Leia a parte I aqui.
Uma nova visita ilustre agitou a rotina de São Bento do Sul a 5/10/1884, quando veio a São Bento o Presidente da Província de Santa Catarina, José Lustosa da Cunha Paranaguá, acompanhado de sua comitiva. Em São Bento, iria vistoriar as terras contestadas na divisa com o Paraná. Bueno Franco enviou a ele um ofício, assinado pelos demais vereadores, no qual a Câmara lhe mostrava o desejo de perpetuar o nome do Presidente em São Bento, em agradecimento à honrosa visita que dele receberam e aos seus esforços em favor da instrução pública e da solução dos problemas dos limites territoriais. Por conta disso, avisa que a rua do Paço Municipal passaria, a partir daquela data, a ter o nome de Rua Paranaguá – hoje chamada de Rua Visconde de Taunay.
Veio o ano de 1885, e com ele tiveram início os conflitos na política são-bentense. O Vice-presidente da Câmara, Dr. Philipp Maria Wolff, desentendeu-se com Bueno Franco, o Presidente, e, por conta disso, foi suspenso das futuras sessões dos vereadores. A fim de justificar esse afastamento, Bueno Franco enviou um ofício ao Presidente da Província, em 25 de março daquele ano, acusando Wolff de ter sido eleito de forma irregular, uma vez que não era eleitor, e somente requereu seu alistamento depois de ter sido eleito. Cita então o regulamento, que deixa claro que, para ser eleito, é preciso antes ter as qualidades de eleitor, e, por conta disso, Wolff estaria atuando de forma ilegal na Câmara.
Wolff protestou contra a ação, acusando o Procurador de lançar impostos sem o consentimento da Câmara, e contra o fato de Bueno Franco suspender um vereador que, desde a instalação do município, sempre havia tomado parte ativa nas sessões. Em abril daquele ano, o Presidente da Câmara recebeu ordens do Presidente da Província para que mantivesse a ordem na Câmara, suspendendo ainda todas as sanções aplicadas ao vereador Wolff.
O clima, que não era dos melhores entre os vereadores, já havia piorado quando João Filgueiras de Camargo e August Henning decidiram abandonar o recinto, em sinal de protesto contra a completa desordem no arquivo da Câmara, o que fazia com que alguns vereadores chegassem a levar para casa os documentos. Outro dos conflitos a que esteve sujeito Bueno Franco, enquanto Presidente da Câmara naquele ano de 1885, foi durante sessão de 24 de abril. Nela, um colono chamado Simão Derenewicz, viu uma votação da Câmara terminar de forma contrária aos seus desejos, razão pela qual começou a proferir, em alta voz, muitas frases em polonês, além de gesticular bastante.
Bueno Franco, de origem nacional, respondeu a ele que, caso tivesse algo a requerer, que o fizessse em português, e que, se não soubesse falar essa língua, que buscasse um intérprete. Foi o suficiente para despertar a revolta também do vereador August Henning, o qual respondeu que era alemão e, como tal, havia de falar nessa língua quando bem entendesse, o que incluía a Câmara Municipal. Segundo Bueno Franco, foi preciso chamar a ordem por três vezes, mas não foi o bastante para conter Henning.
Em nova sessão a respeito do requerimento de Derenewicz, Bueno Franco deliberou sobre a presença de Henning novamente, e, para evitar que as cenas se repetissem, a votação resultou na sua não presença. Francisco Bueno Franco defendia que não era possível que todos os vereadores precisassem saber polonês e alemão para se entender com os colonos de São Bento que possuíam negócios com a Câmara. Dizia ainda que isso não é possível nem mesmo quando as traduções eram feitas por vereadores que desconhecem, eles próprios, as regras básicas da língua portuguesa, razão pela qual são incapazes de escrevê-la.
Por fim, em um ofício, conclui que, na Câmara Municipal de São Bento, não se poderá falar outra língua que não a nacional.
Continua