Benedikt Beyerl

Meu trisavô Benedikt Beyerl (Benedito Bail) nasceu na Boêmia em 30.04.1854, como filho natural de Maria Beyerl. Teve ao menos mais uma irmã mais velha, chamada Barbara. Cedo ficou órfão, e teve que se virar sozinho para conseguir o que queria. Era ainda um rapazote quando se empregou na marcenaria de Georg Neppel, casado com Franziska Hofbauer. O casal Georg e Franziska tinha uma bela filha, chamada Anna Maria Neppel, que era um pouco mais velha que Benedikt. Pois não é que os dois acabaram se apaixonando?
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Essa paixão repentina não foi vista com bons olhos por Georg Neppel, o pai da moça. Na verdade, Benedikt era de origem bastante humilde, e não sabia ler ou escrever. A história diz que como Georg não concordava com esse namoro, mandou Benedikt embora da marcenaria.
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Em 1874, ele imigrou para o Brasil, em companhia da família Gschwendtner, com o qual era aparentado, e com a família de sua irmã Bárbara, casada com Franz Pöschl. Viajaram pelo navio Shakespeare e vieram parar em São Bento do Sul, uma colônia que fora fundada no ano anterior com os imigrantes que não cabiam mais em Joinville. Ali adquiriu um lote onde hoje está a rua Antônio Hilgenstieler.
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Apesar de não mais poder ver Anna Maria Neppel, que ficara na Boêmia, Benedikt ainda gostava bastante dela. Tanto é assim que a história diz que o casal chegou a trocar algumas cartas nessa época. Na verdade, se de fato trocaram cartas, elas não devem ter sido muitas, por causa da precariedade de meios que se vivia em São Bento naquela época. Além disso, foram poucos os barcos que vieram para o porto de São Francisco do Sul entre 1874-1876, por onde as cartas viajariam rumo à Europa. E como dito, Benedikt não sabia escrever, embora houvesse já nessa época pessoas que escreviam cartas para os colonos analfabetos, como por exemplo Josef Zipperer.
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Mas já em 1876, a família Neppel também passava por dificuldas na Europa, e decidiu imigrar para o Brasil também. Vieram a bordo do navio Humboldt, e foram parar justamente em São Bento do Sul! Benedikt e Anna Maria puderam enfim se reencontrar e renovar as promessas que fizeram ainda na Europa. E tudo isso continuava não sendo visto com bons olhos pelo pai.
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Apesar de não receber o apoio do pai, Anna Maria decidiu-se: iria se casar com Benedikt. Tamanha era a vontade dos dois que já um mês depois que Anna Maria estava no Brasil, o padre Karl Boegershausen celebrava a união dos dois. Foi o primeiro casamento boêmio de São Bento, em julho de 1876. Essa também foi a primeira ocasião em que houve um banda de música animando um evento público na colônia de São Bento, com a Banda Augustin. O romance, enfim, começado na Boêmia, tivera a sua união já por essas plagas, a despeito da contrariedade dos pais da noiva.
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O casal viveu bem e feliz por quase 10 anos. Ao que parece, não tiveram filhos. Ao menos, não foram encontrado registros. Mas em 29.09.1885, Anna Maria faleceu, vítima de tifo, quando contava com apenas 35 anos.
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No ano seguinte, Benedikt contraiu segundas núpcias com Catharina Brandl, filha de Josef Brandl e Anna Weinfalter ou Schweinfuter, neta materna de Michael Brandl e Margareth Mundl. Com a segunda esposa, Benedikt teria grande descendência, sendo dez os filhos e muitos os netos.
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Catharina Brandl faleceu também prematuramente, em 1911, deixando Benedikt viúvo pela segunda vez. Vivia então em companhia do seu sogro, até esse falecer também em 1917.
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Já Benedikt Beyerl, faleceu em 28.02.1928, e está sepultado no Cemitério Municipal de São Bento, no mesmo túmulo de sua filha Catharina Bail e seu genro Rodolfo Giese.
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Grafia: O sobrenome Beyerl varia muito nos documentos, sendo escrito como Bayerl, Beyerl, Bail, Beil, etc. Muitos dos descendentes de Benedikt passaram a usar o “Bail” como a forma correta.
Foto: cedida por Norma Hoenicke Huebl