Venho comentando há algum tempo aqui no blog sobre a inconsistência que encontrei quanto ao nome do pai do imigrante Anton Zipperer, pioneiro na colonização de São Bento do Sul, e ancestral de todos os atuais portadores do sobrenome na região. A versão propagada em trabalhos recentes, como o de José Kormann sobre o “Tronco Zipperer”, apontava como pai de Anton um certo Adam Zipperer. A origem dessa versão, imagino, é o livro de Josef Blau chamado “Bayern in Brasilien”, que contém um capítulo específico sobre a família, e nele cita, justamente, Adam Zipperer como o pai de Anton.
Eu também havia aceitado essa versão, que ganhava ainda mais credibilidade ao lembrarmos que Blau escreveu seu livro com base em referências feitas pelos são-bentenses Jorge e Martim Zipperer – netos do imigrante Anton Zipperer. Assim, imaginei que foram os dois que passaram a Blau a informação de que seu avô era filho de Adam Zipperer e, assim sendo, não haveria qualquer motivo para colocar dúvidas quanto a essa versão.
Passei a ficar intrigado, no entanto, quando recebi de um pesquisador tcheco a informação de que o registro de casamento de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck aponta como pai do noivo um Jakob Zipperer – nome que, segundo Blau, era o pai de Adam. Cogitei que pudesse ter havido equívoco na transcrição feita pelo padre, coisa que acontecia com frequência. Mas, logo em seguida, abandonei de vez a hipótese de Adam ser o pai.
Isso porque havia recebido de outro pesquisador tcheco as informações contidas no próprio registro de batismo de Anton Zipperer, em 1813, e nele consta claramente que seu pai era Jakob Zipperer, o mesmo nome que consta por ocasião do seu casamento. À força dos documentos, eu era levado a crer que Jorge e Martim Zipperer haviam, de alguma maneira, se equivocado ao passar informações familiares para o livro de Josef Blau.
Agora, no entanto, descobri que eles não tiveram culpa. Recebi há alguns dias um extenso e bem cuidado trabalho do primo Osny Zipperer, neto de Jorge, no qual existem referências e até mesmo transcrições de valiosos documentos familiares. Entre eles, existem diversas cartas trocadas entre Jorge e seus parentes por ocasião da sua viagem à Boêmia, em 1938. Numa delas, quando já voltara ao Brasil, Jorge escrevia a certa Zipperer da Europa:
“Meu avô Anton Zipperer, nascido em Flecken em 1813, era o único filho de uma viúva, e era em seu lar denominado como o “Witwentoni”. Meu avô era morador em Krouhansel em Flecken, seu pai chamava-se Jacob, se não me engano”.
Disso se conclui que não veio de Jorge Zipperer a informação de que Anton era filho de Adam Zipperer. Ao contrário, Jorge acreditava, mas não tinha certeza, de que seu bisavô se chamava Jakob Zipperer. Os documentos encontrados nos arquivos da Boêmia mostram que Jorge não estava enganado, e era exatamente esse o nome do pai de Anton. O nome de Adam, assim sendo, parece ser equívoco unicamente, embora involuntário, de Josef Blau.
Jorge Zipperer também informa à sua correspondente que não sabia dizer o parentesco com ela, já que, para isso, seria preciso ter consultado livros e registros eclesiásticos na Boêmia, coisa que não havia tido oportunidade para fazer. Se tivesse, Jorge ia comprovar que Jakob era o pai de Anton. De onde Blau tirou o nome de Adam, ainda é um mistério.
O mesmo documento informa ainda que Anton tinha duas irmãs menores, informação ainda desconhecida. Uma outra informação, que desconheço a origem, precisa ser retificada também: Anton Zipperer não nasceu em 26.02.1813, mas em 12.01.1813. Essa é a informação que consta do seu registro de batismo.