Simão Derenewicz deixou a Galícia no ano de 1876, mas a Galícia não deixou Simão Derenewicz. O imigrante já estava há quase dez anos no Brasil e, ao que parece, ainda não dominava o português. Assim, foi em bom polonês, a sua língua materna, que Simão resolveu protestar em alta voz contra uma votação da Câmara Municipal de São Bento que terminou contrária aos seus desejos.
O presidente daquela sessão, realizada em 24.04.1885, era Francisco Bueno Franco – um paranaense que, naturalmente, não entendia nada de polonês. Diante disso, Bueno Franco respondeu ao exaltado Simão que, caso tivesse algo a requerer, que o fizesse em português, e que se não soubesse falar essa língua, que buscasse um intérprete. O presidente só não contava que um alemão fosse sair em defesa de Simão.
As palavras de Bueno Franco despertaram a revolta do vereador August Henning. O imigrante respondeu que era alemão e, como tal, havia de falar nessa língua quando bem entendesse, o que incluía as sessões da Câmara Municipal. Henning estava indignado, e não levou em considerações os pedidos de ordem feitos por Bueno Franco.
O argumento de Bueno Franco era de que não seria possível que todos os vereadores precisassem saber alemão e polonês para se entender com todos os colonos de São Bento que possuíam negócios com a Câmara. O presidente queixava-se ainda de dificuldades de compreensão mesmo quando as traduções eram feitas por outros vereadores, já que eles próprios, segundo Bueno Franco, desconheciam as regras básicas da língua portuguesa, e portanto eram incapazes de escrevê-la.
Por fim, em um ofício, concluiu que, na Câmara Municipal de São Bento, não se poderia falar outra língua que não fosse o português.