Famílias da Boêmia e suas aldeias de origem

Abaixo, seguem o nome de aldeias da Boêmia e os respectivos sobrenomes de famílias que de lá imigraram ao Brasil pelo porto de São Francisco do Sul.

A maioria se estabeleceu em São Bento do Sul/SC, mas outras tomaram destinos diversos, inclusive indo para o Rio Grande do Sul.

Há sobrenomes que aparecem em várias aldeias. Sugiro pesquisar um sobrenome usando Ctrl + F.

Há famílias que ainda não tiveram a sua aldeia identificada.

Se estiver interessado em uma informação ou pesquisa específica sobre alguma dessas famílias, entre em contato.

ALBERSDORF: Baumrucker, Böhm

ALBRECHTSDORF: Endler, Fischer, Paulata, Rössler, Simm, Swarowsky, Zimmermann

ARNAU: Havel, Kapp, Scholz

ARNSDORF (há mais de uma): Jankel, Raschel, Schlögl (Schlegl)

AUSSIG: Malik

BÄRNSDORF: Ritter

BAUSCHOWITZ (há mais de uma): Laube

BAUTZEN: Schützel

BRAND (há mais de uma): Schwarz

BRUNN: Barnack

BUCHAU: Kolbe

BULLENDORF: Lammel

CHINITZ-TETTAU: Gruber, Knickel, Stiegelmeier (Stiegelmeyer)

CHUDIWA: Gruber

DALLESCHITZ: Jappe

DESCHENITZ: Dietrich (Ditrich), Seidl (Seidel), Treml, Zierhut

DESSENDORF: Adamitschka, Fischer, Schwedler

DITTERSBACH: Altmann

DÖRRSTEIN: Rohrbacher

DUX: Grimm, Schneider, Walter

EGER: Bergler

EISENSTEIN: Gschwendtner, Maurer (Mauerer), Pilati, Schaffhausen, Stöberl (Stoeberl)

EISENSTRASS: Bachal (Bachel), Baierl, Böschl (Pöschl), Brandl, Brozka, Frisch, Fürst, Gregor, Grossl (Grassl), Kahlhofer, Konrad, Kuchler, Linzmeyer (Linzmayer), Marx, Neppel , Pflanzer, Schröder (Schroeder)

FALKENAU (há mais de uma): Tietzmann

FLECKEN: Baierl, Hübl (Hiebl), Hien, Kohlbeck, Kirschbauer, Kautnick (Koutnick), Maier (Mayer), Mühlbauer, Münch, Prechtl, Rank, Stascheck (Tascheck), Stueber (Stuiber, Stüber), Stöberl (Stoeberl), Treml, Zipperer

FREIHÖLS: Adlersflügel, Rosenscheck (Rosnischeck)

FREUDENBERG: Richter

FRIEDLAND IN BÖHMEN: Neumann, Scholz

FRIEDRICHSDORF: Prade

FRIEDRICHSWALD: Gärtner (Gaertner), Heinrich, Keil, Lammel, Müller, Schaurig (Schaurich), Streit, Weber

FUCHSBERG: Heinrich

GABLONZ: Brückner, Fink(e), Görnert, Grolop, Hatschbach, Hinke, Hübner, Kirschner (Kirchner), Kohl, Ludwig, Luke, Scholz, Seidl (Seidel), Strackel, Vorbach, Zenkner

GLASHÜTTEN: Aschenbrenner, Eckstein, Grosskopf, Seidl (Seidel), Weiss, Wotroba

GRÄNZENDORF: Bergmann, Hübner, Leubner, Patzelt, Rieger, Seibt, Tandler, Ullrich

GRAUPEN: Seifert (Seiffert)

GRÜNAU: Artner

GRÜNTHAL: Ludwig

GRÜNWALD: Bergmann, Fleischmann, Heidrich (Haidrich), Scholz, Wöhl (Woehl), Zappl (Zappe), Zeemann (Zemann)

GUTBRUNN: Kundlatsch

HAIDA: Hermann, Langhammer, Student

HAIDL AM AHORNBERG: Bayerl (Bail)

HAMMERN: Augustin, Buchinger (Puchinger), Dorner, Drechsler, Dums, Eckel, Ehrl (Erl), Fürst, Grossl, Jungbeck, Kahlhofer (Kohlhofer), Kollross, Liebl, Linzmeyer (Linzmayer), Muckenschnabel, Oberhofer, Pscheidt, Rorhbacher, Rückl, Schreiner, Stiegler, Stöberl (Stoeberl), Tauscher (Tanscher)

HARRACHSDORF: Seidl (Seidel)

HINTERHAUSER: Christoph (Christof)

JOHANNESBERG: Fischer, Gürtler, Jantsch, Kaulfuss, Nierig, Pilz, Posselt, Preussler, Reckziegel, Rösler (Rössler), Schöler, Schwedler , Worm

JOHANNESTAHL: Mai (May), Stark, Swarowsky, Thalowitz

JOSEFSTHAL: Dressler, Zimmermann

KALTENBRUNN: Gassner, Hübl (Hiebel), Schreiner

KARLSBERG: Posselt

KATHARIENBERG: Beckert

KLATTAU: Fleischmann, Mundel

KLETSCHEDING: Bauer

KOCHOWITZ: Hanush (Hannusch)

KOHLHEIM: Grosskopf, Kroll, Schürer

KOMOTAU: Schreiber

KUKAN: Kittel, Mensel, Simm

LABAU: Pfeiffer

LADOWITZ: Schneider

LANGENAU: Hüttel, Keil

LANGENBRÜCK (há mais de uma): Jung

LANGENDORF (há mais de uma): Glaeser, Rauch

LEWIN: Grossmann

LICHTNECK: Stiegelmeier (Stiegelmeyer)

LIEBENAU: Preissler, Skolande, Watzke

LIEBORITZ: Anton, Hübsch

LIPTITZ: Bobel (Bobl), Czernay

LOMNITZ BEI GITSCHIN: Fendrich

MAFFERSDORF: Bergmann, Hauser, Keil, Klinger, Lorenz, Maier (Mayer), Möller, Posselt, Schwarzbach, Wöhl (Woehl)

MARIA RADSCHITZ: Nacke (Nake, Nakl)

MARIASCHEIN: Kern

MARIENBERG: Altmann, Breisler, Endler, Fischer, Müller, Neumann, Niester, Poerner (Perner), Ringmuth, Simm, Urbanetz , Wolf (Wolff)

MARSCHOWITZ: Grossmann, Hatschbach, Pfeiffer

MAXDORF: Dressler, Elstner, Hoffmann, Jäckel  (Jäkel), Morch, Pilz, Prediger, Reckziegel, Schöler, Tandler, Tischer, Vater

MORCHENSTERN: Elstner, Endler, Engel, Feix, Fischer, Haupt, Hoffmann, John, Kaulfuss, Klinger, Köhler, Luke, Melich, Posselt, Reil, Rössler, Scheibler, Scheufler, Schier, Schöffel (Scheffel), Staffen (Steffen), Strauski, Ullmann, Ullrich, Wildner

MÜLLIK: Pauli

NEU PAULSDORF: König

NEUBIDSCHOW: Neumann, Schick

NEUDORF (há mais de uma): Bauer, Binder, Dobner, Dunzer, Hoffmann, Hüttl (Hütl), Mareth, Peyerl, Preissler, Schlögl , Schreiber, Schwarz, Warth, Weiss, Wolf (Wolff)

NEUERN: Augustin, Grosskopf, Pospischil, Schadeck, Tauscheck (Tauschek), Zierhut

NEUSORGE: Dittrich

NIEDER-GEORGENTHAL: Grohmann

OBERKREIBITZ: Bienert

OSSEGG: Liebsch

PELKOWITZ: Klamatsch, Lang, Seiboth (Saiboth), Sedlak , Stracke, Weiss

PETLARN: Bauer, Theinl

PILSEN: Morawka

PLÖSS: Hübl (Hiebl)

POLAUN: Bartel, Feix (Faix), Fischer, Haupt, Hinke, Langhammer, Neumann, Pachmann, Seidl (Seidel), Umann, Weinert

PRISCHOWITZ: Friedrich, Hossda, Lang, Rössler, Schier, Simm, Thomas

PULETSCHNEI: Schöffel (Scheffel), Wabersich

RADL: Kundlatsch (Rundlatsch), Seiboth

RATSCHENDORF: Kaulfersch, Rieger

REHBERG: Gruber, Pauckner, Raab

REICHENAU: Fink(e), Hoffmann, Jäger, Kraus(s), Kwitschal (Kwicala), Maschke, Milde, Peukert, Preissler, Preussler, Rössler (Roesler), Schwarzbach, Strnad (Sternardt), Stracke, Weiss, Wenzel

REICHENBERG: Beckert, Brokopf,  Fiebiger, Hartel, Hoffmann, Hübner, Killmann (Kilmann), Kluss, Mittelstedt, Purde, Riedel, Roscher, Stark, Thurm, Worrel (Warel)

RÖCHLITZ: Linke

ROSSHAUPT: Degelmann, Diener, Dobner, Dörfler, Fleischmann, Freiersleben, Friedel, Hoffmann, Körb, Krauss, Kreutzer, Magerl, Nosseck, Plomer, Prem, Randig, Rauch, Salfer, Stieg, Veith (Voith), Wagner

ROTHENBAUM: Bechler (Boechler), Rank, Wöllner

RÜCKERSDORF: Appelt, Maros (Meros)

SATTELBERG: Raab

SCHENKENHAHN: Friedrich

SCHLAN: Michel

SCHLUCKENAU: Otto

SCHÖNWALD (há mais de uma): Huf , Steiner

SCHUMBURG: Richter, Swarowsky

SILBERBERG: Bayerl

SONNENBERG: Hanel, Wand

SPITZBERG: Katzer, Kriesten, Schindler

STADTLER: Hoffmann, Müller, Schiessl, Uhlig (Uhlich), Uhlmann, Wolf (Wolff)

STEINSCHÖNAU: Richter, Ritschel

ST. KATHARINA: Augustin, Drechsler, Grossl, Hoffmann, Lobermeyer (Lobermayer), Maurer (Mauerer), Münch, Rank, Stuiber (Stüber)

SVAROV: Balatka

TACHAU: Wächter

TANNWALD: Brückner, Endler, Feix, Hillebrand, Horn, Nigrin, Schnabel, Schwarz, Seibt

TIEFENBACH: Tureck, Umann

ULLERSDORF: Köhler, Zeithammer

UNTERMARKTSCHLAG: Naderer

VOITSDORF: Schlinzig

WALDAU: Duffeck

WEGSTÄDTL: Neumann

WEISSKIRCHEN: Hoffmann

WIESENTHAL: Dietrich (Ditrich), Fischer, Haupt, Hoffmann, Jantsch, Koliska, Krupka, Ludwig, Lung, Nowotny, Pfeiffer, Rössler, Scholz(e), Wöhl (Woehl), Zimmermann

WURZELSDORF: Hermann, Korbelar, Krause, Neumann, Schier

Genealogia Boêmia – Família Gschwendtner

Essa é uma mostra do trabalho sobre a Família Gschwendtner, a fazer parte da publicação “Genealogia Boêmia de São Bento do Sul”.

O patriarca dessa família é Georg Gschwendtner, casado com Francisca Reiel, uma das primeiras parteiras de São Bento do Sul. A família morou na Estrada Argolo, no centro da cidade, mas seus descendentes se espalharam: os de seu filho Benedikt se mudaram para Rio Negrinho; o filho Georg partiu para Lages; Michael permaneceu em São Bento, mas teve descendentes que passaram à Canoinhas, além de um que se mudou para Presidente Prudente; Francisco permaneceu em São Bento do Sul; Antônio teve descendentes que se mudaram para Curitiba; Josef e Ignácio parecem terem permanecido também em São Bento, mas depois de certo tempo somem os registros de suas famílias na cidade;  Wenzel e Luiz, filhos sobre os quais não se tem ainda nenhuma notícia do paradeiro.

Dúvidas ou acréscimos, por favor entre em contato nos comentários.

 

GEORG GSCHWENDTNER, lavrador, que participou em 1859 da Segunda Guerra de Independência Italiana, travada pela França de Napoleão III e pelo Reino de Sardenha contra o Império Austríaco. Filho de Anton Gschwendtner e Anna Rausch. Imigrou ao Brasil aos 41 anos de idade, partindo de Flecken, na Boêmia, na companhia da esposa Francisca Reiel ou Schmidt (32 anos) e os filhos Benedict (9), Georg (5) e Josef (4), além do afilhado Benedikt Bail, a bordo do navio Shakespeare, que saiu do porto de Hamburgo, na Alemanha, 20.09.1874 e chegou ao porto de São Francisco do Sul aos 11.09.1874, de lá a família se encaminhando para a Colônia de São Bento, onde Georg recebeu um dos primeiros terrenos na Estrada Argolo. Georg Gschwendtner faleceu em São Bento do Sul aos 28.09.1909 (4FC-25), contando com 77 anos de idade, sendo sepultado na sede da cidade. Sua esposa Francisca Reiel, filha de Anton Reiel e Katharina Schmidt, foi uma das primeiras parteiras de São Bento e faleceu na mesma cidade aos 89 anos no dia 20.10.1926 (7FC-50), sendo sepultada no cemitério público da vila. Tiveram a seguinte descendência:

1.1 Benedict Gschwendtner § 1.º

1.2 Georg Gschwendtner § 2.º

1.3 Josef Gschwendtner § 3.º

1.4 Wenzel Gschwendtner § 4.º

1.5 Michael Gschwendtner § 5.º

1.6 Luiz Gschwendtner § 6.º

1.7 Francisco Xavier Gschwendtner § 7.º

1.8 Antônio Gschwendtner § 8.º

1.9 Ignácio Gschwendtner § 9.º

§ 1.º

1.1 Benedict Gschwendtner, lavrador e carreteiro, natural de Eisenstein, na Boêmia, casado religiosamente em São Bento do Sul aos 26 anos de idade no dia 19.04.1893 com Katharina Kautnick, natural de Hammern, filha de Wenzel Kautnick e Katharina Frank, neta paterna de Mathias Kautnick e Anna Schweida, e neta materna de Martim Frank e Anna Koller. Benedict Gschwendtner faleceu aos 56 anos na casa de sua mãe, na Avenida Argolo, aos 05.11.1920 (6FC-58), sendo sepultado no cemitério da Vila. Foram pais de:

2.1 Katharina Gschwendtner, ou Katharina Kautnick, nascida em São Bento do Sul aos 14.04.1892 (5N-90). Casou-se com seu tio Ignácio Gschwendtner, § 9.º deste título, e lá segue a sua geração.

2.2 Maria Gschwendtner, falecida em São Bento do Sul aos 15 anos de idade no dia 14.01.1910 (4FC-36), sendo sepultada no Cemtério da Vila.

 2.3 Benedicto Gschwendtner, nascido em São Bento do Sul aos 28.01.1897 (7N-72) e falecido no mesmo lugar aos 09.04.1898 (3FC-34v).

 2.4 José Gschwendtner, lavrador, nascido em São Bento do Sul aos 30.03.1899 (8N-10)1, residente no lugar Rio dos Bugres, em Rio Negrinho. Faleceu solteiro em São Bento do Sul aos 19.11.1951 (2FC-37v), sendo sepultado no Cemitério de Rio Negrinho.

2.5 Benedicto Gschwendtner, lavrador, nascido em São Bento do Sul aos 16.09.1901 (8N-156), residente no lugar Rio dos Bugres. Foi casado civilmente na mesma cidade aos 07.02.1925 (10C-100) com Josefa Huber, doméstica, nascida em São Bento do Sul aos 24.03.1907, também residente no Rio dos Bugrs, filha de Jorge e Bertha Huber.

2.6 Bertha Gschwendtner, nascida em São Bento do Sul aos 17.04.1904 (10N-1).

(…)

§ 2.º

1.2 Georg Gschwendtner, marceneiro, mudou-se para a cidade de Lages, e lá explorou a arte fotográfica.

§ 3.º

1.3 Josef Gschwendtner, lavrador, líder da Banda Gschwendtner, na Estrada dos Bugres, natural da Boêmia, casado civilmente em São Bento do Sul aos 14.12.1902 (4C-55v) com com Anna Kautnick, nascida na mesma cidade aos 25.11.1882, filha de Wenzel Kautnick e Katharina Frank, neta paterna de Mathias Kautnick e Anna Schweida, e neta materna de Martim Frank e Anna Koller. Pais de:

2.1 Maria Gschwendtner, doméstica, nascida em São Bento do Sul aos 12.02.1901, residente na Rua João Hastreiter. Faleceu solteira em São Bento do Sul aos 24.12.1973 (4FC-77v), sendo sepultada no Cemitério Municipal. Teve dois filhos naturais:

 3.1 Alfredo Schwendner, com 50 anos em 1973.

 3.2 Lauro Schwendner, com 43 anos em 1973.

2.2 José Gschwendtner, nascido em São Bento do Sul aos 19.07.1902 (8N-191). Provavelmente é o mesmo José Schwendner residente à Estrada dos Bugres, casado com Emília Tascheck, doméstica, natural de São Bento do Sul, filha de José Tascheck e Agnes Bachel. Emília Tascheck faleceu na mesma cidade aos 09.04.1976 (C1-12), com 69 anos e 22 dias de idade, sendo sepultada no Cemitério da Estrada dos Bugres. Tiveram um filho natural conforme consta no título Tascheck.

(…)

§ 4.º

1.4 Wenzel Gschwendtner

§ 5.º

1.5 Michael Gschwendtner, oleiro e tijoleiro, nascido a bordo do Shakespeare no dia 29.09.1874, residente à Estrada Argolo. Casou-se civilmente na mesma cidade aos 06.05.1899 (3C-114) com Maria Goertler, de 22 anos de idade, natural da Alemanha, filha de Franz e Mathilde Goertler. Michael Gschwendtner faleceu em São Bento do Sul aos 25.06.1953 (2FC-80), sendo sepultado no Cemitério Municipal. Maria Goertler faleceu na mesma cidade aos 26.10.1957 (2FC-204v) e foi sepultada no mesmo cemitério. Foram pais de:

 2.1 Luiz Gschwendtner, ou Luiz Goertler, nascido em São Bento do Sul como filho natural aos 26.02.1899 (8N-5v). Foi casado com Olinda Garcia. Mudou-se para Presidente Prudente.

2.2 Clara Gschwendtner, doméstica e lavradora, nascida em São Bento do Sul aos 17.04.1900 (8N-74v). Casou-se civilmente na mesma cidade aos 18.11.1922 (9C-186v) com Amandus Muehlmann, lavrador, nascido em Campo Alegre aos 23.10.1896, residente no lugar Rio Vermelho, filho de Gustav e Maria Mühlmann. Clara Gschwendtner faleceu em Canoinhas, já em estado de viúva, aos 06.01.1978 (C1-223v), sendo sepultada no cemitério do lugar São João dos Cavalheiros, onde residia. Tiveram:

3.1 Lucilla Muelhmann

3.2 Irene Muehlmann

3.3 Celicita(?) Adélia Muehlmann

3.4 Amilton Vicente Muehlmann

2.3 Maria Gschwendtner, doméstica, nascida em São Bento do Sul aos 20.02.1902 (9N-9). Casou-se civilmente na mesma cidade aos 09.02.1924 (10C-55v) com Eurico Artur Kaesemodel, industrial, nascido em São Bento do Sul aos 13.09.1900, residente no lugar Lageado, em Piên, filho de Otto e Ida Olga Kaesemodel. O casal foi morador no Campo da Água Verde, em Canoinhas. Maria Gschwendtner faleceu em Canoinhas, já em estado de viúva, aos 15.08.1986 (C4-2v), sendo sepultada no Cemitério Municipal do lugar. Tiveram:

 3.1 Ezílio Kaesemodel

 3.2 Vera Kaesemodel

 3.3 Erica Kaesemodel

2.4 Paulo Gschwendtner, empregado no comércio, nascido em São Bento do Sul aos 05.02.1905 e falecido solteiro no mesmo lugar aos 08.09.1939 (1FC-89), sendo sepultado no Cemitério Municipal.

2.5 Clemente Gschwendtner, negociante, residente no lugar Campinas, em Piên, falecido solteiro em São Bento do Sul aos 33 anos, três meses e 14 dias de idade no dia 19.05.1938 (1FC-65v), sendo sepultado no Cemitério Municipal.

 2.6 João Gschwendtner, servente, nascido em São Bento do Sul aos 23.10.1906 (12N-27v), e que se mudou para Canoinhas. Lá, casou-se ou apenas teve relacionamento. Faleceu em Canoinhas aos 13.03.1972 (fl 272), sendo sepultado no cemitério local. Teve oito filhos, dos quais três eram menores em 1972. 

(…)

§ 7.º

 1.7 Francisco Xavier Gschwendtner, ou apenas Francisco Gschwendtner, carreteiro, nascido aos 10.08.1880 e batizado em São Bento do Sul aos 10.10.1880, tendo como padrinhos Franz Pöschl e sua esposa Barbara. Foi casado civilmente na mesma cidade aos 13.08.1904 (5C-36) com Catharina Stöberl, nascida em São Bento do Sul aos 04.04.1883, filha de Franz Stöberl e Katharina Frisch, neta paterna de Maria Stöberl e neta materna de Margaretha Frisch. Catharina Stöberl faleceu em São Bento do Sul no dia 29.05.1933 (7FC-264) e foi sepultada no Cemitério Municipal. Francisco Gschwendtner faleceu no mesmo lugar aos 21.10.1936 (1FC-40v), sendo sepultado no mesmo cemitério. Tiveram:

 2.1 Paulo Gschwendtner, com 30 anos em 1933.

 2.2 João Gschwendtner, nascido em São Bento do Sul aos 17.12.1904 (10N-46).

 2.3 Francisco Gschwendtner, operário, nascido em São Bento do Sul aos 30.03.1907 (12N-56), residente na Estrara Argolo. Foi casado civilmente na mesma cidade aos 08.11.1930 (11C-112v) com Elga Monich, doméstica, nascida em São Bento do Sul aos 25.10.1909, residente na Estrada Dona Francisca, filha de Ricardo e Anna Monich. Elga Monich faleceu em São Bento do Sul aos 14.09.1952 (2FC-62), sendo sepultada no Cemitério Municipal. Francisco Gschwendtner voltou a se casar civilmente na mesma cidade aos 27.09.1958 (4C-96v) com Bárbara Oszika. Francisco Gschwendtner faleceu em São Bento do Sul aos 18.10.1962 (3FC-53v) e também foi sepultado no Cemitério Municipal. Com Elga Monich teve:

3.1 Herberto Gschwendtner, com 27 anos em 1962. Foi casado civilmente em São Bento do Sul com Lina Eckstein, doméstica, nascida no mesmo lugar, filho de Pedro e Clara Eckstein, e com quem morava no Campo Lençol. Lina Eckstein faleceu em São Bento do Sul aos 11.10.1980 (C1-230v), sendo sepultada no cemitério de Lençol. 

(…)

 

As primeiras parteiras de São Bento do Sul

Você já teve curiosidade em saber como vieram mundo os primeiros são-bentenses? Eles, naturalmente, não dispunham do mesmo conforto que temos hoje. O atendimento médico se resumia ao Dr. Felippe Maria Wolff, que só se instalou em São Bento alguns anos depois que a colônia já havia sido fundada – antes disso, fazia apenas visitas regulares. Não é difícil imaginar que as mulheres grávidas não podiam depender da sua assistência quando sentiam as dores do parto. Logo, quem entrava em cena eram as parteiras.
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A história acabou deixando à margem essas personagens, e hoje pouco sabemos a respeito do trabalho das primeiras parteiras de São Bento. Descobri por acaso o nome de algumas delas, mencionadas por um escrivão mais detalhista, no ano de 1879 – mesmo assim, normalmente a identificação era imprecisa (“a mulher do colono Henrique”, por exemplo). De tudo que foi possível descobrir, as seguintes mulheres atuaram pelo menos uma vez como parteira nos primórdios de São Bento:
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Franziska Schmidt (ou, “a mulher do Gschwendtner”), Marianna Faralich, Anna Hanisch (Hanusch?), Carolina Lemann, Guilhermina Engel, Anna Leck, Barbara Grossl, Anna Tauscheck, Maria Mühlbauer, a mulher do Schabniefska, a mulher do colono Henrique, a mulher do Jantsch, a mulher Bäcker, e mais alguns nomes ilegíveis.
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Dessas, as primeiras aparecem em mais de um registro, fazendo acreditar que realmente atuavam como parteiras na região. Era um trabalho que possivelmente exigia caminhadas longas, às vezes noturnas, e no qual não contavam com muitos materiais de auxílio. É possível imaginar as dificuldades de um parto realizado de madrugada, com pouca iluminação na casa.
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Provavelmente, essas parteiras passavam por muitas situações de incerteza e insegurança – elas estavam sujeitas a vários riscos, pois muitas crianças e mulheres morriam durante o parto. Por outro lado, deviam ser mulheres de notável sensibilidade e sabedoria. É possível que fizessem uso de práticas populares, como uso de plantas medicinais e simpatias. Certamente faziam uso da oração, como forma de garantir que o parto acontecesse sem maiores problemas.
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E, pelas mãos dessas mulheres, nasceram gerações de são-bentenses.

Meus Ancestrais: Família Bail

I. PETER HADEN, morador da Boêmia, e que não se casou com Maria Beyerl, mas com ela teve, entre outros:

II. BENEDIKT BEYERL, lavrador, noivo do primeiro casamento Boêmio de São Bento do Sul, membro da Sociedade Auxiliadora Austro-húngara. Nasceu em Holschlag, na Boêmia, no dia 30.04.1856, tendo sido batizado em Gutwasser. Cedo ficou órfão. Arrumou emprego na marcenaria de Georg Neppel e enamorou-se por sua filha Anna Maria. A aproximação dos dois não foi vista com olhos por Georg, que despediu o humilde Benedikt. Em 1874, Benedikt Beyerl acompanha a família Gschwendtner em sua imigração ao Brasil, a porto do Shakespeare. Dois anos depois, também a família Neppel decidiu imigrar, o que permitiu que Benedikt e Anna Maria, que não haviam se esquecido um do outro, voltassem a se encontrar. Pouco tempo depois da chegada dos Neppel, e mesmo sem a aprovação dos pais de Anna Maria, ela e Benedikt se casaram em São Bento do Sul, em julho de 1876, sendo esse considerado, segundo a obra de Josef Blau,  o primeiro casamento boêmio da cidade. Dez anos depois, sua esposa faleceu, sem deixar geração conhecida. Em 10.02.1886, Benedikt se casou novamente em São Bento do Sul, dessa vez com Catharina Brandl, de Eisenstrass, filha de Josef Brandl e Anna Weinfalter. Na segunda metade dos anos de 1890 foi criada na cidade a Sociedade Auxiliadora Austro-húngara, uma agremiação destinada a reunir os imigrantes boêmios em suas necessidades. Sabemos da participação de Benedikt nessa Sociedade por conta de uma fotografia sua, já em idade avançada, que é idêntica a uma foto da dita Sociedade em 1900. Já em estado de viúvo, Benedikt Beyerl faleceu no dia 24.02.1928, tendo sido sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul. Teve da sua segunda esposa:

III. CATHARINA BAIL, doméstica, nascida em São Bento do Sul no dia 03.05.1896, tendo sido batizada em 18.05.1896 na Capela de Santa Cruz, em Rio Vermelho. Faleceu às 20h20 do dia 30.11.1974[1], em São Bento do Sul, vítima de acidente vascular cerebral, sendo sepultada no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, no mesmo túmulo de seu pai e seu esposo. Foi casada aos 27.08.1921[2], em São Bento do Sul, com Rodolfo Giese, filho de Karl Giese e Ida Bertha Labenz. Tiveram geração conforme o título GIESE.

[Para a reprodução do conteúdo, solicita-se a citação das fontes]


[1] Livro 4, fls 109 – Cartório do Registro Civil de São Bento do Sul.

[2] Livro 9, fls 146v – Cartório do Registro Civil de São Bento do Sul.

A Sociedade Auxiliadora Austro-húngara

Seguindo a tradição de se criar “sociedades culturais, recreativas e beneficentes” em colônias alemãs (FICKER 1973), São Bento do Sul também teve as suas. Já em 1881 existia a Sociedade Literária, que perdura até os nossos dias. Outra que resiste é a Sociedade dos Atiradores, criada em 1895. E os velhos boêmios, que imigraram ao Brasil na década de 1870, também decidiram criar a sua Sociedade Auxiliadora. Verdade é que uma das motivações para essa criação foi o ciúme que tinham da Sociedade dos Soldados Veteranos, como Josef Zipperer (1954) não fez nenhuma questão de esconder. Essa outra agremiação reunia alemães ex-combatentes de batalhas, como “as guerras de 1864-1866” e a “grande guerra contra a França”, em 1870 e 1871 (Idem). Cheio de condecorações estampadas no peito, era com grande galhardia que os membros desfilavam pelas ruas de São Bento no dia 02 de setembro, quando lembravam a batalha de Sedan, na guerra de 1870.

Os boêmios, embora mais rústicos, também tinham os seus ex-combatentes. Havia alguns que lutaram nas guerras na Dinamarca, contra os Prussianos, em Sadwa, e mesmo na Itália. Não poderiam, naturalmente, fazer parte da outra sociedade, já que lá estavam apenas os alemães prussianos, que há pouco tempo ainda estavam em guerra contra os austríacos. Quiserem então fazer uma sociedade á parte, e criaram a Sociedade Auxiliadora Austro-húngara.

Ao que parece, não existem muitos registros sobre essa sociedade – já teriam sido encontrados se houvessem. De modo que sabemos muito pouco sobre ela, além dos relatos de Zipperer. Sabemos por dedução que sua criação se deu entre os anos de 1895 e 1898. Primeiro, porque Zipperer diz que quando da criação da Sociedade, já existia o grupo dos Atiradores, e ele foi criado em 1895. Segundo, porque o mesmo autor cita um episódio dessa Sociedade que aconteceu em 1898. Quanto à duração, tampouco nos é possível precisar, mas sabemos pelas atas da Sociedade de Cantores que ainda existia em meados de 1906.

Meu trisavô Friedrich Fendrich foi presidente da Sociedade. Não se sabe durante qual período, ou se houveram outros. A Sociedade tinha uma bandeira que misturava o verde-amarelo do Brasil com o amarelo-preto da dinastia dos Habsburgos, que por séculos governaram a Áustria, e ainda governavam quando da criação da Sociedade.

A grande festa dessa associação era no dia 18 de agosto. Portando, apenas alguns dias antes da festa prussiana. Nesse dia se comemorava o aniversário de Francisco José, o imperador austríaco. Como os prussianos, agora os boêmios também poderiam desfilar nas vias púlicas. Aqueles que eram ex-combatentes poderiam, igualmente, exibir orgulhosamente as suas condecorações.

Zipperer descreve uma dessas festividades, falando que antes do desfile, membros e familiares assistiam a uma missa. Os festejos começavam em seguida, animados por bandas que tocavam canções da Boêmia, terra de todos eles. Terminavam o dia na cervejaria de Johann Hoffmann, que era o secretário da Sociedade.

A sede da sociedade era o salão de Josef Zipperer. Nas comemorações do ano de 1898, houve então um baile nesse salão. Ele nunca havia ficado tão cheio, com os membros e suas famílias, que “na maioria eram simples lavradores” (ZIPPERER 1954). Os dançarinos tiveram que ficar separados em grupos. Por essas dificuldades, a sociedade decidiu trocar de salão, e optou pelo salão de Hermann Knop (um pomerano! Zipperer julgou isso como uma verdadeira desfeita).

Os livros não nos apontam muitas coisas a mais sobre a Sociedade, além da fajuta visita do cônsul alemão, forjada por Zipperer para se vingar da desfeita, e que já foi narrada aqui. Eis uma foto dos membros em 1900:

E quem eram esses membros? Infelizmente a maioria não é mais possível descobrir. O livro de Vasconcellos nos dá o nome de dois: o presidente Friedrich Fendrich, que é o quinto da primeira fileira, partindo da esquerda, e ainda o do secretário Johann Hoffmann. Esse era também cervejeiro, e teve a infelicidade de ser desafeto do Dr. Philipp Maria Wolf, que, nas suas críticas, dizia que fazia parte de “agremiações idiotas”. Todos os outros fotografados são tratados como incógnitos. Mas algumas descobertas foram feitas. Por fontes de tradição familiar, sabemos também que faziam parte Aloís Schreiner e seu irmão Johann Schreiner. Aloís é provavelmente o terceiro da segunda fileira, partindo da direita. Seu irmão Johann provavelmente estava perto, podendo ser o que está antes dele. Mas isso ainda não é possível afirmar. Graças a foto de Benedicto Bail que recebi de Norma Huebl e ao olhar clínico de Rose Vidal Teixeira, descobri que também ele fez parte da Sociedade! Isso era algo totalmente desconhecido, embora bem possível. Uma pequena descoberta como essa é cheia de significação e importância, ainda mais que foi feita exatamente na semana que lembro o seu 80º aniversário de falecimento. Ele é o quarto da segunda fileira, partindo da esquerda. Está atrás de Fendrich (o que também me leva a uma conclusão curiosa: o avô do meu opa conhecia o avô da minha oma). Nesse post aqui, tem a foto do Benedicto que mostra traços idênticos, embora nessa ele já estivesse mais velho: http://coisavelha.blogspot.com/2007/09/benedikt-beyerl.html

Suponho que Jacob Treml também fizesse parte da Sociedade. Digo isso porque, além de ser boêmio, ele era veterano de guerra. Quem seria ele naquela foto? O mesmo podemos dizer de Georg Gschwendtner, cuja identidade na foto só será possível descobrir se porventura um descendente tiver alguma relíquia que permita a comparação. Tantos e tradicionais sobrenomes boêmios em São Bento também certamente devem estar representados nessa foto. As buscas continuam, tanto pela identificação como no detalhamento das atividades da sociedade.

80 Anos do Falecimento de Benedicto Bail

No dia 24.02.1928 faleceu meu trisavô Benedicto Bail[1], tido como o noivo do primeiro casamento boêmio de São Bento do Sul[2]. Nasceu em 30.04.1856 em Holschlag e foi batizado em Gutwasser, ambas aldeias da Boêmia.[3] Conforme o registro de imigração, no entanto, ele seria natural de Haidl, atualmente Zhuri. Era filho natural de Maria Bail, e tinha ao menos uma irmã mais velha, chamada Bárbara Bail. Conta a história que cedo os dois ficaram órfãos.

Benedicto, ainda rapazote, se empregou na marcenaria de Georg Neppel. E lá conheceu Anna Maria Neppel, a filha de seu chefe. Não demorou muito até que os dois acabassem se enamorando. O que não foi visto com bons olhos por Georg, que teria então demitido Benedicto, achando que a filha merecia melhor destino do que ter um noivo órfão e bastante humilde. A separação forçada não foi suficiente, no entanto, para que os dois deixassem de se gostar.

Mas sem muitas perspectivas de vida, Benedicto decidiu acompanhar seus padrinhos Georg Gschwendtner e Francisca Raiel[4] quando imigraram ao Brasil. Veio então com o Navio Shakespeare, que saiu de Hamburgo no dia 20.09.1874 e chegou em São Francisco do Sul a 11.11.1874. Então subiram a serra até São Bento, onde passaram a morar. Benedicto morava onde hoje é a Rua Antônio Hilgenstieler. Como quase todos naquela época, também trabalhou como lavrador.

Reza a tradição que Benedicto e Anna Maria Neppel, ainda apaixonados, continuaram trocando cartas, ele em São Bento e ela na Europa. O que é de difícil comprovação, afinal cremos que Benedicto não sabia ler ou escrever. Além do mais, foram poucos os navios que vieram entre 1874, ano de imigração de Benedicto, e 1876, quando Anna Maria imigrou.

De fato, os Neppel também passaram a ter dificuldades na Europa e acharam que o melhor seria tentar a sorte em outro lugar. E esse lugar foi exatamente São Bento. Vieram pelo navio Humboldt que saiu de Hamburgo em 15.04.1876 e chegou em São Francisco do Sul no dia 11.06.1876.

Após longo período, Benedito e Anna Maria finalmente puderam se reencontrar, agora em solo brasileiro. Certamente, o novo encontro trouxe à tona todos aqueles sentimentos que haviam sido tolhidos pela separação imposta pelo pai da noiva. Com as esperanças renovadas, o casal decidiu enfrentar a oposição da família Neppel. E tanta era a vontade de legitimar a união, que um mês depois de Anna Maria chegar ao Brasil, ela e Benedicto já estavam se casando.

A data do casamento foi marcada para 10.07.1876, na próxima visita que faria o Pe. Carlos em São Bento. A refeição matinal do noivo naquele dia foi na casa de Franz Pöschl, cunhado de Benedicto e o almoço na casa de Georg Bayerl[5]. A Johann Christoff coube a missão de divulgar a notícia desse casamento. Para isso, ao fazer o seu pronunciamento, desenha com giz um convite na porta da casa das pessoas.

Benedicto, que não era, como visto, dos mais afortunados financeiramente, começou a se preocupar com a roupa que teria que vestir na ocasião do casamento – pois não tinha nenhuma em condições para cerimônia tão especial! Quem conseguiu um terno para ele foi Josef Augustin. Benedicto vestiu, o terno serviu, e foi com ele que esteve durante o casamento.

No dia do casamento, os músicos já estavam a postos na casa de Franz Pöschl. A primeira bandinha de São Bento tocou no primeiro casamento boêmio. O primeiro convidado a chegar foi Georg Gschwendtner, tido como padrinho do noivo. E como era costume, recebeu uma garrafa de vinha por isso. A todos que chegavam, era oferecido uma cerveja de gengibre, num caneco especial. Os conviddados também eram enfeitados com ramos e fitas coloridas. Havia bolos, cucas e salgados, além de café. E tudo isso servido em mesas pra lá de rústicas, como tudo o mais era rústico naquele tempo.

Era a celebração da união de Benedict e Anna Maria, contra a vontade dos Neppel. Houve, como costuma acontecer em muitas festas, uma “discussão acalorada”, pra não dizer uma briga, entre Franz Pöschl e Georg Seidl. Este havia emprestado uma pistola para Pöschl dar uma salva de tiros. Seidl estava tomando a sua cerveja de gengibre, e logo passou a se sentir tonto. Mesmo assim, estava tentando recarregar a pistola, mas acabou derramando pólvora fora do cano, e não dentro. Quando apertou o gatilho, só a espoleta estourou. Isso teria despertado a primeira discussão em um casamento na cidade, mas que logo foi controlada e apaziguada pelos demais convidados.

Fora isso, a festa seguia, animada por canções da velha Boêmia. Johann Grossl, fervoroso rezador, fez um Pai Nosso pedindo bênçãos aos noivos, além de orações pelos parentes já falecidos – como os pais de Benedicto. Feito isso, seguiu-se para a pequena capela do Santíssimo Coração de Maria, que ficava a cerca de 2 quilômetros da casa de Franz Pöschl. Para lá sergiu o cortejo nupcial. Atrás dos músicos vinha Anna Maria, acompanhada do jovem Franz Grossl, o seu guia, e Benedict acompanhado de Theresia Zipperer, a “dama de honra”. Havia ainda a representante da mãe da noiva, que foi Margareth Schiessl.

Já na capela, os dois se casaram perante o Pe. Carlos Boergershausen. Era a consumação dos desejos do casal, da paixão que começara na Europa, que fora interrompida, e que ressurgira com força total em solo são-bentense, a despeito da oposição dos Neppel. Consta que os pais da noiva permaneceram firmes e não apareceram na cerimônia de casamento da filha. Na oportunidade, também se casaram Johann Schiessl e Barbara Simet.

Depois de finda a cerimônica religiosa, foram para o hotel e restaurante de Georg Bayerl, onde a comida já estava pronta e a cerveja fora preparada pelo próprio dono. Lá também se inicou outro costume da terra natal daquelas pessoas, que era a corrida pela “offaschüssel”, uma espécie de pá de madeira, com um cabo comprido. Sob ela se deitava a massa de pão para colocá-la no forno e assim assá-la. A pá era enfeitada e colocada numa distância entre 100 e 200 metros dos “corredores” concorrentes. Vários homens se dispunham a correr. Quem venceu foi Georg Gschwendtner. Como prêmio, podia dançar com a representante da noiva, quando as danças tivessem início.

Os convidados tratavam então de sentar-se às meses, em cujo centro estava um prato para se colocar o preço da refeição, já anunciado no dia do convite por Johann Christoff, e que era de mil réis. Benedict Bail e Anna Maria Neppel sentaram-se num canto do salão, sob um crucifixo. Os parentes mais próximos sentaram-se perto. Quando todos já estavam acomodados, o dono da casa rezou em voz alta as orações de costume nessas ocasiões, as quais eram respondidas pelos convidados. Depois todos almoçaram.

Quando terminaram, as mesas foram arrumadas. Anna Maria caminhou sob uma passarela de meses em direção ao centro do salão. Fez isso em companhia de Franz Grossl, o seu “guia”. Começou então a dança da noiva, a primeira feita exatamente com Grossl. A seguinte foi chamado Benedicto Bail, e então o casal dançou pelo salão. Depois de tantos problemas, proibições e distância, não estavam os dois ali casados e dançando para celebrar a união? Essa dança também foi dançada por Franz Grossl e Therezia Zipperer, além de Georg Gschwendtner, o vencedor da “offaschüssel”, e a representante da mãe da noiva.

Depois seria a hora de chamar o pai de Benedicto. Como ele há longo tempo já descansanva no solo de sua pátria, foi rezado um Pai Nosso pelo descanso de sua alma. O pai da noiva também seria chamado, mas, como dito, ele não compareceu. Depois foram chamados os padrinhos e depos os demais parentes. E ao final, todos os convidados puderam dançar pelo salão.

O simples Benedicto viveu menos de dez anos em companhia de Anna Maria. No dia 29.09.1885 Anna faleceu, vítima de tifo. Era o triste fim do relacionamento que começara ainda na Boêmia. Não sabemos se nessa época houve alguma alteração no relacionamento de Benedicto com os pais da noiva. Sabemos que em 1884, Benedicto aparece como testemunha de casamento de Josef Neppel e também de Aloís Neppel, irmãos de Anna Maria, de modo que sabemos que mantinham relações. Não temos notícia de filhos de Benedicto com sua primeira esposa Anna Maria Neppel.

Algum tempo depois de ficar viúvo, Benedicto se casou novamente, dessa vez com Catharina Brandl, que ainda criança também imigrou pelo Shakespeare em 1874. Transcrevemos o registro de seu casamento, conforme os livros da Igreja Católica de São Bento do Sul:

“A dez de fevereiro de mil oitocentos e oitenta e seis, às 10 horas da manhã, na Capella do Smo. Coração de Maria deste Municipio de S. Bento, feitos os tres banhos canonicos a 24 e 31 de Janeiro e 2 de Fevereiro do corrente anno, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mutuo consentimento na forma do sagrado Concilio de Trento, em minha presença e das testemunhas José Schroeder e Jorge Weiss, receberão-se em matrimonio Bendedicto (sic) Beierl e Catharina Prandl, elle de idade de 30 annos, viuvo por obito de sua primeira mulher Maria Neppel, filho natural de Maria Beierl, nascido em Holzschlag e baptisado em Gutwasser na Bohemia, e ella de idade de 18 annos, solteira, filha legitima de José Prandl e Anna Weinfalter, nascida e baptisada em Eisenstrass, também na Bohemia, ambos os contrahentes livres, estrangeiros, lavradores e moradores neste Municipio. E logo em seguida na missa pro sponcis lhes dei a Benção Nupcial Solemne do que para constar lavrei este termo que assignei com as testemunhas. O Vigário Pe. Carlos Boegershausen”.

Desse casamento nasceram os seguintes filhos, não necessariamente na ordem:

Luiz Bail, casado com Francisca Fleischmann.
Thereza Bail, casada com Engelberto Bechler.
Maria Bail, casada com Otto Zeithammer.
José Bail, casado com Martha Maahs.
Carlos Bail, casado com Maria Quandt.
Engelberto Bail, casado com Paula Heiden.
Catharina Bail, casada com Rodolfo Giese.
Benedicto Bail, casado com Maria Grosskopf.
Rodolfo Bail, casado com Margarida Hübl.
Paulo Bail, casado com Marta Grosskopf.

A vida de Benedicto já havia tido perdas prematuras, e ele teve ainda mais uma em 04.02.1912. Nesse dia faleceu, com cerca de 43 anos, sua segunda esposa Catharina Brandl. Faleceu antes de seu pai, Josef Brandl, que continuou morando com seu genro Benedicto até falecer em 1917. Já Benedicto, faleceu no dia 24.02.1928, conforme atesta o registro de óbito que tivemos o cuidado de transcrever abaixo:

“Aos vinte e cinco dias do mez de Fevereiro do ano mil novecentos e vinte e oito, nesta villa de São Bento, Estado de Santa Catarina, em meu cartório compareceu Benedito Bail e perante as testemunhas abaixo assignadas declarou que no dia de hontem às dezoito e meia horas, falleceu em seu domicilio na Estrada Argolo, neste distrito, seu pai Benedicto Bail, vítima de fraqueza cardíaca, com idade de 71 anos, natural de Áustria, de cor branca, profissão lavrador, viúvo de Catharina Brandl, de filiação ignorada, residia à dita Estrada Argolo, tendo fallecido sem assistência médica, não deixa bens, vae ser sepultado no Cemitério Público desta villa de São Bento, do que para constar lavrei o presente termo, depois de lido e achado conforme, assina Luiz Guenther a rogo do declarante, por não saber este escrever, conforme declarou, com as testemunhas que são Paulo Grossl, alfaiate, e Antônio Ruzanowski, ambos residentes nesse districto. Eu, Erico Bollmann, official do Registro Civil, o escrevi e também assigno.”

Benedicto está sepultado no Cemitério Municipal de São Bento do Sul, no lado esquerdo de quem entra pela escadaria, no mesmo túmulo em que descansa sua filha Catharina Bail e o esposo desta, Rodolfo Giese. Cremos que há um equívoco na sua lápide ao afirmar que nascera em 1854, quando na verdade foi 1856. O fato de seu filho ser analfabeto comprova novamente que Benedicto deve ter tido uma vida muita simples e sob condições bastante humildes.

[1] A grafia varia muito de documento para documento, podendo ser Bail, Beil, Beyerl, Bayerl, e assim por diante. Os descendentes de Benedicto usam, quase todos, “Bail”, razão pela qual também é essa a grafia que aqui adotamos.
[2] A história é tratada no livro de Josef Blau “Bayern in Brasilien” e também no “São Bento do Passado”, de Josef Zipperer. Também já foram realizadas apresentações teatrais.
[3] Holschlag atualmente se chama Paseka e contava com a seguinte população e moradias: em 1910 eram 172 habitantes morando em 8 casas; em 1921 eram 9 casas, e desconhecemos a população. Paseka fica a cerca de 3 quilômetros de Zhuri. Já Gutwasser, em nossos dias se chama Dobrá Voda, a 5,7 quilômetros de Paseka.
[4] A informação de que eram padrinhos de Benedicto está no livro “São Bento na Memória das Gerações”, de Alexandre Pfeiffer.
[5] Não sabemos ainda qual o parentesco com Benedito, se de fato existe, como o cremos. George Bayerl também veio pelo navio Shakespeare em 1874.