Os primeiros casamentos de São Bento

É bastante conhecida a história de Benedikt Bail e Anna Maria Neppel, os dois que viveram praticamente um “Romeu e Julieta” em terras são-bentenses. A história começou ainda na Boêmia, quando Benedikt, aprendiz de marceneiro, se interessou pela filha do seu patrão – ou seja, Anna Maria.  O velho Georg Neppel, pai da moça, tratou então de despedir Benedikt, que não passava de um órfão sem maiores condições de vida. Em 1874, Benedikt veio ao Brasil acompanhado da família Gschwendtner, mas nunca esqueceu da sua Anna Maria na Boêmia.

Dois anos depois, vendo-se em situação financeira mais complicada, também Georg Neppel decidiu imigrar com a família. E justamente para São Bento. Essa “coincidência” é bastante curiosa, considerando que os pais continuavam contra o romance, e que  Anna Maria teria trocado cartas com Benedikt já no Brasil. Veio a família Neppel e a primeira coisa que Benedikt e Anna Maria fizeram ao se encontrar foi providenciar o casamento – mesmo contra a vontade dos pais dela.

E esse casamento, descrito em detalhes nos livros de Josef Blau e Josef Zipperer, aconteceu de fato no dia 08.08.1876. Muitas vezes, esse é tido como o primeiro casamento de São Bento, o que não é verdade. Esse foi, sim, o primeiro casamento boêmio de São Bento. Antes do casamento de Benedikt, aconteceram em São Bento cinco casamentos:

04.08.1876 Manoel Rodrigues Fernandes, víuvo de Anna do Espírito Santo, e Francisca de Siqueira, filha de Manoel Fidélis de Siqueira e Joaquina Carvalho, ambos naturais batizados em São José dos Pinhais, onde são fregueses.

05.08.1876 Jesuíno Pereira de Camargo e Maria Gregória
06.08.1876 Miguel Karaschinski e Catharina Demska
06.08.1876 Custódio Alves Correa e Maria Ribeiro Simões
06.08.1876 Belmiro Coelho da Rocha e Thomázia Carvalho de Lima

Note-se que todos esses casamentos, incluindo o de Benedikt, aconteceram na mesma vinda do Padre Karl Boegershausen a São Bento. No mesmo dia do primeiro casamento boêmio (ou mesmo bávaro) de São Bento, também aconteceu o segundo, envolvendo Johann Schiessl e Barbara Siemet. Nos dias seguintes aconteceram outros:

09.08.1876 José Tauscheck e Anna Kroepel
10.08.1876 Francisco Augustin e Antonia Pawlowska

E então o padre voltou para Joinville, tendo retornado apenas em novembro, quando realizou os dois primeiros casamentos em Campo Alegre:

08.11.1876 Isaac Ribeiro de Lima e Francisca Gonçalves das Neves
08.11.1876 Evaristo José de Massaneiro e Lucinda Nogueira dos Santos

E em seguida mais dois em São Bento:

14.11.1876 Carlos Muller e Maria Anna Kamienski
14.11.1876 Mathias Piritsch e Eva Witt

Primeiros Imigrantes de São Bento (1873-1877)

Recentemente, foi publicada a revista “Imagens da História – São Bento do Sul”, da autoria de Vera Alice Arnholdo e Kalil de Oliveira. A obra conta partes importantes da história da cidade com base em fotografias do acervo do Arquivo Histórico Municipal de São Bento do Sul. Entre essas fotos, existe uma que é uma verdadeira preciosidade, por conta dos personagens que dela fazem parte. Trata-se de uma foto com vários dos primeiros imigrantes que vieram a São Bento do Sul entre os anos de 1873-1877. Muitos desses imigrantes ainda não haviam sido identificados em outras fotos. Agora, é possível comparar as suas figuras com aquelas de outros retratos antigos.

Aproveitando a existência e publicação dessa preciosa foto, me dispus a detalhar um pouco sobre os personagens que nela aparecem. As informações estão disponíveis nos livros de registro eclesiástico de São Bento do Sul, mas podem também ser encontradas de forma mais organizada (separadas por famílias) na indispensável publicação “Famílias Tradicionais”, de Paulo Henrique Jürgensen.

Estimo a data da foto para o final da década de 10 e primeiros anos da década de 20.  Ei-la, seguida dos respectivos comentários sobre os imigrantes. O site do Arquivo Histórico também disponibiliza a fotografia, e num tamanho maior, bastando clicar aqui.

Sentados, na primeira fileira:

Carl Ehrl Sênior. Nascido em Hammern, na Boêmia, filho de Georg Ehrl e sua esposa Catharina Rückl, que recebaram um lote colonial em 1876 na Estrada das Neves. Imigrou ao Brasil em 1876 a bordo do Humbolt. Casou-se em São Bento do Sul no dia 09.07.1879 com Barbara Bayerl ou Beil, filha de Georg Bayerl e Elisabeth Achatz. Viúvo, casou-se em 23.10.1888 com Francisca Bayerl, irmã da sua primeira esposa. Faleceu no dia 18.11.1944, aos 88 anos. Entre os filhos conhecidos, teve André, Carlos e Anna, os dois últimos falecidos ainda pequenos.

Anton Friedrich (Zuca Fritz). Imigrou ao Brasil  aos 25 anos em 1877 a bordo do Buenos Ayres, trazendo consigo a mãe Anna, de 59 anos, já viúva. Foi um dos sócios-fundadores da atual Sociedade de Cantores 25 de Julho, da qual foi inclusive o primeiro presidente, além de compositor de hinos e poesias. Sobre sua família no Brasil, ainda não foram feitas maiores descobertas.

Jacob Treml. São Bento do Sul teve dois Jacob Treml, pai e filho. O primeiro nasceu no dia 28.08.1842, na região de Flecken e Rothenbaum, na Boêmia, como filho de outro Jacob Treml e de Barbara Bachmeier, filha de Georg Bachmeier. Casou-se com Maria Böhm, filha de Josef Böhm e Maria ou Catharina Rank. O casal imigrou ao Brasil pelo Humboldt em 1876. Era carpinteiro e recebeu um lote colonial na Estrada Rio Negro. Jacob Treml faleceu no dia 11.03.1924. O casal teve ao menos os filhos Josef, Barbara, Jacob, Antônio, Maria, Francisca, João, Bárbara e Thereza. Jacob Treml, o filho, nasceu em Rothembaum no dia 10.08.1875 e faleceu em São Bento do Sul no dia 21.05.1948. Foi casado com Maria Catharina Fendrich, filha do sapateiro Friedrich Fendrich e de Catharina Zipperer. Foram pais de Jacob, Fernando, Maria, José, Francisca, Carlos, outra Francisca, João, Antônio, Rodolfo, Hedwiges, Frederico e Alfonso.

Johann Hinsch. Provavelmente é Johann Hinz, natural de Dunowica, filho de Carolina Hinz, e que foi casado com Josephina Tuszkowka, natural de Wiele (Konitz), filha de Michael ou Bartholmeu Turschkowski e Mariana Franciska (?). Johann Hinz foi um dos 70 pioneiros de São Bento do Sul. Lavradores, estabeleceram-se na Estrada Wunderwald lado Norte. A esposa de Johann faleceu no dia 05.07.1927, aos 74 anos. Foram pais de João, Anastácia, José Adão, e possivelmente de outros.

Josef Rohrbacher. Não há certeza sobre a identidade de Josef Rohrbacher. À princípio, pensou-se ter sido o mesmo que imigrou pelo Humboldt em 1876, aos 54 anos, operário, vindo de Hammern, já na condição de viúvo, e que trouxe consigo a filha solteira Catharina, de 26 anos. Esse Josef, no entanto, faleceu no dia 22.02.1907, aos 88 anos, e quer nos parecer que a fotografia foi tirada em época posterior. No mesmo navio veio a família de seu filho Franz Rohrbacher, casado com Theresia, e os netos Carl e Franz. Seu filho Franz foi aquele que já havia estado em São Bento quando foi contratado pela Sociedade Colonizadora para retornar à Boêmia e trazer mais imigrantes, missão na qual logrou êxito. Houve um outro Josef Rohrbacher que imigrou com 5 anos ao Brasil, acompanhado dos pais Ignatz Rohrbacher e Anna Seidel, sendo ele neto paterno de Georg Rorhbacher e Anna Maria Oberhofner, e neto materno de Franz e Catharina Seidel. Desse Josef, no entanto, ainda não foi encontrado registro em São Bento do Sul. Consultas posteriores poderão esclarecer a identidade do personagem fotografado.

Josef Augustin. Nascido e batizado em Santa Katharina, na Boêmia, sendo filho de Johann Augustin e Theresia Altmann, com quem veio ao Brasil a bordo do Humboldt em 1876. A família recebeu um lote colonial na Estrada das Neves. Além de moleiro, foi também músico, tendo feito parte da primeira bandinha que se tem notícia em São Bento, conhecida como Kapelle Augustin, da qual fazia parte também seu irmão Johann. Casou-se em São Bento do Sul no dia 20.11.1884 com Clara Rohrbacher,  filha de Georg Rohrbacher e Rosalia Stöberl, que imigraram pelo mesmo Humboldt em 1876, neta paterna de Carl Rohrbacher e Theresia Schreiner. Sua esposa faleceu aos 47 anos em 15.07.1911. Até o momento, são os conhecidos as filhas Francisca e Maria, esta última falecida aos 10 meses de idade.

Josef Robl. Operário, filho de Franziska Robl. Imigrou ao Brasil vindo de Schwarzenberg, na Bavária, com a mãe e a esposa Anna Pongratz, de Warzenried, filha de Anton Pongratz e Barbara Weiss. Moravam na estrada Argollo. Josef Robl faleceu no dia 07.04.1923, aos 75 anos, enquanto que sua esposa veio a falecer em 06.11.1937, aos 86 anos. O casal teve, ao que se tem conhecimento, os filhos Catharina, Francisco e José.

Wenzel Pscheidt. Nascido em Hammern, na Boêmia, no dia 17.07.1845, como filho de Wenzel Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner. Casou-se com Barbara Augusitn, filha de Josef Augustin e Ana Maria Modeln ou Modl. A família veio ao Brasil pelo Humboldt, em 1876. No mesmo ano, Wenzelu recebeu um lote colonial na Estrada dos Banhados a oeste. Moraram na Estrada das Neves. A esposa Barbara Augustin faleceu no dia 18.08.1927, aos 70 anos, enquanto que Wenzel Pscheidt faleceu no dia 19.02.1933. O casal teve, ao menos, os filhos José, Wenceslau, Maria, outro José e Bárbara.

Josef Zipperer (atrás, em pé). Nascido em Flecken no dia 14.11.1847, filho dos também imigrantes Anton Zipperer e Elisabeth Mischek, neto paterno de Jakob Zipperer e Theresia Bohmann, e neto materno de Thomas Mischek e Barbara Krall. Imigrou com os pais ao Brasil em 1873, a bordo do Zanzibar, tendo sido um dos primeiros proprietários de lote em São Bento do Sul. Casou-se no dia 18.04.1877 com Anna Maria Pscheidt, filha de Wenzel Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner, com quem teve os filhos Jorge, Wenceslau, José, Bárbara, Eva, Martim, um filho sem nome e Carlos. Sua esposa Anna Maria faleceu em 27.09.1933, e Josef Zipperer em 14.11.1934. As reminiscências do autor sobre a época da colonização deram origem ao livro “São Bento no Passado”, hoje uma das principais fontes históricas da cidade.

João Schreiner. Personagem cuja identidade ainda é desconhecida, podendo se tratar de filho do outro Johann Schreiner, também presente na fotografia, ou de seu irmão Luiz/Aloís Schreiner. No entanto, nesse caso não se trataria de imigrante, mas já teria nascido em solo brasileiro. Não há registros de outra família Schreiner que tenha imigrado para São Bento na época em questão.

Segunda fileira, partindo do lado esquerdo:

Alois Kahlhofer. Natural de Eisenstrass, na Boêmia, filho de Wenzel Kahlhofer e Franziska Kerschel. Imigrou em data e navio desconhecidos ao Brasil, tendo se casado em São Bento no dia 12.07.1880, aos 22 anos, com Therezia Maier, de 17 anos, natural de Hammern, na Boêmia, filha de Franz Maier e Anna Krall, neta paterna de Peter Maier e Therezia Zipperer, e neta materna de Franz e Theresia Krall. O casal teve ao menos os filhos Wenceslau, Catharina, Maria e Thereza. Aloys faleceu no dia 22.02.1939 em Mato Preto, aos 71 anos (SIC?), e sua esposa no dia 30.09.1948, aos 85 anos.

Roberto Hümmelgen. Nascido e batizado em Mühlheim sobre o Ruhr, filho de Wilhelm Hümmelhen, um dos imigrantes pioneiros de São Bento, e de sua esposa Theodora aus dem Bruch, que imigraram ao Brasil em 1873 a bordo do Guttenberg. Protestante, casou-se na igreja católica de São Bento no dia 26.03.1882 com Emma Swarowsky, nascida em 17.05.1862 em Schunburg, tendo sido batizada em Prichowitz,  e que veio ao Brasil em data e navio desconhecidos, filha de Johann Swarowsky e de Mathildes Schier. Com ela teve, ao menos, os filhos Frida e Irma.

Wilhelm Beckert. Natural de Catharinenberg e batizado em Reichenberg, na Boêmia, sendo filho de Anton Beckert, um dos pioneiros de São Bento do Sul, e sua esposa Carolina Hermann, com quem imigrou ao Brasil a bordo do Guttenberg, em 1873. Casou-se em São Bento no dia 15.02.1881, aos 22 anos, com Maria Stoll, de 18 anos, natural da Colônia Dona Francisca, filha de Jacob (Gottlieb) Stoll e Mari Schütz. Tiveram, ao menos, os filhos Carolina, Antônio, um sem nome e Guilherme.

Johann Müller. Filho de Wenzel Müller e Thereza Waldhausen, imigrou ao Brasil vindo de Stadtler (Kunzstetten), na Boêmia, a bordo do Santos, em 1877, tendo então 27 anos, e trazendo consigo a esposa Pauline Wolf, filha de Georg Wolf e Paulina Blechinger. Moravam na Estrada dos Banhados e tiveram, ao que se tem conhecimento, os filhos Carlos, Bertha, Francisco José, Maria, Anna e Wenceslau.

Josef Wand. Imigrou de Sonnenberg, na Boêmia, em 1877, a bordo do Rio, contando com 32 anos e sendo qualificado como operário. Trouxe consigo a esposa Rosine Kausch ou Hausch, que faleceu em 20.03.1914, aos 69 anos. Josef Wand veio a falecer em 15.11.1939, aos 93 anos. Era professor em 1899 na Estrada dos Bugres.

Jacob Liebl. Natural de Hammern, na Boêmia, filho de Kasper Liebl e Anna Maria Muckenschnabel,com quem imigrou ao Brasil em 1876 a bordo do Humboldt. Casou-se em São Bento no dia 23.01.1882 com Catharina Augustin, filha de Josef Augustin e Anna Maria Model. O casal era lavrador na Estrada dos Banhados e teve, ao que se sabe: Antônio, Francisca e Jacob.

Friedrich Labanz (no livro está “Lawanz”). Natural de Fedlis(?), na Prússia, imigrou ao Brasil de Eichstedt, também na Prússia, em 1876 a bordo do Bahia, trazendo consigo a esposa Wilhelmine Witt, natural de Münsterwalde, na Prússia Ocidental, filha de Michael e Relina Witt. Tiveram ao menos os filhos Ida Bertha, Emília, Alma Ottília, Maria Augusta, Hedwiges Agnes e Germano. Wilhelmine Witt faleceu aos 76 anos, no dia 05.06.1924, na casa da família, localizada  na Estrada Bismarck. Friedrich Labanz, ou Labenz, por sua vez, faleceu no dia 13.11.1925, aos 78 anos, na casa de seu genro Bertholdo Feix, situada à Estrada Dona Francisca.

Michael Roerl. Natural da Bavária, filho de Georg Roerl e Barbara Titz. Imigrou ao Brasil pelo Humboldt em 1876. Casou-se com Maria Krewsowa, natural da Boêmia, filha de João Krewens e Dorothea Krewsowa, com quem morava na Estrada das Neves. Maria faleceu no dia 07.12.1891, aos 48 anos, e Michael Roerl faleceu aos 82 anos no dia 26.01.1926. Foram pais de Michael, Josef, Catharina, Maria, José e possivelmente outros.

Gregor Wöhl. Filho de Andreas Wöhl e Theresia Hübner. Imigrou ao Brasil de Heinrichsdorf ou Grünwald, na Boêmia, a bordo do Vapor Vandalia, em 1876, contando à época com 29 anos. Trouxe consigo a esposa Mathilde Schwedler, de 29 anos, natural de Johannesberg, filha de Anton Schwedler e Joana Kleinert. O casal morava na Estrada das Neves. Gregor faleceu aos 78 anos no dia 01.10.1924. Teve com sua esposa os filhos Gregor, Anton, Julie, Roberto, Agostinho, Amália, Emília, Emílio, Estephania e Emílio Henrique, entre os que se tem conhecimento.

…. Liebl. Pode ser Josef, irmão de Jacob Liebl e Gaspar Liebl, também identificados na foto. Também pode ser Leopoldo ou Martim Liebl, imigrantes de outra família. Ou ainda pode ser um Carl Liebl, de uma terceira família, todas elas naturais de Hammern.

Sem Identificação (um pouco à frente de Liebl).

Terceira fileira, partindo do pedestal esquerdo:

Anton Görtner. Identidade ainda não definida. Houve um Anton Görnert, filho de outro Anton Görnert e de Anna Mensel, que veio ao Brasil de Gablonz, na Boêmia, a bordo do Valparaíso, em 1877, tendo na ocasião 45 anos, idade que parece muito avançada para ter ele sido retratado tanto tempo depois (estima-se que a foto seja do final da década de 10 e começo da década de 20). Esse Anton, no entanto, foi casado com outra Anna Mensel, filha de Domingos Mensel e Anna Mai, e com ela teve os filhos Anna, Julie, Maria, Anne e Bertha. Também houve em São Bento um imigrante chamado Anton Gärtner, mas que chegou ao Brasil apenas em 1881. A legenda da fotografia aponta que os imigrantes retratados chegaram entre os anos de 1873 e 1877. O caso ainda não está esclarecido.

Carl Zipperer. Nascido em Flecken, na Boêmia, no dia 18.10.1865, filho de Anton Zipperer, um dos imigrantes pioneiros da colonização de São Bento do Sul, e de sua esposa Elisabeth Mischek, neto paterno de Jakob Zipperer e Theresia Bohmann e neto materno de Thomas Mischek e Theresia Krall. Casou-se em São Bento do Sul no dia 04.05.1889 com Theresa Brey, filha de Carl Brey e Therezia Altmann, imigrantes de Santa Katharina, na Boêmia. Conta-se que Carl teria sido cervejeiro em Lençol, embora seu nome não aparça nos registros de impostos da época. O casal foi pai de José, Júlia, Bertha, Elisabeth, Maria, Rodolfo, Engelberto, Carlos e Hedwiges. Nos primeiros anos do século XX, Carl Zipperer se mudou para a região de Porto União, onde até hoje possui grande descendência.

Georg Dums. Existiram dois Georg Dums. O primeiro nasceu e foi e batizado em Grün, na Boêmia, sendo filho de Johann Dums e Barbara Pflanzer, na companhia de quem imigrou ao Brasil em 1876 a bordo do Humbolt. Em São Bento, casou-se aos 32 anos no dia 28.09.1891 com Maria Neppel, filha de Reinhold Neppel e Joana Seidl, neta paterna de Andreas e Thereza Neppel, e neta materna de Jacob Seidl. Ainda não são conhecidos prováveis filhos para o casal. O outro Georg Dums era natural de Hammern, na Boêmia, filho de Franz Dums e Anna Maria Linzmeyer. Foi casado com Maria Linzmeyer, natural de Roggenbaum, filha de Josef  Linzmeyer e Elisabeth Spaet. O casal imigrou ao Brasil em 1877 a bordo do Santos, tendo ele 37 anos e a esposa 29. Moravam na Estrada Dona Francisca e foram pais de Barbara, Ludwig, Francisco, Jorge, e possivelmente outros filhos.

Benedito Pscheidt. Nascido em Mühling e batizado em Neuern, na Boêmia, filho de Wenzel Pscheidt e Magdalena Zipperer, com quem imigrou a bordo do Humboldt em 1876. Casou-se em São Bento do Sul no dia 04.09.1883 com Franziska Lobermaier, que imigrou pelo mesmo navio, nascida e batizada em Santa Katharina, na Boêmia, filha de Georg Lobermaier e Barbara Grossl, neta paterna de Josef Lobermaier e Therezia Altmann, e neta materna de Wenzel Grossl e Barbara Pscheidt. O casal era lavrador na Estrada dos Banhados. Sua esposa Franziska faleceu aos 58 anos no dia 29.07.1923. Tiveram, ao menos, os filhos Barbara, Francisco e Benedito.

Dentro da varanda, partindo da esquerda:

Luiz Kollross. Ainda não é possível dizem com certeza de quem se trata, pois, a princípio, não houve um imigrante chamado Luiz ou Alois Kollross. Houve apenas dois filhos do imigrante Georg Kollross que se chamaram Aloysio (um com Catharina Linzmeyer em 1880 e outro com Therezia Müller em 1883), mas já eram nascidos no Brasil. Logo, não eram imigrantes. Georg Kollross veio ao Brasil a bordo do Bahia, em 1877. Pelo mesmo navio imigrou a família de um Thomas Kollross.

Karl Klinger. Imigrou solteiro ao Brasil em 1877, aos 24 anos, a bordo do Rio. Foi qualificado como marceneiro e imigrou de Maffersdorf, na Boêmia. Ainda não se tem informações sobre a sua família constituída no Brasil.

Luiz Schreiner (Aloís Schreiner). Nascido e batizado em Hammern, na Boêmia, filho dos imigrantes Lorenz Schreiner e Anna Maria Kirschbauer, que vieram ao Brasil em 1877 a bordo do Rio. Casou-se em São Bento no dia 20.10.1888, aos 25 anos, com Bertha Gruber.

Johann Schreiner. Nascido e batizado em Hammern, também filho de Lorenz Schreiner e Anna Maria Kirschenbauer, imigrados pelo Rio em 1877. Recebeu um lote colonizal na Estrada Rio Negro. Casou-se em São Bento no dia 19.12.1886, aos 25 anos, com Anna Maria Franz. Tiveram ao menos os filhos Therezia, Clara e Carlos.

Anton Fürst. Nascido e batizado em Hammern, na Boêmia, como filho natural de Anna Fürst. Imigrou  de Eisenstrass, solteiro, pelo Rio, em 1877. Em São Bento, casou-se no dia 20.09.1881 com Therzia Mühlbauer. Sua esposa faleceu aos 79 anos em 27.03.1939. Moravam na Estrada das Neves e tiveram, ao menos, os filhos Bárbara e José.

Benedito Beil. Nascido em Holschlag no dia 30.04.1856 e batizado em Gutwasser, na Boêmia, sendo filho natural de Peter Haden e Maria Beil ou Beyerl. Imigrou ao Brasil em 1874 a bordo do Shakespeare. Recebeu um lote na Estrada Argolo. Foi personagem do primeiro casamento boêmio de São Bento, ocorrido em julho de 1876 com Anna Maria Neppel, sua namorada ainda na Europa, filha de Georg Neppel e Franziska Hofbauer, que imigraram ao Brasil em 1876 pelo Humboldt. Os pais de Anna Maria foram contra o casamento. Do relacionamento, não parece ter havido geração. Anna Maria faleceu em 29.09.1885. Em 10.02.1886, Benedito voltou a se casar, dessa vez com Catharina Brandl, nascida em Eisenstrass, na Boêmia, em 21.03.1865, filha de Josef Brandl e Anna Schweinfurter, que imigraram ao Brasil também pelo Shakespeare em 1874, neta paterna de Michael Brandl e Margareth Mundl. Desse casamento, nasceram, não necessariamente na ordem, os filhos Luiz, Thereza, Maria, José, Carlos, Catharina, Engelberto, Benedito, Rodolfo e Paulo. Catharina Brandl faleceu no dia 04.02.1911, enquanto que Benedito Beil faleceu no dia 24.02.1928.

Gaspar Liebl. Nascido e batizado em Hammern, na Boêmia, sendo filho de outro Casper Liebl e de Anna Maria Muckenschnabel, que imigraram ao Brasil em 1876 a bordo do Humboldt. Gaspar casou-se em São Bento no dia 22.09.1885, aos 23 anos, com Anna Maria Augustin, de 18 anos, nascida e batizada também em Hammern, filha de Josef Augustin e Anna Modl. Sua esposa faleceu no dia 12.08.1955, aos 88 anos. Foram mais de ao menos Maria e Antônio.

1. Benedicto Pscheidt<!–[if supportFields]> XE “Pscheidt<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> fo de Magdalena Zipperer<!–[if supportFields]> XE “Zipperer<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> nasc. em Mühling<!–[if supportFields]> XE “Mühling<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> Ψ em Neuern<!–[if supportFields]> XE “Neuern<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> na Boêmia, casou a 04.09.18836, com Francisca Lobermaier. Testemunhas: José Zipperer e Fernando Altmann<!–[if supportFields]> XE “Altmann<![endif]–><!–[if supportFields]><![endif]–>. Sua futura esposa imigrou no mesmo Navio, ambos então com 13 anos. Reg 25 L.1 Casamentos Ig Cat SBS 1883. Benedicto e Georg acima eram casados com duas irmãs Lobermayer<!–[if supportFields]> XE “Lobermayer<![endif]–><!–[if supportFields]><![endif]–>. Ela † 29.07.1923 aos 58 anos 1. Lavradores na estrada dos Banhados

1.1. Barbara * 02.07.1884 Ψ4 03.07.1884 Padrinhos: André e Barbara Zipperer.

1.2. Francisca * 28.09.1886 Ψ 20.10.1886. Padrinhos: André Zipperer e sua mulher Bárbara

1.3. Benedito † 28.12.1911 “mordido de cobra” aos 20 anos 1.

Membros da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara

A única foto conhecida da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara, disponível no Arquivo Histórico de São Bento do Sul, foi publicada pela primeira vez no livro “São Bento no Passado”, de Josef Zipperer (1951). Nele, não existe citação a qualquer dos personagens que dela fazem parte, mas apenas do ano em que foi tirada – 1900. Osny Vasconcellos e Alexandre Pfeiffer reproduziram a fotografia no belo “São Bento – Cousas do Nosso Tempo”(1991), e de lambuja identificaram dois personagens: o presidente Friedrich Fendrich, que é o quinto da primeira fileira, ostentando grandiosa barba branca, e Johann Hoffmann, outro dos principais personagens da Sociedade, e que está imediatamente depois de Fendrich.

Recentemente, algumas novas descobertas têm sido feitas. A foto de Benedicto Bail, o noivo do primeiro casamento boêmio de São Bento do Sul, e que me foi cedida por Norma Huebl, permitiu que também esse personagem fosse identificado entre os membros da Sociedade. Na fotografia, Benedicto é o quarto da segunda fileira.


Fontes familiares também deram conta da participação dos irmãos Aloís e Johann Schreiner na Sociedade. A comparação de fotos permite considerar que Aloís Schreiner é o terceiro após Benedicto Bail. Johann, por sua vez, seria o próximo, penúltimo desta fileira.

Também recentemente, pude reconhecer meu bisavô Frederico Fendrich Filho na foto. É o quarto da terceira fileira, partindo da direita. Contava na época com 18 ou 19 anos. O professor Friedrich Fendrich, além de Frederico, teve um outro filho homem chamado Francisco, do qual não se sabe a idade, mas que, caso tenha sido mais velho, provavelmente também está presente na foto. O outro filho, José Fendrich, contava com 17 anos e, aparentemente, não estava na ocasião.

Ainda procurando comparar fotografias da época com essa fotografia da Sociedade, creio ter encontrado mais um membro. Paul Zschoerper, que foi o primeiro presidente da Sociedade dos Atiradores de nossa cidade, parece ser o mesmo que está na terceira fileira (o terceiro, contando o porta-bandeira). Traços fisionômicos como a barba, a testa larga e o cabelo são bastante semelhantes.

Até o momento, foram essas as descobertas e suposições que nos foram permitidas levantar a respeito dos membros da histórica foto da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara.

Meus Ancestrais: Família Brandl

I. MICHAEL BRANDL, que foi casado com Margareth Mundl e com ela teve:

II. JOSEF BRANDL, lavrador, nascido por volta de 1837 na região de Eisenstrass, na Boêmia. Ainda na Europa, casou-se com Anna Weinfalter ou Schweinfalter, nascida por volta de 1835, com quem imigrou ao Brasil em 1874, a bordo do Shakespeare, estabelecendo-se em São Bento do Sul num lote no lado oeste da Avenida Argolo. Sua esposa Anna faleceu no dia 15.10.1890, vítima de apoplexia, e foi sepultada no Cemitério Católico da sede de São Bento, não mais existente. Viúvo, Josef Brandl voltou a se casar no dia 08.10.1892 com Therezia Grossl, de Hammern, filha de Johann Grossl e Therezia Linzmeyer. Às 5h do dia 02.07.1917, na casa de seu genro Benedikt Beyerl, faleceu Josef Brandl, em consequência de velhice, deixando três filhos de maior idade, e sendo sepultado no Cemitério de São Bento, em túmulo desconhecido. Tiveram Josef e sua primeira esposa Anna Weinfalter, entre outros:

III. CATHARINA BRANDL, nascida em Eisenstrass no dia 21.03.1865, tendo imigrado ao Brasil em companhia de seus pais e irmãos. Casou-se em 10.02.1886 com Benedikt Beyerl, de Holschlag, filho de Peter Haden e Maria Beyerl, e viúvo de Anna Maria Neppel. Faleceu em São Bento do Sul no dia 04.02.1911, sendo sepultada no Cemitério Municipal da cidade. Teve geração conforme o título BAIL.

Meus Ancestrais: Família Bail

I. PETER HADEN, morador da Boêmia, e que não se casou com Maria Beyerl, mas com ela teve, entre outros:

II. BENEDIKT BEYERL, lavrador, noivo do primeiro casamento Boêmio de São Bento do Sul, membro da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara. Nasceu em Holschlag, na Boêmia, no dia 30.04.1856, tendo sido batizado em Gutwasser. Cedo ficou órfão. Arrumou emprego na marcenaria de Georg Neppel e enamorou-se por sua filha Anna Maria. A aproximação dos dois não foi vista com olhos por Georg, que despediu o humilde Benedikt. Em 1874, Benedikt Beyerl acompanha a família Gschwendtner em sua imigração ao Brasil, a porto do Shakespeare. Dois anos depois, também a família Neppel decidiu imigrar, o que permitiu que Benedikt e Anna Maria, que não haviam se esquecido um do outro, voltassem a se encontrar. Pouco tempo depois da chegada dos Neppel, e mesmo sem a aprovação dos pais de Anna Maria, ela e Benedikt se casaram em São Bento do Sul, em julho de 1876, sendo esse considerado, segundo a obra de Josef Blau,  o primeiro casamento boêmio da cidade. Dez anos depois, sua esposa faleceu, sem deixar geração conhecida. Em 10.02.1886, Benedikt se casou novamente em São Bento do Sul, dessa vez com Catharina Brandl, de Eisenstrass, filha de Josef Brandl e Anna Weinfalter. Na segunda metade dos anos de 1890 foi criada na cidade a Sociedade Auxiliadora Austro-húngara, uma agremiação destinada a reunir os imigrantes boêmios em suas necessidades. Sabemos da participação de Benedikt nessa Sociedade por conta de uma fotografia sua, já em idade avançada, que é idêntica a uma foto da dita Sociedade em 1900. Já em estado de viúvo, Benedikt Beyerl faleceu no dia 24.02.1928, tendo sido sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul. Teve da sua segunda esposa:

III. CATHARINA BAIL, doméstica, nascida em São Bento do Sul no dia 03.05.1896, tendo sido batizada em 18.05.1896 na Capela de Santa Cruz, em Rio Vermelho. Faleceu às 20h20 do dia 30.11.1974[1], em São Bento do Sul, vítima de acidente vascular cerebral, sendo sepultada no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, no mesmo túmulo de seu pai e seu esposo. Foi casada aos 27.08.1921[2], em São Bento do Sul, com Rodolfo Giese, filho de Karl Giese e Ida Bertha Labenz. Tiveram geração conforme o título GIESE.

[Para a reprodução do conteúdo, solicita-se a citação das fontes]


[1] Livro 4, fls 109 – Cartório do Registro Civil de São Bento do Sul.

[2] Livro 9, fls 146v – Cartório do Registro Civil de São Bento do Sul.

A Sociedade Auxiliadora Austro-húngara

Seguindo a tradição de se criar “sociedades culturais, recreativas e beneficentes” em colônias alemãs (FICKER 1973), São Bento do Sul também teve as suas. Já em 1881 existia a Sociedade Literária, que perdura até os nossos dias. Outra que resiste é a Sociedade dos Atiradores, criada em 1895. E os velhos boêmios, que imigraram ao Brasil na década de 1870, também decidiram criar a sua Sociedade Auxiliadora. Verdade é que uma das motivações para essa criação foi o ciúme que tinham da Sociedade dos Soldados Veteranos, como Josef Zipperer (1954) não fez nenhuma questão de esconder. Essa outra agremiação reunia alemães ex-combatentes de batalhas, como “as guerras de 1864-1866” e a “grande guerra contra a França”, em 1870 e 1871 (Idem). Cheio de condecorações estampadas no peito, era com grande galhardia que os membros desfilavam pelas ruas de São Bento no dia 02 de setembro, quando lembravam a batalha de Sedan, na guerra de 1870.

Os boêmios, embora mais rústicos, também tinham os seus ex-combatentes. Havia alguns que lutaram nas guerras na Dinamarca, contra os Prussianos, em Sadwa, e mesmo na Itália. Não poderiam, naturalmente, fazer parte da outra sociedade, já que lá estavam apenas os alemães prussianos, que há pouco tempo ainda estavam em guerra contra os austríacos. Quiserem então fazer uma sociedade á parte, e criaram a Sociedade Auxiliadora Austro-húngara.

Ao que parece, não existem muitos registros sobre essa sociedade – já teriam sido encontrados se houvessem. De modo que sabemos muito pouco sobre ela, além dos relatos de Zipperer. Sabemos por dedução que sua criação se deu entre os anos de 1895 e 1898. Primeiro, porque Zipperer diz que quando da criação da Sociedade, já existia o grupo dos Atiradores, e ele foi criado em 1895. Segundo, porque o mesmo autor cita um episódio dessa Sociedade que aconteceu em 1898. Quanto à duração, tampouco nos é possível precisar, mas sabemos pelas atas da Sociedade de Cantores que ainda existia em meados de 1906.

Meu trisavô Friedrich Fendrich foi presidente da Sociedade. Não se sabe durante qual período, ou se houveram outros. A Sociedade tinha uma bandeira que misturava o verde-amarelo do Brasil com o amarelo-preto da dinastia dos Habsburgos, que por séculos governaram a Áustria, e ainda governavam quando da criação da Sociedade.

A grande festa dessa associação era no dia 18 de agosto. Portando, apenas alguns dias antes da festa prussiana. Nesse dia se comemorava o aniversário de Francisco José, o imperador austríaco. Como os prussianos, agora os boêmios também poderiam desfilar nas vias púlicas. Aqueles que eram ex-combatentes poderiam, igualmente, exibir orgulhosamente as suas condecorações.

Zipperer descreve uma dessas festividades, falando que antes do desfile, membros e familiares assistiam a uma missa. Os festejos começavam em seguida, animados por bandas que tocavam canções da Boêmia, terra de todos eles. Terminavam o dia na cervejaria de Johann Hoffmann, que era o secretário da Sociedade.

A sede da sociedade era o salão de Josef Zipperer. Nas comemorações do ano de 1898, houve então um baile nesse salão. Ele nunca havia ficado tão cheio, com os membros e suas famílias, que “na maioria eram simples lavradores” (ZIPPERER 1954). Os dançarinos tiveram que ficar separados em grupos. Por essas dificuldades, a sociedade decidiu trocar de salão, e optou pelo salão de Hermann Knop (um pomerano! Zipperer julgou isso como uma verdadeira desfeita).

Os livros não nos apontam muitas coisas a mais sobre a Sociedade, além da fajuta visita do cônsul alemão, forjada por Zipperer para se vingar da desfeita, e que já foi narrada aqui. Eis uma foto dos membros em 1900:

E quem eram esses membros? Infelizmente a maioria não é mais possível descobrir. O livro de Vasconcellos nos dá o nome de dois: o presidente Friedrich Fendrich, que é o quinto da primeira fileira, partindo da esquerda, e ainda o do secretário Johann Hoffmann. Esse era também cervejeiro, e teve a infelicidade de ser desafeto do Dr. Philipp Maria Wolf, que, nas suas críticas, dizia que fazia parte de “agremiações idiotas”. Todos os outros fotografados são tratados como incógnitos. Mas algumas descobertas foram feitas. Por fontes de tradição familiar, sabemos também que faziam parte Aloís Schreiner e seu irmão Johann Schreiner. Aloís é provavelmente o terceiro da segunda fileira, partindo da direita. Seu irmão Johann provavelmente estava perto, podendo ser o que está antes dele. Mas isso ainda não é possível afirmar. Graças a foto de Benedicto Bail que recebi de Norma Huebl e ao olhar clínico de Rose Vidal Teixeira, descobri que também ele fez parte da Sociedade! Isso era algo totalmente desconhecido, embora bem possível. Uma pequena descoberta como essa é cheia de significação e importância, ainda mais que foi feita exatamente na semana que lembro o seu 80º aniversário de falecimento. Ele é o quarto da segunda fileira, partindo da esquerda. Está atrás de Fendrich (o que também me leva a uma conclusão curiosa: o avô do meu opa conhecia o avô da minha oma). Nesse post aqui, tem a foto do Benedicto que mostra traços idênticos, embora nessa ele já estivesse mais velho: http://coisavelha.blogspot.com/2007/09/benedikt-beyerl.html

Suponho que Jacob Treml também fizesse parte da Sociedade. Digo isso porque, além de ser boêmio, ele era veterano de guerra. Quem seria ele naquela foto? O mesmo podemos dizer de Georg Gschwendtner, cuja identidade na foto só será possível descobrir se porventura um descendente tiver alguma relíquia que permita a comparação. Tantos e tradicionais sobrenomes boêmios em São Bento também certamente devem estar representados nessa foto. As buscas continuam, tanto pela identificação como no detalhamento das atividades da sociedade.

80 Anos do Falecimento de Benedicto Bail

No dia 24.02.1928 faleceu meu trisavô Benedicto Bail[1], tido como o noivo do primeiro casamento boêmio de São Bento do Sul[2]. Nasceu em 30.04.1856 em Holschlag e foi batizado em Gutwasser, ambas aldeias da Boêmia.[3] Conforme o registro de imigração, no entanto, ele seria natural de Haidl, atualmente Zhuri. Era filho natural de Maria Bail, e tinha ao menos uma irmã mais velha, chamada Bárbara Bail. Conta a história que cedo os dois ficaram órfãos.

Benedicto, ainda rapazote, se empregou na marcenaria de Georg Neppel. E lá conheceu Anna Maria Neppel, a filha de seu chefe. Não demorou muito até que os dois acabassem se enamorando. O que não foi visto com bons olhos por Georg, que teria então demitido Benedicto, achando que a filha merecia melhor destino do que ter um noivo órfão e bastante humilde. A separação forçada não foi suficiente, no entanto, para que os dois deixassem de se gostar.

Mas sem muitas perspectivas de vida, Benedicto decidiu acompanhar seus padrinhos Georg Gschwendtner e Francisca Raiel[4] quando imigraram ao Brasil. Veio então com o Navio Shakespeare, que saiu de Hamburgo no dia 20.09.1874 e chegou em São Francisco do Sul a 11.11.1874. Então subiram a serra até São Bento, onde passaram a morar. Benedicto morava onde hoje é a Rua Antônio Hilgenstieler. Como quase todos naquela época, também trabalhou como lavrador.

Reza a tradição que Benedicto e Anna Maria Neppel, ainda apaixonados, continuaram trocando cartas, ele em São Bento e ela na Europa. O que é de difícil comprovação, afinal cremos que Benedicto não sabia ler ou escrever. Além do mais, foram poucos os navios que vieram entre 1874, ano de imigração de Benedicto, e 1876, quando Anna Maria imigrou.

De fato, os Neppel também passaram a ter dificuldades na Europa e acharam que o melhor seria tentar a sorte em outro lugar. E esse lugar foi exatamente São Bento. Vieram pelo navio Humboldt que saiu de Hamburgo em 15.04.1876 e chegou em São Francisco do Sul no dia 11.06.1876.

Após longo período, Benedito e Anna Maria finalmente puderam se reencontrar, agora em solo brasileiro. Certamente, o novo encontro trouxe à tona todos aqueles sentimentos que haviam sido tolhidos pela separação imposta pelo pai da noiva. Com as esperanças renovadas, o casal decidiu enfrentar a oposição da família Neppel. E tanta era a vontade de legitimar a união, que um mês depois de Anna Maria chegar ao Brasil, ela e Benedicto já estavam se casando.

A data do casamento foi marcada para 10.07.1876, na próxima visita que faria o Pe. Carlos em São Bento. A refeição matinal do noivo naquele dia foi na casa de Franz Pöschl, cunhado de Benedicto e o almoço na casa de Georg Bayerl[5]. A Johann Christoff coube a missão de divulgar a notícia desse casamento. Para isso, ao fazer o seu pronunciamento, desenha com giz um convite na porta da casa das pessoas.

Benedicto, que não era, como visto, dos mais afortunados financeiramente, começou a se preocupar com a roupa que teria que vestir na ocasião do casamento – pois não tinha nenhuma em condições para cerimônia tão especial! Quem conseguiu um terno para ele foi Josef Augustin. Benedicto vestiu, o terno serviu, e foi com ele que esteve durante o casamento.

No dia do casamento, os músicos já estavam a postos na casa de Franz Pöschl. A primeira bandinha de São Bento tocou no primeiro casamento boêmio. O primeiro convidado a chegar foi Georg Gschwendtner, tido como padrinho do noivo. E como era costume, recebeu uma garrafa de vinha por isso. A todos que chegavam, era oferecido uma cerveja de gengibre, num caneco especial. Os conviddados também eram enfeitados com ramos e fitas coloridas. Havia bolos, cucas e salgados, além de café. E tudo isso servido em mesas pra lá de rústicas, como tudo o mais era rústico naquele tempo.

Era a celebração da união de Benedict e Anna Maria, contra a vontade dos Neppel. Houve, como costuma acontecer em muitas festas, uma “discussão acalorada”, pra não dizer uma briga, entre Franz Pöschl e Georg Seidl. Este havia emprestado uma pistola para Pöschl dar uma salva de tiros. Seidl estava tomando a sua cerveja de gengibre, e logo passou a se sentir tonto. Mesmo assim, estava tentando recarregar a pistola, mas acabou derramando pólvora fora do cano, e não dentro. Quando apertou o gatilho, só a espoleta estourou. Isso teria despertado a primeira discussão em um casamento na cidade, mas que logo foi controlada e apaziguada pelos demais convidados.

Fora isso, a festa seguia, animada por canções da velha Boêmia. Johann Grossl, fervoroso rezador, fez um Pai Nosso pedindo bênçãos aos noivos, além de orações pelos parentes já falecidos – como os pais de Benedicto. Feito isso, seguiu-se para a pequena capela do Santíssimo Coração de Maria, que ficava a cerca de 2 quilômetros da casa de Franz Pöschl. Para lá sergiu o cortejo nupcial. Atrás dos músicos vinha Anna Maria, acompanhada do jovem Franz Grossl, o seu guia, e Benedict acompanhado de Theresia Zipperer, a “dama de honra”. Havia ainda a representante da mãe da noiva, que foi Margareth Schiessl.

Já na capela, os dois se casaram perante o Pe. Carlos Boergershausen. Era a consumação dos desejos do casal, da paixão que começara na Europa, que fora interrompida, e que ressurgira com força total em solo são-bentense, a despeito da oposição dos Neppel. Consta que os pais da noiva permaneceram firmes e não apareceram na cerimônia de casamento da filha. Na oportunidade, também se casaram Johann Schiessl e Barbara Simet.

Depois de finda a cerimônica religiosa, foram para o hotel e restaurante de Georg Bayerl, onde a comida já estava pronta e a cerveja fora preparada pelo próprio dono. Lá também se inicou outro costume da terra natal daquelas pessoas, que era a corrida pela “offaschüssel”, uma espécie de pá de madeira, com um cabo comprido. Sob ela se deitava a massa de pão para colocá-la no forno e assim assá-la. A pá era enfeitada e colocada numa distância entre 100 e 200 metros dos “corredores” concorrentes. Vários homens se dispunham a correr. Quem venceu foi Georg Gschwendtner. Como prêmio, podia dançar com a representante da noiva, quando as danças tivessem início.

Os convidados tratavam então de sentar-se às meses, em cujo centro estava um prato para se colocar o preço da refeição, já anunciado no dia do convite por Johann Christoff, e que era de mil réis. Benedict Bail e Anna Maria Neppel sentaram-se num canto do salão, sob um crucifixo. Os parentes mais próximos sentaram-se perto. Quando todos já estavam acomodados, o dono da casa rezou em voz alta as orações de costume nessas ocasiões, as quais eram respondidas pelos convidados. Depois todos almoçaram.

Quando terminaram, as mesas foram arrumadas. Anna Maria caminhou sob uma passarela de meses em direção ao centro do salão. Fez isso em companhia de Franz Grossl, o seu “guia”. Começou então a dança da noiva, a primeira feita exatamente com Grossl. A seguinte foi chamado Benedicto Bail, e então o casal dançou pelo salão. Depois de tantos problemas, proibições e distância, não estavam os dois ali casados e dançando para celebrar a união? Essa dança também foi dançada por Franz Grossl e Therezia Zipperer, além de Georg Gschwendtner, o vencedor da “offaschüssel”, e a representante da mãe da noiva.

Depois seria a hora de chamar o pai de Benedicto. Como ele há longo tempo já descansanva no solo de sua pátria, foi rezado um Pai Nosso pelo descanso de sua alma. O pai da noiva também seria chamado, mas, como dito, ele não compareceu. Depois foram chamados os padrinhos e depos os demais parentes. E ao final, todos os convidados puderam dançar pelo salão.

O simples Benedicto viveu menos de dez anos em companhia de Anna Maria. No dia 29.09.1885 Anna faleceu, vítima de tifo. Era o triste fim do relacionamento que começara ainda na Boêmia. Não sabemos se nessa época houve alguma alteração no relacionamento de Benedicto com os pais da noiva. Sabemos que em 1884, Benedicto aparece como testemunha de casamento de Josef Neppel e também de Aloís Neppel, irmãos de Anna Maria, de modo que sabemos que mantinham relações. Não temos notícia de filhos de Benedicto com sua primeira esposa Anna Maria Neppel.

Algum tempo depois de ficar viúvo, Benedicto se casou novamente, dessa vez com Catharina Brandl, que ainda criança também imigrou pelo Shakespeare em 1874. Transcrevemos o registro de seu casamento, conforme os livros da Igreja Católica de São Bento do Sul:

“A dez de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e seis, às 10 horas da manhã, na Capella do Smo. Coração de Maria deste Municipio de S. Bento, feitos os tres banhos canonicos a 24 e 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro do corrente anno, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mutuo consentimento na forma do sagrado Concilio de Trento, em minha presença e das testemunhas José Schroeder e Jorge Weiss, receberão-se em matrimonio Bendedicto (sic) Beierl e Catharina Prandl, elle de idade de 30 annos, viuvo por obito de sua primeira mulher Maria Neppel, filho natural de Maria Beierl, nascido em Holzschlag e baptisado em Gutwasser na Bohemia, e ella de idade de 18 annos, solteira, filha legitima de José Prandl e Anna Weinfalter, nascida e baptisada em Eisenstrass, também na Bohemia, ambos os contrahentes livres, estrangeiros, lavradores e moradores neste Municipio. E logo em seguida na missa pro sponcis lhes dei a Benção Nupcial Solemne do que para constar lavrei este termo que assignei com as testemunhas. O Vigário Pe. Carlos Boegershausen”.

Desse casamento nasceram os seguintes filhos, não necessariamente na ordem:

Luiz Bail, casado com Francisca Fleischmann.
Thereza Bail, casada com Engelberto Bechler.
Maria Bail, casada com Otto Zeithammer.
José Bail, casado com Martha Maahs.
Carlos Bail, casado com Maria Quandt.
Engelberto Bail, casado com Paula Heiden.
Catharina Bail, casada com Rodolfo Giese.
Benedicto Bail, casado com Maria Grosskopf.
Rodolfo Bail, casado com Margarida Hübl.
Paulo Bail, casado com Marta Grosskopf.

A vida de Benedicto já havia tido perdas prematuras, e ele teve ainda mais uma em 04.02.1912. Nesse dia faleceu, com cerca de 43 anos, sua segunda esposa Catharina Brandl. Faleceu antes de seu pai, Josef Brandl, que continuou morando com seu genro Benedicto até falecer em 1917. Já Benedicto, faleceu no dia 24.02.1928, conforme atesta o registro de óbito que tivemos o cuidado de transcrever abaixo:

“Aos vinte e cinco dias do mez de Fevereiro do ano mil novecentos e vinte e oito, nesta villa de São Bento, Estado de Santa Catarina, em meu cartório compareceu Benedito Bail e perante as testemunhas abaixo assignadas declarou que no dia de hontem às dezoito e meia horas, falleceu em seu domicilio na Estrada Argolo, neste distrito, seu pai Benedicto Bail, vítima de fraqueza cardíaca, com idade de 71 anos, natural de Áustria, de cor branca, profissão lavrador, viúvo de Catharina Brandl, de filiação ignorada, residia à dita Estrada Argolo, tendo fallecido sem assistência médica, não deixa bens, vae ser sepultado no Cemitério Público desta villa de São Bento, do que para constar lavrei o presente termo, depois de lido e achado conforme, assina Luiz Guenther a rogo do declarante, por não saber este escrever, conforme declarou, com as testemunhas que são Paulo Grossl, alfaiate, e Antônio Ruzanowski, ambos residentes nesse districto. Eu, Erico Bollmann, official do Registro Civil, o escrevi e também assigno.”

Benedicto está sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, no lado esquerdo de quem entra pela escadaria, no mesmo túmulo em que descansa sua filha Catharina Bail e o esposo desta, Rodolfo Giese. Cremos que há um equívoco na sua lápide ao afirmar que nascera em 1854, quando na verdade foi 1856. O fato de seu filho ser analfabeto comprova novamente que Benedicto deve ter tido uma vida muita simples e sob condições bastante humildes.

[1] A grafia varia muito de documento para documento, podendo ser Bail, Beil, Beyerl, Bayerl, e assim por diante. Os descendentes de Benedicto usam, quase todos, “Bail”, razão pela qual também é essa a grafia que aqui adotamos.
[2] A história é tratada no livro de Josef Blau “Bayern in Brasilien” e também no “São Bento do Passado”, de Josef Zipperer. Também já foram realizadas apresentações teatrais.
[3] Holschlag atualmente se chama Paseka e contava com a seguinte população e moradias: em 1910 eram 172 habitantes morando em 8 casas; em 1921 eram 9 casas, e desconhecemos a população. Paseka fica a cerca de 3 quilômetros de Zhuri. Já Gutwasser, em nossos dias se chama Dobrá Voda, a 5,7 quilômetros de Paseka.
[4] A informação de que eram padrinhos de Benedicto está no livro “São Bento na Memória das Gerações”, de Alexandre Pfeiffer.
[5] Não sabemos ainda qual o parentesco com Benedito, se de fato existe, como o cremos. George Bayerl também veio pelo navio Shakespeare em 1874.

23. Catharina Brandl (1865-1912)

Minha trisavó Catharina Brandl nasceu em 21.03.1865 na região de Eisenstrass, próxima da divisa entre Boêmia e Bavária. Veio para o Brasil com os pais e irmãos a bordo do Navio Shakespeare em 1874. Por esse mesmo navio viria o seu futuro esposo, Benedikt Beyerl.
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Eis o registro desse casamento, conforme os livros da Igreja Católica de São Bento do Sul:
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“A dez de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e seis, às 10 horas da manhã, na Capella do Smo. Coração de Maria deste Municipio de S. Bento, feitos os tres banhos canonicos a 24 e 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro do corrente anno, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mutuo consentimento na forma do sagrado Concilio de Trento, em minha presença e das testemunhas José Schroeder e Jorge Weiss, receberão-se em matrimonio Bendedicto (sic) Beierl e Catharina Prandl, elle de idade de 30 annos, viuvo por obito de sua primeira mulher Maria Neppel, filho natural de Maria Beierl, nascido em Holzschlag e baptisado em Gutwasser na Bohemia, e ella de idade de 18 annos, solteira, filha legitima de José Prandl e Anna Weinfalter, nascida e baptisada em Eisenstrass, também na Bohemia, ambos os contrahentes livres, estrangeiros, lavradores e moradores neste Municipio. E logo em seguida na missa pro sponcis lhes dei a Benção Nupcial Solemne do que para constar lavrei este termo que assignei com as testemunhas. O Vigário Pe. Carlos Boegershausen”.
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A grafia nesse registro está como “Prandl”, mas os dados de imigração e mesmo outros da família apontam para “Brandl”. Tendo nascido em 1865, Catharina não poderia ter 18 anos em 1886. Há portanto algum equívoco, certamente involuntário, por parte do padre.
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Desse casamento, nasceriam os seguites filhos, não necessariamente na ordem: Luiz Bail, casado com Francisca Fleischmann; Thereza Bail, casada com Engelberto Bechler; Maria Bail, casada com Otto Zeithammer; José Bail, casado com Marta Maahs; Carlos Bail, casado com Maria Quandt; Engelberto Bail, casado com Paula Heiden; Benedito Bail, casado com Maria Grosskopf; Catharina Bail, casada com Rodolfo Giese; Rodolfo Bail, casado com Margarida Hübl; e Paulo Bail, casado com Marta Grosskopf.
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Catharina faleceu em 04.02.1912 ou 1911, pois também há alguma divergência nesse ponto. De qualquer forma, ainda era nova, e com isso Benedicto Bail ficou viúvo pela segunda vez.

Benedikt Beyerl

Meu trisavô Benedikt Beyerl (Benedito Bail) nasceu na Boêmia em 30.04.1854, como filho natural de Maria Beyerl. Teve ao menos mais uma irmã mais velha, chamada Barbara. Cedo ficou órfão, e teve que se virar sozinho para conseguir o que queria. Era ainda um rapazote quando se empregou na marcenaria de Georg Neppel, casado com Franziska Hofbauer. O casal Georg e Franziska tinha uma bela filha, chamada Anna Maria Neppel, que era um pouco mais velha que Benedikt. Pois não é que os dois acabaram se apaixonando?
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Essa paixão repentina não foi vista com bons olhos por Georg Neppel, o pai da moça. Na verdade, Benedikt era de origem bastante humilde, e não sabia ler ou escrever. A história diz que como Georg não concordava com esse namoro, mandou Benedikt embora da marcenaria.
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Em 1874, ele imigrou para o Brasil, em companhia da família Gschwendtner, com o qual era aparentado, e com a família de sua irmã Bárbara, casada com Franz Pöschl. Viajaram pelo navio Shakespeare e vieram parar em São Bento do Sul, uma colônia que fora fundada no ano anterior com os imigrantes que não cabiam mais em Joinville. Ali adquiriu um lote onde hoje está a rua Antônio Hilgenstieler.
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Apesar de não mais poder ver Anna Maria Neppel, que ficara na Boêmia, Benedikt ainda gostava bastante dela. Tanto é assim que a história diz que o casal chegou a trocar algumas cartas nessa época. Na verdade, se de fato trocaram cartas, elas não devem ter sido muitas, por causa da precariedade de meios que se vivia em São Bento naquela época. Além disso, foram poucos os barcos que vieram para o porto de São Francisco do Sul entre 1874-1876, por onde as cartas viajariam rumo à Europa. E como dito, Benedikt não sabia escrever, embora houvesse já nessa época pessoas que escreviam cartas para os colonos analfabetos, como por exemplo Josef Zipperer.
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Mas já em 1876, a família Neppel também passava por dificuldas na Europa, e decidiu imigrar para o Brasil também. Vieram a bordo do navio Humboldt, e foram parar justamente em São Bento do Sul! Benedikt e Anna Maria puderam enfim se reencontrar e renovar as promessas que fizeram ainda na Europa. E tudo isso continuava não sendo visto com bons olhos pelo pai.
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Apesar de não receber o apoio do pai, Anna Maria decidiu-se: iria se casar com Benedikt. Tamanha era a vontade dos dois que já um mês depois que Anna Maria estava no Brasil, o padre Karl Boegershausen celebrava a união dos dois. Foi o primeiro casamento boêmio de São Bento, em julho de 1876. Essa também foi a primeira ocasião em que houve um banda de música animando um evento público na colônia de São Bento, com a Banda Augustin. O romance, enfim, começado na Boêmia, tivera a sua união já por essas plagas, a despeito da contrariedade dos pais da noiva.
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O casal viveu bem e feliz por quase 10 anos. Ao que parece, não tiveram filhos. Ao menos, não foram encontrado registros. Mas em 29.09.1885, Anna Maria faleceu, vítima de tifo, quando contava com apenas 35 anos.
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No ano seguinte, Benedikt contraiu segundas núpcias com Catharina Brandl, filha de Josef Brandl e Anna Weinfalter ou Schweinfuter, neta materna de Michael Brandl e Margareth Mundl. Com a segunda esposa, Benedikt teria grande descendência, sendo dez os filhos e muitos os netos.
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Catharina Brandl faleceu também prematuramente, em 1911, deixando Benedikt viúvo pela segunda vez. Vivia então em companhia do seu sogro, até esse falecer também em 1917.
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Já Benedikt Beyerl, faleceu em 28.02.1928, e está sepultado no Cemitério Municipal de São Bento, no mesmo túmulo de sua filha Catharina Bail e seu genro Rodolfo Giese.
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Grafia: O sobrenome Beyerl varia muito nos documentos, sendo escrito como Bayerl, Beyerl, Bail, Beil, etc. Muitos dos descendentes de Benedikt passaram a usar o “Bail” como a forma correta.
Foto: cedida por Norma Hoenicke Huebl