Michael Witt, o primeiro a morrer

Coluna publicada no Jornal Folha do Norte de 09.04.2013.

Existe na Estrada Wunderwald um monumento em homenagem a Karl Wilhelm Bendlin, muitas vezes tido como o primeiro imigrante falecido em São Bento. O cronista Josef Zipperer descreveu o enterro de Bendlin em suas memórias e afirmou ter sido esta a primeira morte na cidade. A afirmação, no entanto, é equivocada, pois Bendlin parece ter falecido no segundo semestre de 1874, quando outros tantos imigrantes já haviam falecido em São Bento.

Na sua obra “São Bento do Sul – Subsídios Para Sua História”, o historiador Carlos Ficker aponta os primeiros óbitos registrados na cidade. Antes de Bendlin, já haviam falecido Johann Wilke, que não era colono, mas um engenheiro de Joinville, e Franz Zipperer, irmão de Josef, solteiro e com apenas 16 anos. O primeiro imigrante chefe de família a falecer em São Bento foi Michael Witt, aos 11.03.1874

Natural da região de Münsterwalde, na Prússia Ocidental, Michael Witt chegou ao Brasil em setembro de 1873 a bordo do Zanzibar. Veio acompanhado da esposa Eva Bormann. Seus filhos, já grandes, permaneceram na Europa. Michael esteve entre os 70 imigrantes pioneiros de São Bento. Recebeu um lote no lado norte da Estrada Wunderwald e nele começou a trabalhar na derrubada da mata, na plantação das primeiras sementes e na construção de sua casa. Mas, como visto, faleceu pouco tempo depois, com cerca de 50 anos.

Em 1876, imigrou ao Brasil uma das filhas de Michael, chamada Wilhelmine Witt, casada com Friedrich Labanz. Nove dias antes da chegada de Wilhelmine, sua mãe havia se casado com Mathias Piritsch, outro dos 70 pioneiros, e que se suicidaria alguns anos depois. Em 1883, outro filho de Michael, chamado Albert Witt, também imigrou. Ainda há descendentes de Michael Witt na região, entre eles este cronista.

A imagem a seguir registra uma cerimônia em homenagem a Karl Wilhelm Bendlin, na época ainda tido como o primeiro imigrante falecido na cidade. Há relatos de que o atual monumento não está em bom estado de conservação.

Casal de imigrantes envia carta aos parentes na Europa

Família Jelinski comentava vida em São Bento, mas carta não foi entregue

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Em meio aos arquivos do imigrante Josef Zipperer (1847-1934), seu filho Martim encontrou a carta de um casal de poloneses de São Bento, e que deveria ter sido enviada aos seus familiares na Europa. Josef Zipperer era letrado, ao contrário da maioria dos imigrantes da cidade, e por isso, ao que parece, vez ou outra escrevia para algum deles cartas como essa. Mas por algum motivo ela não foi enviada. Martim a encontrou, passou para o português, e a publicou na terceira edição da obra “São Bento no Passado”, que reúne as memórias de seu pai sobre o tempo da colonização.

A carta é de uma simplicidade e uma singeleza notáveis. Os autores, José e Madalena Jelinski, começam lembrando que esta já era a terceira carta que mandavam, e que ainda não haviam recebido nenhuma resposta. De fato, a comunicação naqueles tempos não era das mais fáceis. A imigração representava, quase sempre, nunca mais ver as pessoas que permaneceram na Europa, limitando-se a, quando muito, contar as novidades através de alguma carta. Nessas ocasiões, eram contados eventos simples, mas bastante significativos para as famílias, como o nascimento de crianças e o casamento de pessoas conhecidas. Também eram essas informações que esperavam receber do lado de lá.

É compreensível que fizessem menção à atividades na lavoura e criação de animais, pois era nisso que precisavam empregar os seus esforços diariamente, a fim de se sustentarem no novo país. Na carta dos Jelinski, é curiosa também a menção a um irmão que estaria pensando em imigrar, e que era alertado pelos já imigrantes de que não precisava ter medo de que, no Brasil, viesse a ser escravo. Os Jelinski também recomendavam que, caso viessem mesmo ao Brasil, trouxessem quadros de santos, coisa que não havia na cidade para as práticas do culto católico.

No geral é um documento bastante curioso, e muito bonito, sobre como viviam os primeiros imigrantes de São Bento e de como se relacionavam com os seus familiares europeus. Transcrevo abaixo esta carta, e ao final dou alguns detalhes sobre as pessoas que nela são citadas.

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São Bento, 7 de Julho de 1879.

Meus queridos Pais e Irmãos:

Já escrevemos duas cartas, mas sem termos recebido uma resposta, e assim escrevemos a terceira.

Graças ao bom Deus, todos estamos com boa saúde e bem dispostos, e desejamos de todo coração que esta carta encontre V. Mce. com boa saúde.

Como novidade lhes comunicamos que houve aumento em nossa família, e que o parentesco aumentou, no dia 20 de Dezembro de 1878, nasceu-nos um forte rapaz e que recebeu no Santo Batismo o nome de José, e agora ele já está crescido.

Esperamos que V. Mce. não nos esqueçam após de tanto tempo já passado que saímos de V. Mce e estamos agora tão longe neste mundo tão vasto.

Ou será que V. Mce. não querem mais nos escrever, pois já faz tanto tempo que não mais escreveram e nada mais soubemos de V. Mce.

Nós estamos agora passando aqui de ano em ano melhor, e estamos muito satisfeitos, já limpamos grande parte do nosso terreno e cercamos uma boa quantidade de morgos para potreiro. Temos agora já uma vaca e um touro, e dentro de 14 dias a vaca deve dar cria. Temos um cavalo para montar, 10 porcos, bastante galinhas e patos.

Os últimos dois anos as colheitas não foram boas. O centeio sofreu muito por lagartas que comeram o centeio. No ano passado uma geada tardia estragou a plantação das batatinhas. Quando estiveram em flor, veio a geada e estragou tudo que foi do plantio cedo.

Queríamos saber se o irmão João ainda está com vontade de imigrar, e caso for, esperamos que venha aqui para junto de nós.

Certamente o irmão está com receio que, caso venha ao Brasil passará a ser Escravo. Nada disto, cada qual é livre, e senhor de si mesmo, e tudo o que se ganha, e se faz, é tudo nosso e cada um pode bem fazer o que ele deseja.

Escrevam-nos se todos ainda estão vivos e se estão todos morando no mesmo lugar e se a família aumentou, e em quantos.

Aonde está o Antônio Dusofsky?

Como novidade escrevemos que todos os filhos do Jakusch já estão casados. A Augusta casou com o João Breszinsky.

Leo e o João vão casar-se dentro de poucos dias, eles casam com duas irmãs, são poloneses. Os dois Jakusch são negociantes.

Os Konkol tiveram uma filhinha, mas não se dão bem com os Jakusch, não se querem bem, porque o Jakusch não pagou o que ficou devendo.

Se alguém de vocês vier aqui para o Brasil, então devem trazer quadros de Santos, aqui não se encontra quadros de Santos.

Finalizamos esta carta com a esperança de uma breve resposta.

Nós saudamos o Pai e a Mãe e todos os irmãos, as irmãs e todos os demais parentes e conhecidos.

Estamos com todo o nosso respeito até a morte.

Os seus filhos e netos,

José e Madalena Jelinsky. 

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Os autores da carta acima são Josef Jelinski (às vezes Gelinski) e Magdalena Kosznik. Ele nasceu em Putz e foi batizado em Berent, na Prússia Ocidental, sendo filho de Albrecht Jelinsky e Christina Engler.  Sua esposa era filha de Andreas Kosznik e Mariana Glodowska. Os dois imigraram de Gr. Bondomen, na Prússia Ocidental, a bordo do Terpsichore, que saiu do porto de Hamburgo aos 10.04.1873 e chegou ao porto de São Francisco do Sul no dia 01.06.1873. Josef contava com 30 anos e Magdalena com 25. Trouxeram consigo os filhos Paul (4 anos e 3 meses) e Eva (3 meses).

Ao chegarem no Brasil, se encaminharam para a atual cidade de Joinville, onde devem ter sido abrigado num dos ranchos de recepção, enquanto esperavam da direção da Colônia uma definição do destino que teriam. No mês seguinte começaram os preparativos para a fundação de uma nova colônia no topo da Serra Dona Francisca, e que viria a se tornar a cidade de São Bento do Sul. E Josef Jelinski esteve entre os primeiros 70 imigrantes que colonizaram a cidade.

A família se estabeleceu na Estrada Wunderwald, que foi conhecida também como “Estrada dos Polacos”, justamente pela maioria étnica dos seus moradores.  A família de Josef Zipperer, o homem que escreveu a carta, foi outra das pioneiras, e também morava na Estrada Wunderwald, embora fosse de origem boêmia.

Ao escrever essa terceira carta, os Jelinski relatam o nascimento do filho José, ocorrido no final do ano anterior.  Era o terceiro filho que tinham em solo brasileiro. Antes dele, haviam nascido Romão (1875) e Magdalena Theresa (1877). É de se imaginar que os seus nascimentos tenham sido relatados nas cartas anteriores. E depois dessa carta teriam ainda outros três: Joanna (1881), Martha (1883) e Valentim (1886).

Aos 13.04.1887, Magdalena Koszik faleceu, vítima de tísica intestinal, aos 40 anos de idade. Seu esposo Josef Jelinski voltou a se casar pouquíssimo tempo depois, aos 17.05.1887, com a também viúva Francisca Demska.  Com ela ficou casado longo período, até que ele veio a falecer, aos 75 anos de idade no dia 08.05.1914. Francisca Demska só viria a falecer, na mesma cidade, no dia 24.08.1927, aos 86 anos.

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Os Jakusch e os Konkol

A carta revela que os Jelinski conheciam as famílias Jakusch e Konkol já na Europa. Não temos o registro de entrada no Brasil de Benedikt Jakusch von Gostomski, casado com Eva Frede, também naturais da Prússia Ocidental, embora saibamos que imigraram e foram moradores na Estrada Wunderwald. O mesmo vale para os seus filhos, com exceção de Leo Jakusch, que aparece num registro isolado, vindo do porto de Santos para o porto de São Francisco do Sul a bordo do Esperança, com chegada aos 24.05.1875.

Embora afirmem que todos os filhos do Jakusch (ou seja, de Benedikt) já estavam casados,  os registros mostram que ainda não estavam casados as filhas Paulina e Rosa e o filho Josef, que morreu solteiro. É possível que tenham nascido em período posterior a imigração, e que assim os Jelinski na Europa não os conheciam. Leo e João Jakusch de fato se casaram com duas irmãs polonesas, chamadas Maria e Josefa Furmannkievicz, respectivamente.  Augusta Jakusch, como dito na carta, foi casada com João Breszinski, de Sabonsch, na Prússia Ocidental, e que também era conhecido dos Jelinski na Europa, como visto. O pai de João, Joseph Breszinski, também foi um dos 70 pioneiros de São Bento.

Outro pioneiro foi Josef Konkol, imigrante da mesma Sabonsch, de onde veio casado com Mariana Niemczyk. Imigraram a bordo do Doctor Barth, que chegou no Brasil aos 07.06.1873, logo depois do navio que trouxe os Jelinski.  Com o casal vieram os filhos Leonhard, Franz, Stanislaus e Juliane. No Brasil, tiveram ainda Helena e João. A “filhinha” citada na carta dos Jelinski era Mariana Konkol, nascida alguns dias antes de escreverem, aos 25.06.1879. Eles teriam ainda as filhas Anastácia (1883) e Ludovica (1885).

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E mais não sabemos ainda sobre a história dos Jelinski, e menos ainda se, um dia, chegaram a ter algum retorno para as cartas que mandavam para os familiares na Europa.  A carta que não foi entregue teve, ao menos, o mérito de se transformar num dos documentos mais curiosos e valiosos na história da colonização de São Bento do Sul.

Uma visita à terra natal dos Zipperer

Meu amigo e parente Evandro Zipperer fez no mês de maio uma viagem à Europa, e nela aproveitou para conhecer a aldeia natal de seus ancestrais, que também são os meus. Da aldeia de Flecken (hoje chamada Fleky), na República Tcheca, o imigrante Anton Zipperer partiu em 1873 na companhia de esposa e filhos para imigrar ao Brasil, tendo aqui se tornado um dos pioneiros na colonização de São Bento do Sul. Evandro fez o interessante relato que segue abaixo sobre as impressões que a visita lhe causou:

O ponto culminante foi a visita que fiz à Böhmerwald mais precisamente à Fleky!!!

Foi muito emocionante e repleto de surpresas!! Eu fiquei visivelmente emocionado em encontrar o local e respirar o ar onde os meus antepassados viveram!!! Quisera encontrar alguém para conversar e buscar mais informações. Mas era só eu e minha esposa. Encontrei um senhor que estava trabalhando numa obra de uma casa e ele era de Hamry. Mas não dispunha de tempo para conversar “ich muss arbeiten”.

Foi muito tocante principalmente no local da antiga igreja de Rothenbaum. Foi o ponto culminante e ali a minha esposa encontrou uma cruz demarcando uma antiga sepultura com o nome “Zipperer” inscrito na madeira!!! E bem cuidado, sinal que alguém cuida do local. Ver foto anexa.

A região é muito bonita e o local da igreja está bem cuidado, com o antigo fundamento, a pia batismal, uma cruz e todas as lápides dispostas e encostadas na lateral do antigo cemitério!! Vale a pena visitar. Registrei a visita com uma porção de fotos; voce não imagina a solidão e o silêncio que faz naquelas paragens. E tudo cercado de verde e árvores frondosas. Silêncio sepulcral e de fato os mortos jazem em sossêgo naquele lugar. O silêncio era tão profundo que nos sentíamos no fim do mundo, só nós dois e o cantar dos pássaros. Não imaginava uma coisa dessas!

Só posso agradecer ao bom Deus em conceder a realização desse sonho; me sinto revigorado e o ar de lá fez bem; me sinto mais “zipperer” e orgulhoso de ver nascer uma familia advinda de plagas tão distantes e diferentes. Orgulhe-se do nome que tem; é a coisa mais cara que pode existir. Na simplicidade do local ecoam hoje os sons dos pássaros que talvez queiram conversar com a gente. A coisa toca profundo!

Andei por todas as pequenas vilas e pasme que tudo está sinalizado com as indicações de distâncias, etc. Denota muita organização em termos de administração. Mas infelizmente tem muitas casas em ruínas e outras sendo reformadas. Deve ser o reflexo de tudo aquilo que já foi perpetuado na região em função de guerras, política, etc.

As tuas indicações com os nomes dos locais foi muito valiosa e serviu de estudo antecipado para me dirigir para aquele lugar. O Hilário Rank aí de São Bento foi importante dando as dicas e roteiro com os locais a serem visitados. 

Quiçá um dia voce vai visitar essa região, o que seria um coroamento pela dedicação e respeito às pesquisas que realiza. Vale a pena colocar no roteiro. 

Foto de Anton Zipperer e Elisabeth Mischeck

Essa é a foto de Anton Zipperer (1813-1891) e sua esposa Elisabeth Mischeck (1822-1888), casal que imigrou de Flecken, na Boêmia, e se tornou pioneiro na colonização de São Bento, em 1873. Está disponível no Arquivo Histórico. Tentei descobrir mais sobre o “J. Weiss e irmão”, mas ainda não tive sucesso. A foto também está reproduzida no livro “São Bento no Passado”, compilação das memórias de Josef Zipperer. Considerando que Anton já passava dos 60 anos quando imigrou, está bem conservado.

 

Eva – Uma das primeiras mulheres de São Bento

Uma das primeiras mulheres na história de São Bento do Sul se chamava, por redundância, Eva. Nasceu na Prússia, filha de Johann Daniel Bormann e Dorothea Fenske. O primeiro Adão de nossa Eva chamava-se Michael Witt, de quem já tratamos aqui, e que foi o primeiro imigrante chefe de família a falecer em São Bento do Sul. Viúva, Eva Bormann voltou a se casar com Mathias Piritsch, de quem também já falamos, e que foi o primeiro suicida da cidade – ou seja, Eva se casou com o primeiro imigrante que morreu de morte morrida e também com o primeiro que morreu de morte suicidada.

Eva não deve ter sofrido pouco. A morte prematura do marido com quem imigrara provavelmente representou um abalo nas esperanças que tinha quando decidiu vir ao Brasil. O segundo casamento, após três anos da imigração, indica uma superação da dor inicial e uma adaptação à nova realidade. Mas também esse casamento não teve um bom desfecho – ao contrário, terminou em um evento bastante traumático.

Mas tudo indica que Eva era realmente forte. Em 1891, sete anos após o suicídio de Piritsch, e já estando na casa dos sessenta anos de idade, ela voltou a se casar. Dessa vez, o escolhido foi um sueco chamado Otto Svenson, aproximadamente vinte anos (!) mais novo do que ela. Svenson teve mais sorte do que os outros maridos, e não foi o primeiro a morrer de algum jeito – embora talvez tenha sido o primeiro sueco a morrer na cidade. O terceiro casamento de Eva durou quinze anos, até ela falecer em 02.12.1906.

Na ocasião, Eva já contava com mais de 80 anos. Morreu de morte natural, então? Nada. Eva era realmente forte. Faleceu vítima de mordida de uma cobra. Se não fosse por ela, ninguém sabe quantos anos mais viveria – quem sabe chegasse a ter um quarto casamento.

Michael Witt – O Primeiro Chefe de Família Falecido em SBS

Michael Witt foi o primeiro imigrante chefe de família a falecer em São Bento do Sul, no dia 11 de março de 1874. A “honraria” atualmente é atribuída de forma equivocada a Karl Wilhelm Bendlin, que faleceu apenas no segundo semestre daquele ano. Antes de Witt, a documentação oficial da Colônia Dona Francisca cita o falecimento de Johann Wilke, em 17 de fevereiro, e Franz Zipperer, em 21 de fevereiro. O primeiro não era colono de São Bento, mas um auxiliar do engenheiro August Heeren, com família em Joinville. O outro contava com apenas 16 anos e imigrou ao Brasil acompanhado dos pais, sem ter constituído família. O terceiro falecido citado é, justamente, Michael Witt. O historiador Henry Henkels aborda a questão mais detalhadamente.

Túmulo de Karl Wilhelm Bendlin, equivocadamente tido como primeiro imigrante falecido em São Bento.

Natural da Prússia, Michael Witt imigrou com a esposa Eva Bormann, filha de Johann Daniel Bormann e Dorothea Fenske, a bordo do Zanzibar, que saiu do porto de Hamburgo em 20.06.1873 e chegou ao porto de São Francisco do Sul em 06.09.1873. Michael está entre os 70 imigrantes pioneiros de São Bento, já que fez parte do grupo que partiu de Joinville para dar início a uma nova colonização no topo da serra.

A expectativa de um futuro melhor para o casal em solo brasileiro, no entanto, foi abalada com a prematura morte de Michael Witt, com cerca de 50 anos. Ele e sua esposa não trouxeram nenhum de seus filhos quando imigraram, então é possível imaginar o quanto Eva Bormann deve ter sofrido com o falecimento do marido – e, mais do que isso, o quanto não teve que batalhar para superar a ausência de Michael e rapidamente tratar de se adaptar à nova realidade em São Bento – a sua própria sobrevivência dependia disso.

Em 14.11.1876, provavelmente já instalada e adaptada na Colônia, Eva Bormann casou-se com Mathias Piritsch, também um dos 70 imigrantes pioneiros de São Bento, e que viria a se tornar o primeiro suicida conhecido de São Bento, em 1884. Alguns dias depois desse casamento, em 23 de novembro, chegou ao Brasil Wilhelmine Witt, filha de Michael Witt com Eva Bormann. Veio já casada com Friedrich Labanz, filho de outro Friedrich Labanz e de Louise Zollmenger, e trouxe consigo as filhas Ida Bertha e Emília.

Em 1883, imigrou outro filho de Michael Witt, chamado Albert Witt, que teve como esposa uma mulher que também se chamava Wilhelmine Witt, filha de certo Jakob Witt. O casal teve ao menos os filhos Bertha, Robert, Emma, August, Emília Otília, Emil Otto e Frieda Helene Witt. Assim, Eva Bormann já tinha em quem buscar apoio na sua jornada no Brasil, e certamente foram seus familiares que lhe ajudaram a superar o suicídio de seu segundo esposo.

Apesar de desconhecido na história local, Michael Witt recebeu em sua homenagem o nome de umas das ruas de São Bento do Sul.

Primeiros Imigrantes de São Bento (1873-1877)

Recentemente, foi publicada a revista “Imagens da História – São Bento do Sul”, da autoria de Vera Alice Arnholdo e Kalil de Oliveira. A obra conta partes importantes da história da cidade com base em fotografias do acervo do Arquivo Histórico Municipal de São Bento do Sul. Entre essas fotos, existe uma que é uma verdadeira preciosidade, por conta dos personagens que dela fazem parte. Trata-se de uma foto com vários dos primeiros imigrantes que vieram a São Bento do Sul entre os anos de 1873-1877. Muitos desses imigrantes ainda não haviam sido identificados em outras fotos. Agora, é possível comparar as suas figuras com aquelas de outros retratos antigos.

Aproveitando a existência e publicação dessa preciosa foto, me dispus a detalhar um pouco sobre os personagens que nela aparecem. As informações estão disponíveis nos livros de registro eclesiástico de São Bento do Sul, mas podem também ser encontradas de forma mais organizada (separadas por famílias) na indispensável publicação “Famílias Tradicionais”, de Paulo Henrique Jürgensen.

Estimo a data da foto para o final da década de 10 e primeiros anos da década de 20.  Ei-la, seguida dos respectivos comentários sobre os imigrantes. O site do Arquivo Histórico também disponibiliza a fotografia, e num tamanho maior, bastando clicar aqui.

Sentados, na primeira fileira:

Carl Ehrl Sênior. Nascido em Hammern, na Boêmia, filho de Georg Ehrl e sua esposa Catharina Rückl, que recebaram um lote colonial em 1876 na Estrada das Neves. Imigrou ao Brasil em 1876 a bordo do Humbolt. Casou-se em São Bento do Sul no dia 09.07.1879 com Barbara Bayerl ou Beil, filha de Georg Bayerl e Elisabeth Achatz. Viúvo, casou-se em 23.10.1888 com Francisca Bayerl, irmã da sua primeira esposa. Faleceu no dia 18.11.1944, aos 88 anos. Entre os filhos conhecidos, teve André, Carlos e Anna, os dois últimos falecidos ainda pequenos.

Anton Friedrich (Zuca Fritz). Imigrou ao Brasil  aos 25 anos em 1877 a bordo do Buenos Ayres, trazendo consigo a mãe Anna, de 59 anos, já viúva. Foi um dos sócios-fundadores da atual Sociedade de Cantores 25 de Julho, da qual foi inclusive o primeiro presidente, além de compositor de hinos e poesias. Sobre sua família no Brasil, ainda não foram feitas maiores descobertas.

Jacob Treml. São Bento do Sul teve dois Jacob Treml, pai e filho. O primeiro nasceu no dia 28.08.1842, na região de Flecken e Rothenbaum, na Boêmia, como filho de outro Jacob Treml e de Barbara Bachmeier, filha de Georg Bachmeier. Casou-se com Maria Böhm, filha de Josef Böhm e Maria ou Catharina Rank. O casal imigrou ao Brasil pelo Humboldt em 1876. Era carpinteiro e recebeu um lote colonial na Estrada Rio Negro. Jacob Treml faleceu no dia 11.03.1924. O casal teve ao menos os filhos Josef, Barbara, Jacob, Antônio, Maria, Francisca, João, Bárbara e Thereza. Jacob Treml, o filho, nasceu em Rothembaum no dia 10.08.1875 e faleceu em São Bento do Sul no dia 21.05.1948. Foi casado com Maria Catharina Fendrich, filha do sapateiro Friedrich Fendrich e de Catharina Zipperer. Foram pais de Jacob, Fernando, Maria, José, Francisca, Carlos, outra Francisca, João, Antônio, Rodolfo, Hedwiges, Frederico e Alfonso.

Johann Hinsch. Provavelmente é Johann Hinz, natural de Dunowica, filho de Carolina Hinz, e que foi casado com Josephina Tuszkowka, natural de Wiele (Konitz), filha de Michael ou Bartholmeu Turschkowski e Mariana Franciska (?). Johann Hinz foi um dos 70 pioneiros de São Bento do Sul. Lavradores, estabeleceram-se na Estrada Wunderwald lado Norte. A esposa de Johann faleceu no dia 05.07.1927, aos 74 anos. Foram pais de João, Anastácia, José Adão, e possivelmente de outros.

Josef Rohrbacher. Não há certeza sobre a identidade de Josef Rohrbacher. À princípio, pensou-se ter sido o mesmo que imigrou pelo Humboldt em 1876, aos 54 anos, operário, vindo de Hammern, já na condição de viúvo, e que trouxe consigo a filha solteira Catharina, de 26 anos. Esse Josef, no entanto, faleceu no dia 22.02.1907, aos 88 anos, e quer nos parecer que a fotografia foi tirada em época posterior. No mesmo navio veio a família de seu filho Franz Rohrbacher, casado com Theresia, e os netos Carl e Franz. Seu filho Franz foi aquele que já havia estado em São Bento quando foi contratado pela Sociedade Colonizadora para retornar à Boêmia e trazer mais imigrantes, missão na qual logrou êxito. Houve um outro Josef Rohrbacher que imigrou com 5 anos ao Brasil, acompanhado dos pais Ignatz Rohrbacher e Anna Seidel, sendo ele neto paterno de Georg Rorhbacher e Anna Maria Oberhofner, e neto materno de Franz e Catharina Seidel. Desse Josef, no entanto, ainda não foi encontrado registro em São Bento do Sul. Consultas posteriores poderão esclarecer a identidade do personagem fotografado.

Josef Augustin. Nascido e batizado em Santa Katharina, na Boêmia, sendo filho de Johann Augustin e Theresia Altmann, com quem veio ao Brasil a bordo do Humboldt em 1876. A família recebeu um lote colonial na Estrada das Neves. Além de moleiro, foi também músico, tendo feito parte da primeira bandinha que se tem notícia em São Bento, conhecida como Kapelle Augustin, da qual fazia parte também seu irmão Johann. Casou-se em São Bento do Sul no dia 20.11.1884 com Clara Rohrbacher,  filha de Georg Rohrbacher e Rosalia Stöberl, que imigraram pelo mesmo Humboldt em 1876, neta paterna de Carl Rohrbacher e Theresia Schreiner. Sua esposa faleceu aos 47 anos em 15.07.1911. Até o momento, são os conhecidos as filhas Francisca e Maria, esta última falecida aos 10 meses de idade.

Josef Robl. Operário, filho de Franziska Robl. Imigrou ao Brasil vindo de Schwarzenberg, na Bavária, com a mãe e a esposa Anna Pongratz, de Warzenried, filha de Anton Pongratz e Barbara Weiss. Moravam na estrada Argollo. Josef Robl faleceu no dia 07.04.1923, aos 75 anos, enquanto que sua esposa veio a falecer em 06.11.1937, aos 86 anos. O casal teve, ao que se tem conhecimento, os filhos Catharina, Francisco e José.

Wenzel Pscheidt. Nascido em Hammern, na Boêmia, no dia 17.07.1845, como filho de Wenzel Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner. Casou-se com Barbara Augusitn, filha de Josef Augustin e Ana Maria Modeln ou Modl. A família veio ao Brasil pelo Humboldt, em 1876. No mesmo ano, Wenzelu recebeu um lote colonial na Estrada dos Banhados a oeste. Moraram na Estrada das Neves. A esposa Barbara Augustin faleceu no dia 18.08.1927, aos 70 anos, enquanto que Wenzel Pscheidt faleceu no dia 19.02.1933. O casal teve, ao menos, os filhos José, Wenceslau, Maria, outro José e Bárbara.

Josef Zipperer (atrás, em pé). Nascido em Flecken no dia 14.11.1847, filho dos também imigrantes Anton Zipperer e Elisabeth Mischek, neto paterno de Jakob Zipperer e Theresia Bohmann, e neto materno de Thomas Mischek e Barbara Krall. Imigrou com os pais ao Brasil em 1873, a bordo do Zanzibar, tendo sido um dos primeiros proprietários de lote em São Bento do Sul. Casou-se no dia 18.04.1877 com Anna Maria Pscheidt, filha de Wenzel Pscheidt e Anna Maria Aschenbrenner, com quem teve os filhos Jorge, Wenceslau, José, Bárbara, Eva, Martim, um filho sem nome e Carlos. Sua esposa Anna Maria faleceu em 27.09.1933, e Josef Zipperer em 14.11.1934. As reminiscências do autor sobre a época da colonização deram origem ao livro “São Bento no Passado”, hoje uma das principais fontes históricas da cidade.

João Schreiner. Personagem cuja identidade ainda é desconhecida, podendo se tratar de filho do outro Johann Schreiner, também presente na fotografia, ou de seu irmão Luiz/Aloís Schreiner. No entanto, nesse caso não se trataria de imigrante, mas já teria nascido em solo brasileiro. Não há registros de outra família Schreiner que tenha imigrado para São Bento na época em questão.

Segunda fileira, partindo do lado esquerdo:

Alois Kahlhofer. Natural de Eisenstrass, na Boêmia, filho de Wenzel Kahlhofer e Franziska Kerschel. Imigrou em data e navio desconhecidos ao Brasil, tendo se casado em São Bento no dia 12.07.1880, aos 22 anos, com Therezia Maier, de 17 anos, natural de Hammern, na Boêmia, filha de Franz Maier e Anna Krall, neta paterna de Peter Maier e Therezia Zipperer, e neta materna de Franz e Theresia Krall. O casal teve ao menos os filhos Wenceslau, Catharina, Maria e Thereza. Aloys faleceu no dia 22.02.1939 em Mato Preto, aos 71 anos (SIC?), e sua esposa no dia 30.09.1948, aos 85 anos.

Roberto Hümmelgen. Nascido e batizado em Mühlheim sobre o Ruhr, filho de Wilhelm Hümmelhen, um dos imigrantes pioneiros de São Bento, e de sua esposa Theodora aus dem Bruch, que imigraram ao Brasil em 1873 a bordo do Guttenberg. Protestante, casou-se na igreja católica de São Bento no dia 26.03.1882 com Emma Swarowsky, nascida em 17.05.1862 em Schunburg, tendo sido batizada em Prichowitz,  e que veio ao Brasil em data e navio desconhecidos, filha de Johann Swarowsky e de Mathildes Schier. Com ela teve, ao menos, os filhos Frida e Irma.

Wilhelm Beckert. Natural de Catharinenberg e batizado em Reichenberg, na Boêmia, sendo filho de Anton Beckert, um dos pioneiros de São Bento do Sul, e sua esposa Carolina Hermann, com quem imigrou ao Brasil a bordo do Guttenberg, em 1873. Casou-se em São Bento no dia 15.02.1881, aos 22 anos, com Maria Stoll, de 18 anos, natural da Colônia Dona Francisca, filha de Jacob (Gottlieb) Stoll e Mari Schütz. Tiveram, ao menos, os filhos Carolina, Antônio, um sem nome e Guilherme.

Johann Müller. Filho de Wenzel Müller e Thereza Waldhausen, imigrou ao Brasil vindo de Stadtler (Kunzstetten), na Boêmia, a bordo do Santos, em 1877, tendo então 27 anos, e trazendo consigo a esposa Pauline Wolf, filha de Georg Wolf e Paulina Blechinger. Moravam na Estrada dos Banhados e tiveram, ao que se tem conhecimento, os filhos Carlos, Bertha, Francisco José, Maria, Anna e Wenceslau.

Josef Wand. Imigrou de Sonnenberg, na Boêmia, em 1877, a bordo do Rio, contando com 32 anos e sendo qualificado como operário. Trouxe consigo a esposa Rosine Kausch ou Hausch, que faleceu em 20.03.1914, aos 69 anos. Josef Wand veio a falecer em 15.11.1939, aos 93 anos. Era professor em 1899 na Estrada dos Bugres.

Jacob Liebl. Natural de Hammern, na Boêmia, filho de Kasper Liebl e Anna Maria Muckenschnabel,com quem imigrou ao Brasil em 1876 a bordo do Humboldt. Casou-se em São Bento no dia 23.01.1882 com Catharina Augustin, filha de Josef Augustin e Anna Maria Model. O casal era lavrador na Estrada dos Banhados e teve, ao que se sabe: Antônio, Francisca e Jacob.

Friedrich Labanz (no livro está “Lawanz”). Natural de Fedlis(?), na Prússia, imigrou ao Brasil de Eichstedt, também na Prússia, em 1876 a bordo do Bahia, trazendo consigo a esposa Wilhelmine Witt, natural de Münsterwalde, na Prússia Ocidental, filha de Michael e Relina Witt. Tiveram ao menos os filhos Ida Bertha, Emília, Alma Ottília, Maria Augusta, Hedwiges Agnes e Germano. Wilhelmine Witt faleceu aos 76 anos, no dia 05.06.1924, na casa da família, localizada  na Estrada Bismarck. Friedrich Labanz, ou Labenz, por sua vez, faleceu no dia 13.11.1925, aos 78 anos, na casa de seu genro Bertholdo Feix, situada à Estrada Dona Francisca.

Michael Roerl. Natural da Bavária, filho de Georg Roerl e Barbara Titz. Imigrou ao Brasil pelo Humboldt em 1876. Casou-se com Maria Krewsowa, natural da Boêmia, filha de João Krewens e Dorothea Krewsowa, com quem morava na Estrada das Neves. Maria faleceu no dia 07.12.1891, aos 48 anos, e Michael Roerl faleceu aos 82 anos no dia 26.01.1926. Foram pais de Michael, Josef, Catharina, Maria, José e possivelmente outros.

Gregor Wöhl. Filho de Andreas Wöhl e Theresia Hübner. Imigrou ao Brasil de Heinrichsdorf ou Grünwald, na Boêmia, a bordo do Vapor Vandalia, em 1876, contando à época com 29 anos. Trouxe consigo a esposa Mathilde Schwedler, de 29 anos, natural de Johannesberg, filha de Anton Schwedler e Joana Kleinert. O casal morava na Estrada das Neves. Gregor faleceu aos 78 anos no dia 01.10.1924. Teve com sua esposa os filhos Gregor, Anton, Julie, Roberto, Agostinho, Amália, Emília, Emílio, Estephania e Emílio Henrique, entre os que se tem conhecimento.

…. Liebl. Pode ser Josef, irmão de Jacob Liebl e Gaspar Liebl, também identificados na foto. Também pode ser Leopoldo ou Martim Liebl, imigrantes de outra família. Ou ainda pode ser um Carl Liebl, de uma terceira família, todas elas naturais de Hammern.

Sem Identificação (um pouco à frente de Liebl).

Terceira fileira, partindo do pedestal esquerdo:

Anton Görtner. Identidade ainda não definida. Houve um Anton Görnert, filho de outro Anton Görnert e de Anna Mensel, que veio ao Brasil de Gablonz, na Boêmia, a bordo do Valparaíso, em 1877, tendo na ocasião 45 anos, idade que parece muito avançada para ter ele sido retratado tanto tempo depois (estima-se que a foto seja do final da década de 10 e começo da década de 20). Esse Anton, no entanto, foi casado com outra Anna Mensel, filha de Domingos Mensel e Anna Mai, e com ela teve os filhos Anna, Julie, Maria, Anne e Bertha. Também houve em São Bento um imigrante chamado Anton Gärtner, mas que chegou ao Brasil apenas em 1881. A legenda da fotografia aponta que os imigrantes retratados chegaram entre os anos de 1873 e 1877. O caso ainda não está esclarecido.

Carl Zipperer. Nascido em Flecken, na Boêmia, no dia 18.10.1865, filho de Anton Zipperer, um dos imigrantes pioneiros da colonização de São Bento do Sul, e de sua esposa Elisabeth Mischek, neto paterno de Jakob Zipperer e Theresia Bohmann e neto materno de Thomas Mischek e Theresia Krall. Casou-se em São Bento do Sul no dia 04.05.1889 com Theresa Brey, filha de Carl Brey e Therezia Altmann, imigrantes de Santa Katharina, na Boêmia. Conta-se que Carl teria sido cervejeiro em Lençol, embora seu nome não aparça nos registros de impostos da época. O casal foi pai de José, Júlia, Bertha, Elisabeth, Maria, Rodolfo, Engelberto, Carlos e Hedwiges. Nos primeiros anos do século XX, Carl Zipperer se mudou para a região de Porto União, onde até hoje possui grande descendência.

Georg Dums. Existiram dois Georg Dums. O primeiro nasceu e foi e batizado em Grün, na Boêmia, sendo filho de Johann Dums e Barbara Pflanzer, na companhia de quem imigrou ao Brasil em 1876 a bordo do Humbolt. Em São Bento, casou-se aos 32 anos no dia 28.09.1891 com Maria Neppel, filha de Reinhold Neppel e Joana Seidl, neta paterna de Andreas e Thereza Neppel, e neta materna de Jacob Seidl. Ainda não são conhecidos prováveis filhos para o casal. O outro Georg Dums era natural de Hammern, na Boêmia, filho de Franz Dums e Anna Maria Linzmeyer. Foi casado com Maria Linzmeyer, natural de Roggenbaum, filha de Josef  Linzmeyer e Elisabeth Spaet. O casal imigrou ao Brasil em 1877 a bordo do Santos, tendo ele 37 anos e a esposa 29. Moravam na Estrada Dona Francisca e foram pais de Barbara, Ludwig, Francisco, Jorge, e possivelmente outros filhos.

Benedito Pscheidt. Nascido em Mühling e batizado em Neuern, na Boêmia, filho de Wenzel Pscheidt e Magdalena Zipperer, com quem imigrou a bordo do Humboldt em 1876. Casou-se em São Bento do Sul no dia 04.09.1883 com Franziska Lobermaier, que imigrou pelo mesmo navio, nascida e batizada em Santa Katharina, na Boêmia, filha de Georg Lobermaier e Barbara Grossl, neta paterna de Josef Lobermaier e Therezia Altmann, e neta materna de Wenzel Grossl e Barbara Pscheidt. O casal era lavrador na Estrada dos Banhados. Sua esposa Franziska faleceu aos 58 anos no dia 29.07.1923. Tiveram, ao menos, os filhos Barbara, Francisco e Benedito.

Dentro da varanda, partindo da esquerda:

Luiz Kollross. Ainda não é possível dizem com certeza de quem se trata, pois, a princípio, não houve um imigrante chamado Luiz ou Alois Kollross. Houve apenas dois filhos do imigrante Georg Kollross que se chamaram Aloysio (um com Catharina Linzmeyer em 1880 e outro com Therezia Müller em 1883), mas já eram nascidos no Brasil. Logo, não eram imigrantes. Georg Kollross veio ao Brasil a bordo do Bahia, em 1877. Pelo mesmo navio imigrou a família de um Thomas Kollross.

Karl Klinger. Imigrou solteiro ao Brasil em 1877, aos 24 anos, a bordo do Rio. Foi qualificado como marceneiro e imigrou de Maffersdorf, na Boêmia. Ainda não se tem informações sobre a sua família constituída no Brasil.

Luiz Schreiner (Aloís Schreiner). Nascido e batizado em Hammern, na Boêmia, filho dos imigrantes Lorenz Schreiner e Anna Maria Kirschbauer, que vieram ao Brasil em 1877 a bordo do Rio. Casou-se em São Bento no dia 20.10.1888, aos 25 anos, com Bertha Gruber.

Johann Schreiner. Nascido e batizado em Hammern, também filho de Lorenz Schreiner e Anna Maria Kirschenbauer, imigrados pelo Rio em 1877. Recebeu um lote colonizal na Estrada Rio Negro. Casou-se em São Bento no dia 19.12.1886, aos 25 anos, com Anna Maria Franz. Tiveram ao menos os filhos Therezia, Clara e Carlos.

Anton Fürst. Nascido e batizado em Hammern, na Boêmia, como filho natural de Anna Fürst. Imigrou  de Eisenstrass, solteiro, pelo Rio, em 1877. Em São Bento, casou-se no dia 20.09.1881 com Therzia Mühlbauer. Sua esposa faleceu aos 79 anos em 27.03.1939. Moravam na Estrada das Neves e tiveram, ao menos, os filhos Bárbara e José.

Benedito Beil. Nascido em Holschlag no dia 30.04.1856 e batizado em Gutwasser, na Boêmia, sendo filho natural de Peter Haden e Maria Beil ou Beyerl. Imigrou ao Brasil em 1874 a bordo do Shakespeare. Recebeu um lote na Estrada Argolo. Foi personagem do primeiro casamento boêmio de São Bento, ocorrido em julho de 1876 com Anna Maria Neppel, sua namorada ainda na Europa, filha de Georg Neppel e Franziska Hofbauer, que imigraram ao Brasil em 1876 pelo Humboldt. Os pais de Anna Maria foram contra o casamento. Do relacionamento, não parece ter havido geração. Anna Maria faleceu em 29.09.1885. Em 10.02.1886, Benedito voltou a se casar, dessa vez com Catharina Brandl, nascida em Eisenstrass, na Boêmia, em 21.03.1865, filha de Josef Brandl e Anna Schweinfurter, que imigraram ao Brasil também pelo Shakespeare em 1874, neta paterna de Michael Brandl e Margareth Mundl. Desse casamento, nasceram, não necessariamente na ordem, os filhos Luiz, Thereza, Maria, José, Carlos, Catharina, Engelberto, Benedito, Rodolfo e Paulo. Catharina Brandl faleceu no dia 04.02.1911, enquanto que Benedito Beil faleceu no dia 24.02.1928.

Gaspar Liebl. Nascido e batizado em Hammern, na Boêmia, sendo filho de outro Casper Liebl e de Anna Maria Muckenschnabel, que imigraram ao Brasil em 1876 a bordo do Humboldt. Gaspar casou-se em São Bento no dia 22.09.1885, aos 23 anos, com Anna Maria Augustin, de 18 anos, nascida e batizada também em Hammern, filha de Josef Augustin e Anna Modl. Sua esposa faleceu no dia 12.08.1955, aos 88 anos. Foram mais de ao menos Maria e Antônio.

1. Benedicto Pscheidt<!–[if supportFields]> XE “Pscheidt<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> fo de Magdalena Zipperer<!–[if supportFields]> XE “Zipperer<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> nasc. em Mühling<!–[if supportFields]> XE “Mühling<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> Ψ em Neuern<!–[if supportFields]> XE “Neuern<![endif]–><!–[if supportFields]> <![endif]–> na Boêmia, casou a 04.09.18836, com Francisca Lobermaier. Testemunhas: José Zipperer e Fernando Altmann<!–[if supportFields]> XE “Altmann<![endif]–><!–[if supportFields]><![endif]–>. Sua futura esposa imigrou no mesmo Navio, ambos então com 13 anos. Reg 25 L.1 Casamentos Ig Cat SBS 1883. Benedicto e Georg acima eram casados com duas irmãs Lobermayer<!–[if supportFields]> XE “Lobermayer<![endif]–><!–[if supportFields]><![endif]–>. Ela † 29.07.1923 aos 58 anos 1. Lavradores na estrada dos Banhados

1.1. Barbara * 02.07.1884 Ψ4 03.07.1884 Padrinhos: André e Barbara Zipperer.

1.2. Francisca * 28.09.1886 Ψ 20.10.1886. Padrinhos: André Zipperer e sua mulher Bárbara

1.3. Benedito † 28.12.1911 “mordido de cobra” aos 20 anos 1.