Família Fendrich – Parte III

Embora já tivesse um número razoável de imigrantes, a Colônia de São Bento, como dito, não contava ainda com médicos, professores e igrejas. Essas carências incomodavam os imigrantes, que então começaram a articular protestos e reivindicações à direção da Colônia exigindo as melhorias. Ainda em julho de 1874, menos de um ano depois da criação da Colônia, os imigrantes encaminharam uma petição à Direção em Joinville, na qual faziam uma série de exigências que incluíam a criação de uma escola com subvenção para um professor. Em resposta, o diretor Ottokar Doerffel informou que a Sociedade Colonizadora não se sentia na obrigação de criar uma escola, embora apoiasse a iniciativa (FICKER, 1973).

Protestos também ocorreram em 10 de janeiro de 1875, quando um grupo de colonos de São Bento foi a Joinville apresentar queixas semelhantes à direção da Colônia. Doerffel entendia que o número de moradores em São Bento ainda era reduzido e que essas carências eram inevitáveis no começo de uma povoação. Como resultado, os manifestantes conseguiram o direito de mandar dois imigrantes apresentar suas queixas pessoalmente às autoridades da Corte no Rio de Janeiro. Apenas na metade do ano seguinte a Sociedade Colonizadora receberia um ofício da Corte solicitando um orçamento para as melhorias pretendidas.

Em julho de 1875, quando Friedrich Fendrich chegou a São Bento, as carências ainda eram as mesmas. O problema da falta de assistência religiosa, entretanto, pôde ser amenizado no ano seguinte. O Padre Carlos Boegershausen, de Joinville, encomendou a construção de uma capela em São Bento. Ela foi erguida e ficava próxima à residência dos Fendrich. Era uma capela pequena e rudimentar – Zipperer a comparou ao estábulo onde Jesus nasceu. Naquele lugar, foi celebrada pela primeira vez uma missa em São Bento do Sul, no dia 08 de março de 1876.

Para suprir a ausência de escolas, os colonos decidiram agir por conta própria. Primeiro, era preciso encontrar um professor disposto a ensinar as crianças. A escolha não era das mais fáceis, pois a maior parte daqueles imigrantes era constituída de gente simples e sem muito estudo. Wilhelm Bollmann, ao comentar a escolha dos professores no interior da Colônia de São Bento, escreveu que, em geral, o cargo de professor era assumido por um imigrante mais instruído e letrado, e que “não hesitava em compartilhar da mesma adversidade e dos mesmos rigores criados pelo meio nos seus começos, dispondo-se a desempenhar as funções por poucos milréis mensais” (1923, apud PFEIFFER, 1997, p. 193).

Essas considerações também valem para a escola do centro da Colônia, uma vez que foi o fator instrução que definiu aquele que viria a ser o primeiro professor do lugar. O escolhido foi exatamente Friedrich Fendrich, o qual, tendo recebido certa educação e cultura em Viena, era, na opinião dos colonos, quem melhor estava em condições de tomar para si a responsabilidade de ensinar os filhos dos imigrantes alemães. Fendrich aceitou o convite e então começaram a ser tomadas providências para que a escola entrasse em funcionamento.

Leia também:

Parte I e Parte II