Eleições do Passado
As primeiras votações em São Bento aconteciam assim: uma mesa eleitoral composta pelos juízes de Paz e mesários era montada na Câmara Municipal. Havia uma grade para garantir a privacidade e segurança da mesa. A urna era aberta diante de todos, para confirmar que não havia nada dentro dela. Feito isso, era trancada e então o mesário começava a chamar os eleitores em alta voz, um por um.
Cada eleitor passava pela grade, depositava a sua cédula na urna e então assinava a lista de presença. Depois de todos votarem, iniciava-se a contagem voto a voto, como acontecia antes da Urna Eletrônica. Um dos mesários fazia a leitura de cada voto e em seguida era feita a soma deles para descobrir quem eram os eleitos. Mas nem sempre dava certo: em 1886, por exemplo, havia mais cédulas na urna do que pessoas votando.
Eleições do Passado II
Naquele mesmo ano, Francisco de Paula Pereira era representante do partido liberal em São Bento. Como primeiro juiz de Paz da cidade, era ele quem conduzia a mesa eleitoral nas eleições. Mas havia poucos eleitores liberais, e Francisco previu a derrota de seu partido nas urnas. Diante disso, mandou que outro juiz de paz levasse o livro de assinatura dos eleitores para bem longe e só voltasse depois de ter esgotado o tempo para as eleições.
E foi o que aconteceu. O juiz de paz, Augusto Henning, só compareceu ao local da eleição às 9h30. Francisco então abriu uma votação com os mesários para verificar se os trabalhos deveriam continuar, pois o prazo para início da eleição já havia passado. Foram três votos a favor da continuidade dos trabalhos e uma abstenção. Não contando com isso, Francisco decidiu por conta própria encerrar a eleição, alegando que ela era ilegal.
Uma nova eleição aconteceu alguns meses depois. Na ocasião, foram eleitos dois liberais. Mas as confusões continuaram: foi exatamente essa a eleição que teve cédulas a mais.