Triste fim de Luiz Thomé Fragoso

luizthomeerozinahannusch

Luiz Thomé morreu sozinho, vítima de desnutrição. Sua esposa só descobriu dois meses depois.

Poucos dias antes do Natal de 1905, mais precisamente no dia 21 de dezembro, Joaquina Fragoso Cavalheiro, de 35 anos, deu à luz seu quinto filho, o primeiro homem. Era o dia São Tomé, o apóstolo, e por isso o nome escolhido para criança foi Luiz Thomé Fragoso. Seu pai, Saturnino Fragoso de Oliveira, era um simples lavrador, de 38 anos, filho mais velho do negociante Generoso Fragoso de Oliveira, tido por muitos ainda hoje como fundador da localidade de Fragosos, em Campo Alegre. Naquele ano de 1905, Generoso ainda vivia, com 60 anos, cinco a mais que sua esposa Leopoldina Maria de Almeida. Os avós maternos do pequeno Luiz Thomé, no entanto, chamados Felippe Soares Fragoso e Flora Lina Cavalheiro, já eram falecidos. Os pais de Luiz Thomé eram parentes entre si. A mãe de Generoso (portanto, bisavó de Luiz Thomé) , chamada Francisca Soares, ainda vivia naquela oportunidade, com 78 anos de idade.

 Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro já haviam tido até então as filhas Lina Maria Magdalena (1896), Christina Virgilina Paulina (1898), Catharina Juliana (1901) e Maria Clara (1903). Três anos depois, ainda teriam o filho André José. Luiz Thomé Fragoso passou a sua infância e cresceu na própria região de Fragosos, onde nasceu. Não tinha completado ainda 18 anos quando viu o pai falecer, em 1923, sendo o avô Generoso ainda vivo. No ano seguinte, também o avô faleceu. Nenhum deles teve oportunidade de acompanhar o casamento de Luiz Thomé, ocorrido civilmente em São Bento do Sul no dia 21 de setembro de 1929, um sábado.

Sua noiva chamava-se Rozina Hannusch. Tinha 20 anos na ocasião. Era filha de Johann Hannusch, nascido na Boêmia, e imigrado ainda criança ao Brasil, da mesma forma que sua esposa Barbara Mühlbauer, nascida na Baviera, e imigrada pelo mesmo navio no ano de 1877. Embora tenham primeiro se estabelecido na Estrada dos Banhados, em São Bento do Sul, membros das famílias Hannusch e Mühlbauer acabaram se mudando para a região de Fragosos, onde provavelmente Rozina veio ao mundo, e também onde, ao que tudo indica, deve ter se encontrado com Luiz Thomé, despertando-lhe o interesse que resultaria em casamento. 
 
Deste casamento, nasceriam cinco filhos: Cristina, Adelina, Carlos, Bernardo e Otília, a única que ainda vive na presente data. Luiz Thomé Fragoso também era apenas um lavrador, mas tinha considerável quantidade de terras, algumas no lado catarinense e outras no lado paranaense do Rio Negro, heranças ainda do pioneirismo de sua família na região. Sofria de uma enfermidade no intestino que lhe causava diarreias e até mesmo hemorragias, buscando tratamento nas flores ou folhas de tanchagem.Não foi essa, no entanto, a enfermidade que fez com se deslocasse até Curitiba. 
 
Nos primeiros anos da década de 50, Luiz Thomé Fragoso vivia separado de sua esposa Rozina Hannusch, por motivos ainda não esclarecidos. Vivia na companhia da irmã Christina, casada com José Paulino Baptista, com quem morava no lado paranaense do Rio Negro. Luiz ainda morava lá quando começou a sofrer de hidropisia em suas pernas – doença que também afetaria Christina. Rozina, sabendo da enfermidade, pediu que fossem até a casa de José Paulino para verificar se Luiz Thomé não queria voltar pra Fragosos, se dispondo a cuidar dele. Luiz Thomé teria negado, alegando uma consulta ou viagem já marcada para Curitiba. O próprio José Paulino teria se encarregado de levá-lo para lá. 
 
Já na capital paranaense, foi internado possivelmente na Santa Casa. Para lá se dirigia de vez em quando, durante suas viagens a trabalho, Narciso Ferreira da Silva, genro de Luiz Thomé Fragoso, casado com sua filha Cristina, a fim de saber novidades sobre o seu estado de saúde. Aparentemente não tinha acesso a ele em sua visitas, sendo apenas informado de como estava. Não se sabe por quanto tempo durou esta situação. Um dia, em certo mês de julho, Narciso foi ao hospital perguntar sobre Luiz Thomé e a mulher que o atendeu, depois de uma consulta aos registros internos, informou: “Este homem faleceu há dois meses”. 
 
Ao que tudo indica, e pelo que uma série de referências cruzadas nos permite concluir, Luiz Thomé Fragoso faleceu no Hospital Nossa Senhora da Luz, em Curitiba, no dia 24 de maio de 1956, uma quinta-feira. Seu registro de óbito deixa claro que ninguém sabia muita coisa sobre o seu passado em Santa Catarina. Tinham a informação de que fora casado, mas não sabiam com quem, e nem se chegara a ter filhos. Morreu longe de todos, vítima de caquexia, ou seja, uma desnutrição severa, causa aparentemente alheia ao problema inicial que o fez se internar em Curitiba. Foi sepultado no Cemitério do Boqueirão, certamente sem qualquer tipo de cerimônia e tampouco identificação para o seu túmulo. Praticamente como indigente. 
 
Ouvindo a notícia inesperada, Narciso Ferreira da Silva voltou a Santa Catarina, passando a informação à esposa, filhos e demais familiares de Luiz Thomé Fragoso. Algum tempo depois, Narciso, na companhia de outra testemunha, retornou a Curitiba para conseguir uma cópia do registro de óbito de Luiz Thomé. O documento era necessário para a venda de terras que Luiz Thomé possuía no Paraná, o que foi feito em seguida. As muitas terras que possuía na localidade de Corredeiras também acabariam vendidas, inclusive à custa de muito logro contra a viúva Rozina Hannusch. Com o passar dos anos, os descendentes que permaneceram em Fragosos viram suas posses reduzidas e hoje vivem bastante modestamente no lugar. 
 
E este foi o triste fim de meu bisavô Luiz Thomé Fragoso. 

Família Mühlbauer

(quem tiver correções ou acréscimos, deixe seu email nos comentários)

Foram duas as famílias Mühlbauer que vieram para São Bento com grande descendência, sendo que houve ainda algumas famílias menores. Uma dessas grandes famílias era da Bavária e a outra da Boêmia, mais precisamente de Flecken, aldeia natal de tantas outras famílias que para cá vieram. Começamos com os Mühlbauer bávaros:

1. Mathias Mühlbauer, que casou com Klara, eram proprietários em Schwarzenberg, e foram pais do imigrante:

1.1 Anton Mühlbauer, sobre o qual não foi encontrado registro de batismo nos arquivos de Eschelkam, na Bavária, sendo portanto a sua origem um mistério, devendo ser natural de outra paróquia. Conforme o registro de navio que temos através do livro de Böbel, era pedreiro e nasceu por volta de 1834. Com a família, imigrou para o Brasil em 1877 a bordo do Navio Rio. Casou-se em Eschelkam no dia 03.10.1868 com Barbara Pfeffer, a qual nasceu em 09.12.1838 às 11h e foi batizada no mesmo dia, tendo por madrinha Barbara, que morava em Kleinagn, e que segundo nos foi possível apurar com a ajuda de pesquisadores bávaros, era fª de Georg Pfeffer e Anna Singer, neta de Josef Pfeffer e Anna Hastreiter, bisneta de Josef Pfeffer e Anna Maria Laurer, trineta de Peter Pfeffer e Margareth Hauser, a qual era fª de Georg e Barbara Hauser, tetraneta de Wolgang e Walburga Pfeffer, pentaneta de Andreas e Anna Pfeffer, e cremos ainda hexaneta de outro Andreas Pfeffer. Pelos registros de batismos dos filhos, sabe-se que Anton estava em 1859 em Schwarzenberg, 1869 em Kleinagn, 1872 em Grossaign e 1873 em Ritzenried. Em 1877 estava em São Bento, onde faleceu em 02.11.1911. Pais de:

1.1.1 Theresia Mühlbauer, que nasceu antes dos pais se casarem, no dia 01.11.1859 em Eschelkam, sendo batizada no dia seguinte, tendo por madrinha Theresia Schwarz, solteira e proprietária em Kleinagn. Imigrando para o Brasil, casou-se em São Bento do Sul no dia 20.09.1881 com Anton Fürst, filho natural de Anna Fürst, natural de Hammern, na Boêmia. Theresia faleceu em 27.03.1939, aos 79 anos. O casal morava na Estrada das Neves e teve ao menos:

1.1.1.1 Bárbara Fürst, nascida em 10.02.1883 e batizada em 09.04.1883, sendo padrinhos José Linzmayer e Bárbara Linzmeyer. Teve:

1.1.1.1.1 Maria, que faleceu com 1 ano e 10 meses no dia 25.10.1910.

1.1.1.2 José Fürst, nascido em 04.04.1884 e batizado no dia 20.04.1884, tendo como padrinhos José Linzmeyer e sua esposa Bárbara Linzmeyer.

1.1.2 Philipp Mühlbauer, nascido em Kleinagn e batizado em Eschelkam. Não foi encontrado seu registro de batismo, mas provavelmente também nasceu antes do casamento de seus pais. Casou-se em São Bento do Sul aos 24 anos no dia 19.10.1889 com Rosalia Kellnner, nascida em “Seigenhof”, e batizada em Eschelkam, filha de Josef Kellner e Barbara Kerscher, por essa neta de Wolfang Kerscher e Barbara Seltner. Como testemunhas, serviram Gaspar Liebl e Ignatz Fischer. Lá por volta de 1900, Phillip pegou tifo e sua situação era preocupante, restando pouca chance de salvação. No entanto, a sua esposa e filhos passaram a orar muito para Deus a fim de que Philippe pudesse sair dessa com vida. Mostrando grande fé, prometeram que caso ele se recuperasse, construiriam uma capela para louvar a Deus. Aos poucos, Philipp foi melhorando. Algum tempo depois, ele conseguiu voltar a trabalhar. Cumprindo a promessa, a família construiu a Capela, que foi inaugurada em 1902 e atendeu a muitos dos moradores da redondeza. Como patrono da igrejinha, a população achou por bem colocar “São Felipe”, pois fora o Philipp Muehlbauer que motivou e liderou a construção da Capela em Banhados I, na atural Rua Conrado Liebl. Philipp faleceu no dia 02.11.1926, com 63 anos. Pais de:

1.1.2.1 João Mühlbauer, casado em São Bento do Sul no dia 15.05.1916 com Margarida Müller, filha de Carlos e Mathilde Müller, com quem teve ao menos:

1.1.2.1.1 João Mühlbauer, casado.
1.1.2.1.2 Ervino Mühlbauer, casado com Renata.
1.1.2.1.3 Ewaldo Mühlbauer, casado com Maria.
1.1.2.1.4 Carlos Mühlbauer, que ainda vive em 2008.
1.1.2.1.5 Willy Mühlbauer
1.1.2.1.6 Maria Mühlbauer, casada com Erico Bail.
1.1.2.1.7 Elly Mühlbauer, casada com Erhardt Weiss.
1.1.2.1.8 Regina Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.9 Odete Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.10 Iracema Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.11 Cristina Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.12 Frida Mühlbauer, casada com Erhardt Pauli.

1.1.2.2 Felipe Mühlbauer, que se tornou padre.
1.1.2.3 Francisco Mühlbauer
1.1.2.4 José Mühlbauer, casado com Francisca, e pais de:

1.1.2.4.1 Leonardo Mühlbauer, casado com Wally.

1.1.3 Franziska Mühlbauer, nascida em Kleinagn e batizada Eschelkam no dia 06.05.1868, tendo por madrinha Katharina Pfeffer. Casou-se em São Bento do Sul no dia 23.06.1888 com Johann Augustin, nascido e batizado em Santa Katharina, na Boêmia, e que contava com 26 anos na ocasião, filho de outro Johann Augustin e Theresia Altmann. Pais de ao menos:

1.1.3.1 João Augustin, falecido no dia 21.06.1947, com 53 anos. Casou-se com Francisca Liebl.
1.1.3.2 Carlos Augustin, que faleceu com 5 dias em 11.12.1902, sendo sepultado na sede de São Bento do Sul.
1.1.3.3 Antônio Augustin, que faleceu com 6,5 anos no dia 06.02.1914, na Estrada das Neves.

1.1.4 Ludwig Mühlbauer, que teria nascido em 23.07.1869, às 19h30, e batizado no dia seguinte, tendo por padrinho Ludwig, solteiro, morador de Kleinagn. Como não imigrou, supõe-se que tenha falecido pequeno.

1.1.5 Katharina Mühlbauer, nascida em 14.06.1870 às 19h30 e batizada em seguida, sendo madrinha Katharina Vogl, moradora de Kleinagn. Casou-se aos 22 anos no dia 09.01.1892 com Franz Hannusch, natural de Osseg, na Boêmia, filho de Wenzel Hannusch e Anna Trojan, por essa neto de Anton Trojan e Elisabeth Tausch. Serviram de testemunhas Anton Fürst e Philippe Mühlbauer. Franz faleceu no dia 15.07.1921, aos 55 anos, vítima de influenza. Tiveram ao menos:

1.1.5.1 Francisco Hannusch, nascido em 09.07.1896 e batizado em Bechelbron no dia 26.07.1896, sendo madrinha Barbara Mühlbauer.
1.1.5.2 João Hannusch Sobrinho.
1.1.5.3 Rosália Hannusch, que faleceu com 2 meses no dia 19.12.1905, em Mato Preto, sendo sepultada na sede de São Bento do Sul.

1.1.6 Barbara Mühlbauer, nascida em 29.09.1872 às 16h30, tendo por madrinha Magdalena. Faleceu em Fragosos, onde está sepultada, nno dia 02.07.1943. Se casou no dia 21.12.1895 com Johann Hannusch, filho de Wenzel Hannusch e Anna Trojan, por essa neto de Anton Trojan e Elisabeth Tausch. Como testemunhas, assinaram Anton Fürst e Philipp Mühlbauer. Tiveram ao menos:

1.1.6.1 Francisco Hannusch, batizado na Capela de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, em Lençol, no dia 15.03.1896, tendo como padrinhos seus tios Franz Hannusch e Catharina Mühlbauer.
1.1.6.2 João Hannusch Filho, que nasceu no dia 26.04.1898 e falecido em 22.07.1983, solteiro. Sepultado em Fragosos.
1.1.5.3 Catharina Hannusch, nascida em 26.02.1900 e falecida em 20.11.1982, sendo sepultada em Fragosos. Casou-se com Antônio Basílio da Rocha, e teve:

1.1.6.3.1 Alzira da Rocha
1.1.6.3.2 Lucila da Rocha
1.1.6.3.3 Olinda da Rocha

1.1.6.4 André Hannusch, casado com Sebastiana, e pais de:

1.1.6.4.1 Darci Hannusch

1.1.6.5 Luiz Hannusch, casado com Eloína, com quem teve:

1.1.6.5.1 Jovino Hannusch

1.1.6.6 um filho que faleceu com 5 anos em 1910.
1.1.6.7 Rozina Hannusch, nascida no dia 07.01.1909 e falecida em Fragosos no dia 16.04.1980, sendo sepultada no Cemitério de Fragosos. Casou-se com Luiz Thomé Fragoso, descendente da tradicional família que primeiro ocupou aquela região, filho de Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro, neto paterno de Generoso Fragoso de Oliveira e Leopoldina Maria de Almeida, e neto materno de Felippe Soares Fragoso e Flora Lina Cavalheira. Pais de:

1.1.6.7.1 Cristina Fragoso, casada com Narciso Ferreira da Silva.
1.1.6.7.2 Adelina Fragoso, casada com Livarte Cordeiro de Meira.
1.1.6.7.3 Carlos Fragoso, casado com Maria Diva Gonçalves.
1.1.6.7.4 Bernardo Fragoso, casado com Benedita de Mello.
1.1.6.7.5 Otília Fragoso, nascida em Fragosos no dia 31.07.1943, casado com Luiz da Silva, nascido em Piên no dia 04.01.1928 e falecido em Fragosos no dia 05.09.2007.

1.1.6.8 Lina Hannusch, falecida com 2 anos no dia 11.08.1914.

1.1.7 Georg Mühlbauer, nascido em 05.12.1873 às 23h e batizado no dia seguinte, tendo como padrinho Georg Rank, proprietário. Faleceu em São Bento do Sul no dia 19.11.1949, aos 75 anos.

63. Barbara Pfeffer (1838-)

Minha tetravó Barbara Pfeffer nasceu em Kleinagn, na Bavária, às 11h do dia 09.12.1838, filha de Georg Pfeffer e Anna Singer, sendo madrinha uma Magdalena. Casou-se em 03.10.1868 com Anton Mühlbauer, com quem imigrou ao Brasil em 1877 e com quem teve os seguintes filhos: Theresia Mühlbauer, casada com Anton Fürst; Philipp Mühlbauer, casado com Rosalia Kellner; Franziska Mühlbauer, casada com Johann Augustin; Ludwig Mühlbauer, que não aparece na lista de passageiros, mas cujo registro de batismo foi encontrado na Bavária; Catharina Mühlbauer, casada com Franz Hannusch; e minha trisavó Barbara Mühlbauer, casada com Johann Hannusch. Como se vê pela foto ao lado, Barbara faleceu com avançada idade, mas ainda não sabemos precisar em que ano. Cremos que foi depois de 1920.

61. Anna Trojan (1831-1920)

Minha tetravó Anna Trojan nasceu em Kochowitz e foi batizada em Gastorf, na Boêmia. Casou-se ainda na Europa com Wenzel Hannusch. De Osseg, eles imigraram ao Brasil no ano de 1877 a bordo do Navio Rio. O casal teve os seguintes filhos, que imigraram com eles: Antônia Hannusch, casada com José Pilz; Rozina Hannusch; Franz Hannusch, casado com Catharina Mühlbauer; e meu trisavô Johann Hannusch, casado com Barbara Mühlbauer.
Por volta de 1896, Wenzel Hannusch faleceu. No ano seguinte, encontramos o registro do segundo casamento de Anna Trojan, por sinal muito curioso, e que transcrevemos abaixo:
.
“A treze de Novembro de mil oitocentos e noventa e sete ás 10 horas da manhã na Capella do Smo. Coração de Maria deste município de S. Bento, dispensados os tres banhos canonicos por mim por Delegação do Epmo. e Revmo. Senhor Bispo Diocesano de 26 de Setembro de 1895, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mútuo consentimento na forma do 1º Concílio Tridentino, em minha presença e das testemunhas Jacob Treml e Francisco Eckstein, receberão-se em matrimonio Jorge Zipperer e Anna Trojan, moradores neste município, elle de 76 annos d’idade, nascido e baptisado em Rothenbaum na Bohemia, e filho legítimo de Jorge Zipperer e Anna Augustin, e viúvo por obito de sua 3ª mulher Maria Magdalena Zipperer, e ella de 66 anos d’idade, nascida em Kochowitz e batisada em Gastorf na Boêmia, filha legítima de Antonio Trojan e Elisabeth Tausch, e viúva por obito de seu marido Venceslau Hanusch, do que para constar fiz este termo que assignei junto com a contrahente e as testemunhas.
O Vigário Pe. Carlos Boegershausen.
Anna Trojan
Jacob Treml Franz Eckstein”
.
Eis a assinatura de Anna Trojan conforme ela aparece no registro:
.

Percebemos então que eram ambos de idade bem avançada. Anna com 66 anos e seu esposo Jorge Zipperer com 76. Já tratamos sobre algumas dificuldades na família Zipperer no que diz respeito a nomes e idades. O pai de Jorge talvez fosse Adam Zipperer. Muito interessante também é ver que esse era o quarto casamento de Jorge, e que todos os outros terminaram porque suas esposas faleceram. Mas isso não aconteceria pela quarta vez. Anna faleceu também viúva de Jorge Zipperer, embora o registro só informe que era viúva de seu primeiro marido. Eis a transcrição de seu óbito, conforme o Livro 5, p. 49 N. 52 do Cartório de São Bento:
.
“Aos catorze dias de agosto de mil novecentos e vinte, em meu cartório compareceu Francisco Hannusch, lavrador, domiciliado no lugar Fragosos, de Campo Alegre, e perante as testemunhas no fim assignadas, declarou que hoje, ás 12 horas, em seu domicílio, falleceu sem assistência médica a sua mãe Anna Hannusch, com 89 anos, nascida na Alemanha, e residente no mesmo lugar Fragosos, na companhia de seu dito filho Francisco Hannusch, de profissão doméstica, sem deixar herança, deixando quatro filhos maiores, viúva de Wenceslau Hannusch, em conseqüência de velhice, devendo sepultar-se no Cemitério Cathólico, nesta villa, do que faço esse termo.
A rogo do declarante, por não saber escrever, Eu, Miguel Rodrigues, escrivão interino, o escrevo.”
.
Eis aí um registro que também suscita coisas interessantes. Em 1920 estavam vivos todos os filhos de Anna Trojan com Wenzel Hannusch. Como o número de 4 filhos é o mesmo que encontramos no registro de imigração, supomos que não tiveram outros filhos nascidos no Brasil. Até porque, já estavam na casa dos 40 quando imigraram. Não sei onde morava Jorge Zipperer e de que maneira conheceu minha tetravó Anna Trojan. Como percebe-se pelo registro, os Hannusch moravam na região de Fragosos. Também se diz que ela foi sepultada no “Cemitério Cathólico” de São Bento. Se de fato está lá no Cemitério Municipal, sua lápide também perdeu-se com o passar dos anos, de modo que já é impossível identificar o local em que está sepultada.
.
Anna faleceu com avançada idade, e sua morte impediu que sofresse a perda de seu filho Francisco Hannusch, o declarante desse óbito, que faleceu no ano seguinte, aos 55 anos, vítima de influenza.

60. Wenzel Hannusch

Meu tetravô Wenzel Hannusch era da região de Osseg ou Osseck, no norte da Boêmia. Nasceu por volta de 1833. Era operário, e imigrou ao Brasil a bordo do Navio Rio, que chegou em São Francisco do Sul no dia 22.04.1877. Wenzel veio já casado com Anna Trojan e com seus filhos. Ainda não pude consultar um provável registro de óbito de Wenzel Hannusch. Ele faleceu antes de 1897, ano em que sua esposa Anna Trojan se casou pela segunda vez. Nos livros eclesiásticos não ficou registro desse falecimento. Resta-nos então a consulta ao cartório civil. Embora seja difícil, pode ser que informe os pais, nomes que até então desconhecemos. Wenzel Hannusch é antepassado de todos os Hannusch que vieram para a região de São Bento. Grande parte deles se estabeleceram em Fragosos e redondezas.

15. Rozina Hannusch (1909-1980)

Minha bisavó Rozina Hannusch nasceu em Fragosos no dia 07.01.1909. Casou-se com Luiz Thomé Fragoso, filho de Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro. O casal teve os seguintes filhos: Cristina Fragoso, casada com Narciso da Silva; Adelina Fragoso, casada com Livarte Cordeiro de Meira, os quais se mudaram para Colombo/PR; Carlos Fragoso, casado com Maria Diva Gonçalves; Bernardo Fragoso, casado com Benedita de Melo, e Otília Fragoso, casada com Luiz da Silva.

Rozina também era de família humilde. Faleceu em Fragosos no dia 16.04.1980, provavelmente de alguma doença relacionada ao pulmão. Costumava, assim como a sogra de sua filha Otília, Francisca da Silva, fumar cigarros de palheiro. Tossia muito em seus últimos dias. Ficou algum tempo mal, de cama. Até que não resistiu mais e faleceu.

Morava numa casa próxia a de sua filha Otília Fragoso, mas quando a doença começou a a atacar, mudou-se para a companhia da filha, que com muito zelo e dedicação cuidou dela até o dia de sua passagem. Ainda houve a tentativa de levá-la a um hospital, mas ela acabou falecendo no caminho. Está sepultada no Cemitério de Fragosos.

Família Pfeffer

A senhora do meio é Barbara Pfeffer, casada com Anton Mühlbauer. A seu lado, suas filhas Catharina Mühlbauer, casada com Franz Hannusch, e Barbara Mühlbauer, casada com Johann Hannusch. Eram duas irmãs casadas com dois irmãos. Moravam na região de Fragosos, interior de Campo Alegre. Barbara veio com esposo e filhos ao Brasil em 1877.
Família Pfeffer
Andreas Pfeffer, que teria nascido por volta de 1580 em Stachesried, na Bavária. Pai de:

1. Andreas Pfeffer, nascido por volta de 1620 em Kleinagn. Teria se casado em 1645 com Anna. Tiveram:

1.1 Wolfgang Pfeffer, batizado em 01.01.1651 em Eschlkam. Seu padrinho foi Wolfgang Schwarz, fazendeiro em Schachten. Faleceu em 07.06.1709, também em Eschlkam. Casou-se com Walburga. Há dados que afirmam que ela faleceu em 1700 e um outro diz 24.01.1728. Era dona de casa. Wolfgang foi agricultor. Tiveram, entre outros:

1.1.1 Peter Pfeffer, nascido em 19.03.1689, provavelmente em Kleinagn, tendo como padrinho Peter Pongraz, fazendeiro em Grossaign. Faleceu em 27.10.1740 em Kleinagn. Era carpinteiro e também dono de uma taverna. Casou-se com Margareth Hauser, batizada em 23.07.1688, falecida em Kleinagn a 18.08.1756. Sua madrinha foi Margaretha Hartl, esposa de fazendeiro em Warzenried. Margarethe era filha do carpinteiro Georg Hauser e sua esposa Barbara. Peter e Margarethe se casaram em 04.03.1715, tendo como testemunhas Wolf Fenzel e Wolf Hauser. Pais de, entre outros:

1.1.1.1 Josef Pfeffer, nascido em 03.12.1727. Seu padrinho eram Adam Stoiber, ferreiro em Kleinagn. Teria se casado com Anna Hoffmann. Casado com Anna Maria Laurer em 22.11.1751. Em 20.06.1763, já viúvo, casa-se com Anna Hezenbauer, filha de Johann e Dorothea Hezenbauer. Josef Pfeffer também cuidava da taverna. Com Anna Maria Laurer, teve, entre outros:

1.1.1.1.1 Josef Pfeffer, que se casou em 22.11.1790 com Anna Hastreiter. Com ela teve ao menos:

1.1.1.1.1.1 Georg Pfeffer, nascido em Kleinagn nº 16 no dia 11.11.1802. Casou-se em 11.06.1832 com Anna Singer, nascida em Kleinagn nº 17 em 24.05.1810. Entre seus filhos, tiveram:

1.1.1.1.1.1.1 Barbara Pfeffer, nascida em Kleinagn a 09.12.1838. Casou-se com o pedreiro Anton Mühlbauer, filho de Mathias e Klara Mühlbauer, no dia 03.10.1868. Com o esposo e filhos, imigraram para São Bento do Sul no ano de 1877 pelo navio Rio. Seu esposo Anton faleceu em São Bento do Sul a 02.12.1911. Barbara faleceu depois, com avançada idade.