Fotos raras de São Bento em 1880

Há alguns dias, por mero acaso, aproveitando a dica de Buca Seiffert no grupo “São Bento no Passado” do Facebook sobre o arquivo digital da Fundação Biblioteca Nacional, encontrei no site quatro fotos antigas de São Bento do Sul, todas com data de 1880. À exceção de uma delas, que retrata a casa do sapateiro Frederico Fendrich e a primeira igreja de São Bento, todas as outras não foram divulgadas em nenhuma publicação, e não posso confirmar sequer que existam no Arquivo Histórico da cidade.  Além de raras, as fotos representam momentos singulares na história da cidade.

Vamos a elas:

Essa é a segunda capela da sede de São Bento – não necessariamente a segunda capela da cidade. Ficava na atual rua Jorge Lacerda. Sua construção é tida pelo historiador Alexandre Pfeiffer como tendo ocorrido entre os anos de 1878-1879.

Essa é uma das mais incríveis fotos sobre a nossa história. Também é a primeira em que aparece o Rio São Bento (embaixo à esquerda). Foi tirada do morro do  Buschle. A casa mais à esquerda é provavelmente a primeira que teve o Dr. Phillipp Maria Wolff em São Bento, antes de construir, um pouco mais para frente e adiante,  o seu palacete, hoje transformado em Museu Municipal. A segunda casa, com três janelas na vertical da parte de trás, ainda estava em pé no início dos anos 70, segundo recorda Henry Henkels. Ali funcionou um escritório de Heinz Zulauf.  Nos anos 60, funcionava nela uma padaria de Ewald Stratmann, que depois se mudou para Canoinhas. As demais casas e construções ainda permanecem desconhecidas.

Repare no enorme pinheiro de quatro copas no canto direito superior da foto.  É o mesmo pinheiro que aparece na parte direita da foto abaixo:

Essa é a única foto conhecida entre essas disponíveis na Biblioteca Nacional. A casa no centro da imagem é a residência de Frederico Fendrich, o sapateiro, e primeiro professor da sede. Ficava na esquina da Rua Visconde de Taunay, onde antigamente era a agência da Caixa Econômica e hoje é a Farmácia do Sesi. Logo acima na foto está aquela que seria a primeira igreja do centro de São Bento. Em geral, essa foto aparece como sendo de 1875, o que não pode ser verdade, pois neste ano a igreja ainda não havia sido construída. Em 1880, nem a igreja permanecia lá e nem Frederico Fendrich mantinha mais a escola em que lecionou provisoriamente entre 1876-1879.

Essa é provavelmente o registro mais antigo de Oxford (o bairro que nasce do encontro da Estrada Dona Francisca com o Caminho de Argollo). Em 1880, o lugar já era conhecido por esse nome.  Segundo o historiador Henry Henkels, tudo leva a crer que a “serraria – engenho de herva – moinho” citados na legenda fossem as instalações de August Henning, um dos pioneiros da indústria local.

São, em suma, as mais antigas que temos sobre a nossa história!

Confira aqui outras fotos antigas de São Bento do Sul.

Antigos membros do Coro Santa Cecília

No jornal Tribuna da Serra de 22.09.1963 foi feita uma tentativa de resgatar a história do Coro Santa Cecília, que acompanhava as missas, celebrações e eventos em geral da comunidade católica do centro de São Bento do Sul.  A matéria cita entre os primeiros componentes meu bisavô Frederico Fendrich, chamado “Fritz Fendrich”, que teria feito parte do Coral por cerca de 40 anos. Vários filhos seus também fizeram parte e são citados: Luiza Fendrich Peng, Hilda Fendrich Schewinsky, Wally Fendrich Hastreiter, Erna Fendrich Stähelin, Matilde Fendrich Freiberger e meu avô Herbert Alfredo Fendrich, que dele participou por cerca de 30 anos. Eis a matéria conforme saiu no jornal, apenas com ligeiras correções em alguns nomes:

A fé que jaz no pensamento humano se manifesta humildemente no Coro Santa Cecília

Revendo as páginas da história de São Bento, tentamos encontrar alusões sobre o Coro Santa Cecília. Procuramos em outras biografias achar passagens que assinalam a vontade férica, a imensa capacidade de trabalho e de sacrifício, paciência e tenacidade sem limites e ainda a fé cristã esculpida na alma desses “anônimos” que há mais de meio século vêm dando o apoio máximo em todas as cerimônias religiosas.

Mas nada encontramos…

Nesta pequena agremiação cultural sem subvenções, sem apoio material, eles nunca foram vencidos. Daí a razão de sua glória. Nosso preito de reconhecimento a estes abnegados anônimos, a eles a nossa homenagem, porque eles bem a merecem. 

“Coro Santa Cecília”

Foi fundado em 1904 quando aqui estava o Padre José Foxius, em colaboração com o Professor Max Dexel (marido da primeira parteira de São Bento).  Começou com o professor Max tocando harmônio e cantava ao mesmo tempo (era tenor) acompanhado por João Treml que respondia pelo baixo. Um ano depois já contava o coro com a participação de Ana e Francisca Augustin, Ana Bierman, Augusta Keil (Tante Guste), Maria e Bárbara Beil (ambas hoje freiras da Divina Providência), Francisca e Maria Roesler.  Isto ainda na antiga Matriz, onde hoje é a Vila Roesler. Com o tempo, foi ampliado o coro com a presença de Tereza e Maria Treml, Helena Kobs e outras que não conseguimos saber o nome. A seguir no elenco masculino anotamos Carlos Ehrl, Luiz Kollross, Fritz Fendrich, Carlos Ehrl Júnior, Carlos Zipperer, Carlos Zipperer Sob. Isto já na nova matriz, que há poucos anos foi demolida, então sob a direção do Padre Renakel.  Naquela época vieram á São Bento as Irmãs da Divina Providência, que desde logo começaram a participar do Coro.  Surgiu depois para ampliação do Coro: Otília Virmond, Luiza Fendrich, Margarida Hoffmann, Francisca Eckstein, Marichern Roesler, Berta Robl, Luiza Fendrich, Maria Verbinem e outras. Logo após ingressaram no Coro os Irmãos Weihermann, que vieram da Alemanha. Na época do Padre Francisco von Nagy (por sinal parente de uma estrela de Holywood, Quety von Nagy) o coro tomou grande impulso e muitos novos cantores. Entre eles, Elisabeth e Adelaide Fendrich, Paula e Amanda Ehrl, Anéida(?) Costa, Wally, Erna e Hilda Fendrich, Elfriede Treml, Cecília Buschle, etc. Uns continuavam anos a colaborarem, outros por motivos particulares desistiam. Continuando ainda anotamos nomes como Mathilde Fendrich, Theolinda Roesler, Harry Pfutzenreuter, filhas de Jorge Schreiner, Affonso Treml, Rubens Zanluca, João Schindler, Ernesto V. dos Santos, Nelson Hümmelgen, Affonso Kurowsky, Inês, Cornélia e Hilda Weihermann, João Weihermann, Franz Bruk e senhora. Este último dirigou o coro com muita segurança e prestígio. Também anotamos os nomes das irmãs que colaboraram durante todos esses tempos, e que foram as seguintes Irmãs: Cacilda, Gabriela, Engeltrudes(?), Hildebaldes(?), Vicentina, Anésia, Raquel, Lourença e Olívia, sendo que esta última está atualmente integrada no grupo acompanhando o mesmo em todas as festividades religiosas.  Hoje, o coro está sob a maestria doa batuta  Wilfredo Weihermann, competente e dinâmico regente. Fazem parte do grupo atual Ludgero, Afonso e João Weihermann, Mário Cristofolini, Adolar Sontag, Miguel Barati(?), Afonso Treml, Carlos Zipperer Sobrinho, Herbert Fendrich, José Montowsky, Ingoberto Kaiser, José M. Vieira, Antônio Moreira, viúva Francisca Schwarz, Paula Hortz(?), Wally Moreti, Claudete Moreti, Lacerda, Theolinda Kobs, Matilde Freiberger, Erna Stähelin, Lídia Kurowsky, Lia Hilgenstieler, Cecília Buschle, Luiza e Nilza Peng, Dolores Schreiner, Dorotéa Endler,  Matilde Cristofolini, Wilma Sontag. 

É possível que por um lapso ou falta de conhecimento tenhamos esquecido alguns nomes, que pelo transcorrer dos anos ficaram esquecidos, no entanto deixamos aqui registrado uma “Pequena Grande História” de elementos que merecem todo nosso respeito. Ao Coro “Santa Cecília” os nossos Vivas, pois ele o merece.