Uma das primeiras mulheres na história de São Bento do Sul se chamava, por redundância, Eva. Nasceu na Prússia, filha de Johann Daniel Bormann e Dorothea Fenske. O primeiro Adão de nossa Eva chamava-se Michael Witt, de quem já tratamos aqui, e que foi o primeiro imigrante chefe de família a falecer em São Bento do Sul. Viúva, Eva Bormann voltou a se casar com Mathias Piritsch, de quem também já falamos, e que foi o primeiro suicida da cidade – ou seja, Eva se casou com o primeiro imigrante que morreu de morte morrida e também com o primeiro que morreu de morte suicidada.
Eva não deve ter sofrido pouco. A morte prematura do marido com quem imigrara provavelmente representou um abalo nas esperanças que tinha quando decidiu vir ao Brasil. O segundo casamento, após três anos da imigração, indica uma superação da dor inicial e uma adaptação à nova realidade. Mas também esse casamento não teve um bom desfecho – ao contrário, terminou em um evento bastante traumático.
Mas tudo indica que Eva era realmente forte. Em 1891, sete anos após o suicídio de Piritsch, e já estando na casa dos sessenta anos de idade, ela voltou a se casar. Dessa vez, o escolhido foi um sueco chamado Otto Svenson, aproximadamente vinte anos (!) mais novo do que ela. Svenson teve mais sorte do que os outros maridos, e não foi o primeiro a morrer de algum jeito – embora talvez tenha sido o primeiro sueco a morrer na cidade. O terceiro casamento de Eva durou quinze anos, até ela falecer em 02.12.1906.
Na ocasião, Eva já contava com mais de 80 anos. Morreu de morte natural, então? Nada. Eva era realmente forte. Faleceu vítima de mordida de uma cobra. Se não fosse por ela, ninguém sabe quantos anos mais viveria – quem sabe chegasse a ter um quarto casamento.