 

80 Anos do Falecimento de Benedicto Bail

No dia 24.02.1928 faleceu meu trisavô Benedicto Bail[1], tido como o noivo do primeiro casamento boêmio de São Bento do Sul[2]. Nasceu em 30.04.1856 em Holschlag e foi batizado em Gutwasser, ambas aldeias da Boêmia.[3] Conforme o registro de imigração, no entanto, ele seria natural de Haidl, atualmente Zhuri. Era filho natural de Maria Bail, e tinha ao menos uma irmã mais velha, chamada Bárbara Bail. Conta a história que cedo os dois ficaram órfãos.

Benedicto, ainda rapazote, se empregou na marcenaria de Georg Neppel. E lá conheceu Anna Maria Neppel, a filha de seu chefe. Não demorou muito até que os dois acabassem se enamorando. O que não foi visto com bons olhos por Georg, que teria então demitido Benedicto, achando que a filha merecia melhor destino do que ter um noivo órfão e bastante humilde. A separação forçada não foi suficiente, no entanto, para que os dois deixassem de se gostar.

Mas sem muitas perspectivas de vida, Benedicto decidiu acompanhar seus padrinhos Georg Gschwendtner e Francisca Raiel[4] quando imigraram ao Brasil. Veio então com o Navio Shakespeare, que saiu de Hamburgo no dia 20.09.1874 e chegou em São Francisco do Sul a 11.11.1874. Então subiram a serra até São Bento, onde passaram a morar. Benedicto morava onde hoje é a Rua Antônio Hilgenstieler. Como quase todos naquela época, também trabalhou como lavrador.

Reza a tradição que Benedicto e Anna Maria Neppel, ainda apaixonados, continuaram trocando cartas, ele em São Bento e ela na Europa. O que é de difícil comprovação, afinal cremos que Benedicto não sabia ler ou escrever. Além do mais, foram poucos os navios que vieram entre 1874, ano de imigração de Benedicto, e 1876, quando Anna Maria imigrou.

De fato, os Neppel também passaram a ter dificuldades na Europa e acharam que o melhor seria tentar a sorte em outro lugar. E esse lugar foi exatamente São Bento. Vieram pelo navio Humboldt que saiu de Hamburgo em 15.04.1876 e chegou em São Francisco do Sul no dia 11.06.1876.

Após longo período, Benedito e Anna Maria finalmente puderam se reencontrar, agora em solo brasileiro. Certamente, o novo encontro trouxe à tona todos aqueles sentimentos que haviam sido tolhidos pela separação imposta pelo pai da noiva. Com as esperanças renovadas, o casal decidiu enfrentar a oposição da família Neppel. E tanta era a vontade de legitimar a união, que um mês depois de Anna Maria chegar ao Brasil, ela e Benedicto já estavam se casando.

A data do casamento foi marcada para 10.07.1876, na próxima visita que faria o Pe. Carlos em São Bento. A refeição matinal do noivo naquele dia foi na casa de Franz Pöschl, cunhado de Benedicto e o almoço na casa de Georg Bayerl[5]. A Johann Christoff coube a missão de divulgar a notícia desse casamento. Para isso, ao fazer o seu pronunciamento, desenha com giz um convite na porta da casa das pessoas.

Benedicto, que não era, como visto, dos mais afortunados financeiramente, começou a se preocupar com a roupa que teria que vestir na ocasião do casamento – pois não tinha nenhuma em condições para cerimônia tão especial! Quem conseguiu um terno para ele foi Josef Augustin. Benedicto vestiu, o terno serviu, e foi com ele que esteve durante o casamento.

No dia do casamento, os músicos já estavam a postos na casa de Franz Pöschl. A primeira bandinha de São Bento tocou no primeiro casamento boêmio. O primeiro convidado a chegar foi Georg Gschwendtner, tido como padrinho do noivo. E como era costume, recebeu uma garrafa de vinha por isso. A todos que chegavam, era oferecido uma cerveja de gengibre, num caneco especial. Os conviddados também eram enfeitados com ramos e fitas coloridas. Havia bolos, cucas e salgados, além de café. E tudo isso servido em mesas pra lá de rústicas, como tudo o mais era rústico naquele tempo.

Era a celebração da união de Benedict e Anna Maria, contra a vontade dos Neppel. Houve, como costuma acontecer em muitas festas, uma “discussão acalorada”, pra não dizer uma briga, entre Franz Pöschl e Georg Seidl. Este havia emprestado uma pistola para Pöschl dar uma salva de tiros. Seidl estava tomando a sua cerveja de gengibre, e logo passou a se sentir tonto. Mesmo assim, estava tentando recarregar a pistola, mas acabou derramando pólvora fora do cano, e não dentro. Quando apertou o gatilho, só a espoleta estourou. Isso teria despertado a primeira discussão em um casamento na cidade, mas que logo foi controlada e apaziguada pelos demais convidados.

Fora isso, a festa seguia, animada por canções da velha Boêmia. Johann Grossl, fervoroso rezador, fez um Pai Nosso pedindo bênçãos aos noivos, além de orações pelos parentes já falecidos – como os pais de Benedicto. Feito isso, seguiu-se para a pequena capela do Santíssimo Coração de Maria, que ficava a cerca de 2 quilômetros da casa de Franz Pöschl. Para lá sergiu o cortejo nupcial. Atrás dos músicos vinha Anna Maria, acompanhada do jovem Franz Grossl, o seu guia, e Benedict acompanhado de Theresia Zipperer, a “dama de honra”. Havia ainda a representante da mãe da noiva, que foi Margareth Schiessl.

Já na capela, os dois se casaram perante o Pe. Carlos Boergershausen. Era a consumação dos desejos do casal, da paixão que começara na Europa, que fora interrompida, e que ressurgira com força total em solo são-bentense, a despeito da oposição dos Neppel. Consta que os pais da noiva permaneceram firmes e não apareceram na cerimônia de casamento da filha. Na oportunidade, também se casaram Johann Schiessl e Barbara Simet.

Depois de finda a cerimônica religiosa, foram para o hotel e restaurante de Georg Bayerl, onde a comida já estava pronta e a cerveja fora preparada pelo próprio dono. Lá também se inicou outro costume da terra natal daquelas pessoas, que era a corrida pela “offaschüssel”, uma espécie de pá de madeira, com um cabo comprido. Sob ela se deitava a massa de pão para colocá-la no forno e assim assá-la. A pá era enfeitada e colocada numa distância entre 100 e 200 metros dos “corredores” concorrentes. Vários homens se dispunham a correr. Quem venceu foi Georg Gschwendtner. Como prêmio, podia dançar com a representante da noiva, quando as danças tivessem início.

Os convidados tratavam então de sentar-se às meses, em cujo centro estava um prato para se colocar o preço da refeição, já anunciado no dia do convite por Johann Christoff, e que era de mil réis. Benedict Bail e Anna Maria Neppel sentaram-se num canto do salão, sob um crucifixo. Os parentes mais próximos sentaram-se perto. Quando todos já estavam acomodados, o dono da casa rezou em voz alta as orações de costume nessas ocasiões, as quais eram respondidas pelos convidados. Depois todos almoçaram.

Quando terminaram, as mesas foram arrumadas. Anna Maria caminhou sob uma passarela de meses em direção ao centro do salão. Fez isso em companhia de Franz Grossl, o seu “guia”. Começou então a dança da noiva, a primeira feita exatamente com Grossl. A seguinte foi chamado Benedicto Bail, e então o casal dançou pelo salão. Depois de tantos problemas, proibições e distância, não estavam os dois ali casados e dançando para celebrar a união? Essa dança também foi dançada por Franz Grossl e Therezia Zipperer, além de Georg Gschwendtner, o vencedor da “offaschüssel”, e a representante da mãe da noiva.

Depois seria a hora de chamar o pai de Benedicto. Como ele há longo tempo já descansanva no solo de sua pátria, foi rezado um Pai Nosso pelo descanso de sua alma. O pai da noiva também seria chamado, mas, como dito, ele não compareceu. Depois foram chamados os padrinhos e depos os demais parentes. E ao final, todos os convidados puderam dançar pelo salão.

O simples Benedicto viveu menos de dez anos em companhia de Anna Maria. No dia 29.09.1885 Anna faleceu, vítima de tifo. Era o triste fim do relacionamento que começara ainda na Boêmia. Não sabemos se nessa época houve alguma alteração no relacionamento de Benedicto com os pais da noiva. Sabemos que em 1884, Benedicto aparece como testemunha de casamento de Josef Neppel e também de Aloís Neppel, irmãos de Anna Maria, de modo que sabemos que mantinham relações. Não temos notícia de filhos de Benedicto com sua primeira esposa Anna Maria Neppel.

Algum tempo depois de ficar viúvo, Benedicto se casou novamente, dessa vez com Catharina Brandl, que ainda criança também imigrou pelo Shakespeare em 1874. Transcrevemos o registro de seu casamento, conforme os livros da Igreja Católica de São Bento do Sul:

“A dez de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e seis, às 10 horas da manhã, na Capella do Smo. Coração de Maria deste Municipio de S. Bento, feitos os tres banhos canonicos a 24 e 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro do corrente anno, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mutuo consentimento na forma do sagrado Concilio de Trento, em minha presença e das testemunhas José Schroeder e Jorge Weiss, receberão-se em matrimonio Bendedicto (sic) Beierl e Catharina Prandl, elle de idade de 30 annos, viuvo por obito de sua primeira mulher Maria Neppel, filho natural de Maria Beierl, nascido em Holzschlag e baptisado em Gutwasser na Bohemia, e ella de idade de 18 annos, solteira, filha legitima de José Prandl e Anna Weinfalter, nascida e baptisada em Eisenstrass, também na Bohemia, ambos os contrahentes livres, estrangeiros, lavradores e moradores neste Municipio. E logo em seguida na missa pro sponcis lhes dei a Benção Nupcial Solemne do que para constar lavrei este termo que assignei com as testemunhas. O Vigário Pe. Carlos Boegershausen”.

Desse casamento nasceram os seguintes filhos, não necessariamente na ordem:

Luiz Bail, casado com Francisca Fleischmann.
Thereza Bail, casada com Engelberto Bechler.
Maria Bail, casada com Otto Zeithammer.
José Bail, casado com Martha Maahs.
Carlos Bail, casado com Maria Quandt.
Engelberto Bail, casado com Paula Heiden.
Catharina Bail, casada com Rodolfo Giese.
Benedicto Bail, casado com Maria Grosskopf.
Rodolfo Bail, casado com Margarida Hübl.
Paulo Bail, casado com Marta Grosskopf.

A vida de Benedicto já havia tido perdas prematuras, e ele teve ainda mais uma em 04.02.1912. Nesse dia faleceu, com cerca de 43 anos, sua segunda esposa Catharina Brandl. Faleceu antes de seu pai, Josef Brandl, que continuou morando com seu genro Benedicto até falecer em 1917. Já Benedicto, faleceu no dia 24.02.1928, conforme atesta o registro de óbito que tivemos o cuidado de transcrever abaixo:

“Aos vinte e cinco dias do mez de Fevereiro do ano mil novecentos e vinte e oito, nesta villa de São Bento, Estado de Santa Catarina, em meu cartório compareceu Benedito Bail e perante as testemunhas abaixo assignadas declarou que no dia de hontem às dezoito e meia horas, falleceu em seu domicilio na Estrada Argolo, neste distrito, seu pai Benedicto Bail, vítima de fraqueza cardíaca, com idade de 71 anos, natural de Áustria, de cor branca, profissão lavrador, viúvo de Catharina Brandl, de filiação ignorada, residia à dita Estrada Argolo, tendo fallecido sem assistência médica, não deixa bens, vae ser sepultado no Cemitério Público desta villa de São Bento, do que para constar lavrei o presente termo, depois de lido e achado conforme, assina Luiz Guenther a rogo do declarante, por não saber este escrever, conforme declarou, com as testemunhas que são Paulo Grossl, alfaiate, e Antônio Ruzanowski, ambos residentes nesse districto. Eu, Erico Bollmann, official do Registro Civil, o escrevi e também assigno.”

Benedicto está sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, no lado esquerdo de quem entra pela escadaria, no mesmo túmulo em que descansa sua filha Catharina Bail e o esposo desta, Rodolfo Giese. Cremos que há um equívoco na sua lápide ao afirmar que nascera em 1854, quando na verdade foi 1856. O fato de seu filho ser analfabeto comprova novamente que Benedicto deve ter tido uma vida muita simples e sob condições bastante humildes.

[1] A grafia varia muito de documento para documento, podendo ser Bail, Beil, Beyerl, Bayerl, e assim por diante. Os descendentes de Benedicto usam, quase todos, “Bail”, razão pela qual também é essa a grafia que aqui adotamos.
[2] A história é tratada no livro de Josef Blau “Bayern in Brasilien” e também no “São Bento do Passado”, de Josef Zipperer. Também já foram realizadas apresentações teatrais.
[3] Holschlag atualmente se chama Paseka e contava com a seguinte população e moradias: em 1910 eram 172 habitantes morando em 8 casas; em 1921 eram 9 casas, e desconhecemos a população. Paseka fica a cerca de 3 quilômetros de Zhuri. Já Gutwasser, em nossos dias se chama Dobrá Voda, a 5,7 quilômetros de Paseka.
[4] A informação de que eram padrinhos de Benedicto está no livro “São Bento na Memória das Gerações”, de Alexandre Pfeiffer.
[5] Não sabemos ainda qual o parentesco com Benedito, se de fato existe, como o cremos. George Bayerl também veio pelo navio Shakespeare em 1874.

61. Anna Trojan (1831-1920)

Minha tetravó Anna Trojan nasceu em Kochowitz e foi batizada em Gastorf, na Boêmia. Casou-se ainda na Europa com Wenzel Hannusch. De Osseg, eles imigraram ao Brasil no ano de 1877 a bordo do Navio Rio. O casal teve os seguintes filhos, que imigraram com eles: Antônia Hannusch, casada com José Pilz; Rozina Hannusch; Franz Hannusch, casado com Catharina Mühlbauer; e meu trisavô Johann Hannusch, casado com Barbara Mühlbauer.
Por volta de 1896, Wenzel Hannusch faleceu. No ano seguinte, encontramos o registro do segundo casamento de Anna Trojan, por sinal muito curioso, e que transcrevemos abaixo:
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“A treze de Novembro de mil oitocentos e noventa e sete ás 10 horas da manhã na Capella do Smo. Coração de Maria deste município de S. Bento, dispensados os tres banhos canonicos por mim por Delegação do Epmo. e Revmo. Senhor Bispo Diocesano de 26 de Setembro de 1895, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mútuo consentimento na forma do 1º Concílio Tridentino, em minha presença e das testemunhas Jacob Treml e Francisco Eckstein, receberão-se em matrimonio Jorge Zipperer e Anna Trojan, moradores neste município, elle de 76 annos d’idade, nascido e baptisado em Rothenbaum na Bohemia, e filho legítimo de Jorge Zipperer e Anna Augustin, e viúvo por obito de sua 3ª mulher Maria Magdalena Zipperer, e ella de 66 anos d’idade, nascida em Kochowitz e batisada em Gastorf na Boêmia, filha legítima de Antonio Trojan e Elisabeth Tausch, e viúva por obito de seu marido Venceslau Hanusch, do que para constar fiz este termo que assignei junto com a contrahente e as testemunhas.
O Vigário Pe. Carlos Boegershausen.
Anna Trojan
Jacob Treml Franz Eckstein”
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Eis a assinatura de Anna Trojan conforme ela aparece no registro:
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Percebemos então que eram ambos de idade bem avançada. Anna com 66 anos e seu esposo Jorge Zipperer com 76. Já tratamos sobre algumas dificuldades na família Zipperer no que diz respeito a nomes e idades. O pai de Jorge talvez fosse Adam Zipperer. Muito interessante também é ver que esse era o quarto casamento de Jorge, e que todos os outros terminaram porque suas esposas faleceram. Mas isso não aconteceria pela quarta vez. Anna faleceu também viúva de Jorge Zipperer, embora o registro só informe que era viúva de seu primeiro marido. Eis a transcrição de seu óbito, conforme o Livro 5, p. 49 N. 52 do Cartório de São Bento:
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“Aos catorze dias de agosto de mil novecentos e vinte, em meu cartório compareceu Francisco Hannusch, lavrador, domiciliado no lugar Fragosos, de Campo Alegre, e perante as testemunhas no fim assignadas, declarou que hoje, ás 12 horas, em seu domicílio, falleceu sem assistência médica a sua mãe Anna Hannusch, com 89 anos, nascida na Alemanha, e residente no mesmo lugar Fragosos, na companhia de seu dito filho Francisco Hannusch, de profissão doméstica, sem deixar herança, deixando quatro filhos maiores, viúva de Wenceslau Hannusch, em conseqüência de velhice, devendo sepultar-se no Cemitério Cathólico, nesta villa, do que faço esse termo.
A rogo do declarante, por não saber escrever, Eu, Miguel Rodrigues, escrivão interino, o escrevo.”
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Eis aí um registro que também suscita coisas interessantes. Em 1920 estavam vivos todos os filhos de Anna Trojan com Wenzel Hannusch. Como o número de 4 filhos é o mesmo que encontramos no registro de imigração, supomos que não tiveram outros filhos nascidos no Brasil. Até porque, já estavam na casa dos 40 quando imigraram. Não sei onde morava Jorge Zipperer e de que maneira conheceu minha tetravó Anna Trojan. Como percebe-se pelo registro, os Hannusch moravam na região de Fragosos. Também se diz que ela foi sepultada no “Cemitério Cathólico” de São Bento. Se de fato está lá no Cemitério Municipal, sua lápide também perdeu-se com o passar dos anos, de modo que já é impossível identificar o local em que está sepultada.
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Anna faleceu com avançada idade, e sua morte impediu que sofresse a perda de seu filho Francisco Hannusch, o declarante desse óbito, que faleceu no ano seguinte, aos 55 anos, vítima de influenza.

60. Wenzel Hannusch

Meu tetravô Wenzel Hannusch era da região de Osseg ou Osseck, no norte da Boêmia. Nasceu por volta de 1833. Era operário, e imigrou ao Brasil a bordo do Navio Rio, que chegou em São Francisco do Sul no dia 22.04.1877. Wenzel veio já casado com Anna Trojan e com seus filhos. Ainda não pude consultar um provável registro de óbito de Wenzel Hannusch. Ele faleceu antes de 1897, ano em que sua esposa Anna Trojan se casou pela segunda vez. Nos livros eclesiásticos não ficou registro desse falecimento. Resta-nos então a consulta ao cartório civil. Embora seja difícil, pode ser que informe os pais, nomes que até então desconhecemos. Wenzel Hannusch é antepassado de todos os Hannusch que vieram para a região de São Bento. Grande parte deles se estabeleceram em Fragosos e redondezas.