Anúncios do Teatro Bandeirantes, de Arno Fendrich

Em homenagem ao Dia Internacional do Teatro, comemorado neste 27 de março, publico dois anúncios de apresentações do grupo de teatro Bandeirantes, de São Bento do Sul, que tinha como diretor e produtor Arno Fendrich, uma figura impressionante pela dedicação com que se entregava às causas do teatro na cidade.  Basta dar uma olhada nas edições antigas do jornal Tribuna da Serra para encontrar uma série de artigos defendendo incentivos e buscando um maior envolvimento da cidade com o gênero.

Os dois anúncios foram, justamente, publicados no mesmo jornal, do qual Arno Fendrich chegou também a ser diretor:

Seca

Em 1963, Arno Fendrich se queixava: o teatro estava sendo desbancado pelo cinema, e o cinema pela televisão. E o governo brasileiro tinha coisas mais importantes para pensar do que o teatro. Situação muito diferente daquela que acontecia em Roma, Nova York, Paris e Londres. Nesses lugares, o teatro ainda rendia – e rendia muito. Mas no Brasil, além de não auxiliar, o Governo ainda tirava aquilo que o teatro havia conquistado – negava-se apoio a um movimento de educação e cultura.

Uma comparação simples e real: nos grandes centros europeus, o teatro era uma grande magazine, caminhando a passos de gigante. No nosso país, o teatro era uma lojinha. E o povo ou governo que não apóia o teatro está morto – no mínimo moribundo. Arno segue essa linha até falar das dificuldades com o seu grupo de teatro em São Bento. Em todas as apresentações, houve muita gente, muito movimento, muito movimento – e seria maior se houvesse dinheiro, muito dinheiro, algum dinheiro, pouco dinheiro.

Ora, estamos falando da melhor época para o teatro na história da cidade. Não sei em que pé está a situação hoje. Sei apenas que, em 1963, Arno terminava de forma contundente: “Terra sem teatro, é sertão sem chuva”.

Teria a seca chegado a São Bento do Sul?