Resolvi contar na lista telefônica os sobrenomes com maior quantidade de números em São Bento do Sul. O objetivo era ter uma ideia dos sobrenomes estrangeiros mais comuns na cidade. Consultei as edições do Rotary de 2000, 2003 e 2005 (infelizmente não tive acesso à de 2008). Os resultados foram bastante semelhantes nas três edições, apenas com ligeira troca de posições de ano para ano. Naturalmente, esse não é um trabalho científico, e seus resultados não podem ser levados tão a sério – embora possam ser bons indicativos.
Segundo a lista telefônica de 2005, os sobrenomes mais comuns em São Bento são:
2005
1. Pscheidt 86
2. Becker/Beckert 82
3. Weiss 73
4. Bail/Bayerl e variações 70
5. Linzmeyer e variações 68
6. Liebl e Rank 64
8. Grossl 53
9. Rudnick 52
10. Schröder 45
11. Krüger 44
12. Dums 42
13. Mühlbauer 41
14. Fendrich, Gruber e Neumann 40
Isso significa que a família Pscheidt é a que mais possui telefone em São Bento. E que, provavelmente, tem tudo para ser o sobrenome com maior número de portadores na cidade. Tal predomínio se justifica: o imigrante Wenzel Pscheidt, quando veio ao Brasil em 1876, trouxe consigo 11 filhos. Destes, 7 eram homens – ou seja, levaram adiante o sobrenome Pscheidt. Cada um desses 7 também teve uma quantidade considerável de filhos, e boa parte deles também homens. Com isso, o sobrenome, que já era bastante comum no início, se tornou ainda mais popular e se espalhou pela região.
Os Pscheidt já lideravam a lista telefônica na edição anterior, de 2003, que apresentou a seguinte frequência de sobrenomes na cidade:
2003
1. Pscheidt 94
2. Becker/Becker 75
3. Bail/Bayerl e variações 70
4. Linzmeyer e Rank 67
6. Weiss 65
7. Liebl 64
8. Grossl 63
9. Rudnick 50
10. Schröder
11. Grosskopf 43
12. Fendrich e Krüger 41
14. Gruber 40
15. Mühlbauer e Neumann 39
Não houve alteração de sobrenome entre os 10 primeiros, apenas em suas posições. É possível ver que, entre 2003 e 2005, a família Pscheidt se desfez de alguns telefones. A família Becker, por sua vez, resolveu adquirir vários (talvez na ânsia de assumir a primeira posição). Ao contrário da família Pscheidt, não é possível dizer que os Becker venham de um único tronco familiar (a própria diferença entre Becker e Beckert é mostra disso).
Houve a família do imigrante Anton Beckert, que veio a São Bento, mas também houve ramos que vieram depois, de Joinville, para a cidade. Apenas um trabalho genealógico mais apurado vai poder identificar em que medida se trata de uma mesma família.
A lista telefônica do ano 2000, mais antiga a ser consultada, mantinha os Pscheidt na liderança. Na ocasião, os Becker ainda estavam na terceira colocação:
2000
1. Pscheidt 62
2. Bail/Bayerl e variações 55
3. Becker/Beckert 52
4. Grossl 48
5. Rank 44
6. Weiss 42
7. Rudnick 36
8. Fendrich e Schröder 34
10. Linzmayer e variações 32
11. Liebl 30
12. Gruber e Neumann 29
14. Dums 26
15. Grosskopf 25
Os resultados das três listas mostram a franca decadência do telefone nas residências dos Bayerl. Em 2000, era a segunda família mais citada. Em 2003, a terceira. Em 2005, a quarta. A família Bayerl e a sua meia dúzia de variações, também ao contrário dos Pscheidt, não representa a mesma família. Foram ao menos seis as famílias Bayerl que imigraram para São Bento do Sul na década de 1870. A grande quantidade de famílias portando o sobrenome ajuda a explicar a sua frequência. Se elas têm uma origem em comum, ela acontece apenas lá na Europa, o que hoje ainda é impossível descobrir.
Gostaria de citar também que, no ano 2000, os Fendrich apareceram entre os 10 primeiros, e depois nunca mais. Há uma explicação: já faz algum tempo que só nascem mulheres na família.