A primeira escola da região central de São Bento do Sul ficava no antigo prédio da Caixa Econômica Federal – atual Farmácia do Sesi. Foi construída ao lado da casa de seu primeiro professor, o sapateiro Friedrich (Frederico) Fendrich. Há razões para acreditar que a escola não foi construída em 1875, como sugere o cronista Josef Zipperer, e que inclusive tenha sido posterior à criação da primeira igreja católica da cidade, episódio que aconteceu em março de 1876.

Em primeiro plano, a casa de Friedrich Fendrich, localizada no começo da atual Avenida Argolo. Ao seu lado, a improvisada escola em que Fendrich, primeiro professor do lugar, lecionou entre 1876-1879. Aos fundos, a primeira Igreja de São Bento. Arquivo Histórico Municipal de São Bento do Sul
Isso porque o material usado para construir o prédio escolar foi feito com o rancho abandonado do agrimensor Theodor Ochsz, o qual, segundo documentação oficial citada pelo historiador Carlos Ficker, só foi embora de São Bento em maio de 1876. Esse rancho, localizado na região de Oxford, foi desmontado pelos colonos e trazido nas costas até o centro. Em seguida, montaram-no novamente ao lado da casa de Fendrich. Colocaram-se bancos e estava pronta uma escola.
A iniciativa dos colonos teve origem na necessidade de que os seus filhos não crescessem como analfabetos e nos insucessos que haviam tido tentando que a Sociedade Colonizadora, em Joinville, providenciasse uma escola para São Bento. De forma improvisada, os imigrantes agiram por conta própria. Escolheram Fendrich como professor porque, entre os rústicos imigrantes, era quem havia tido melhor educação e havia adquirido certa cultura em Viena, cidade em que morava ao imigrar.

Frederico Fendrich (1843-1906), sapateiro de ofício, aceitou a missão de ensinar as crianças na primeira escola da sede de São Bento.
As aulas eram ministradas em alemão, única língua que Fendrich sabia falar – e com forte sotaque vienense. Embora as famílias alemãs fossem a maioria daquelas que habitavam a sede de São Bento, também existiam as polonesas, que se opuseram à nova escola e não mandaram seus filhos para lá. A escola de Fendrich chegou a ter cerca de 30 alunos, cujos pais pagavam uma mensalidade de 500 réis. A Sociedade Colonizadora passou a subvencionar a escola com 1200$000 por ano.
O sustento de Fendrich, no entanto, vinha com seu verdadeiro ofício. O professor ministrava as aulas pela manhã e à tarde entrava em cena o sapateiro. A escola continuou funcionando, embora com intervalos irregulares, até por volta de setembro de 1879. Na ocasião, chegou a São Bento o padre Adalberto de Leliva Bukowski, que assumiu a questão do ensino na Colônia e atraiu para uma nova escola os poloneses que Fendrich não podia ensinar.
Foi, portanto, por cerca de três anos que funcionou a primeira escola do centro de São Bento. O reconhecimento pelos esforços de Frederico Fendrich no seu cargo improvisado de professor e o seu pioneirismo na atividade fizeram com que fosse homenageado, anos depois, com o nome de um estabelecimento de ensino no bairro de Serra Alta. Muito se falou sobre a possível construção de um busto em sua homenagem no local da primeira escola, mas nada foi feito na prática até hoje.