A Carroça Fúnebre de Frederico Fendrich

Do arquivo de meu avô:

A Origem deste Carro

Em fins de 1934, o sapateiro Frederico Fendrich Filho idealizou a construção desta carroça para transportar nossos falecidos até a sua derradeira morada. Possuindo um velho trole (carro de molas) que herdara de seu pai, Frederico Fendrich Sênior, utilizou ferragens para fabricar esta carroça moderna, que agora, neste local, fica perpetuada.


Não tendo modelos para construi-la, dirigiu-se com dificuldade à Joinville para fotografar a carroça fúnebre da Funerária Stoll, daquela cidade. Voltando ao terceiro dia com as fotos, solicitou a construção dessa carroça aos Srs. Leopoldo e Alexandre Zschoerper, Jack Matl e Gustavo Stratmann, que, profissionalmente, com esmero e capricho, a concluíram. A pintura foi feita pelo Sr. Ernesto Walter Zulauf. As primeiras cortinas foram confeccionadas em Joinville.

Finalmente pronta, a carroça fúnebre começou a servir a comunidade são-bentense em princípios de 1935. O primeiro esquife que trouxe para esse Campo santo foi o do Sr. Otto Beckert (Putzi), em 15/02/1935. Até maio de 1947, o próprio Frederico Fendrich Filho ou um de seus agregados conduziram os cortejos em São Bento do Sul, atentendo também várias vezes a Rio Negrinho, Campo Alegre e arredores.

Após a morte de seu idealizador, em 25/05/1947, o carro passou a ser propriedade da Prefeitura Municipal de São Bento do Sul, tendo atuado como condutores José Zipperer Filho, Wenzel Pscheidt, Paulo Chapiewski, Alfonso Rank, Rodolfo Denk e, por último, Paulo Muller, que a conduziu por 15 anos, encerrando o uso desta carroça fúnebre em meados de 1976, quando foi abolido esse sistema de enterros em que o povo acompanhava a pé.

Essa carroça fúnebre foi a primeira aqui do município, e trouxe centenas de entes queridos para este cemitério, do mais humilde trabalhador até a mais alta personalidade ou autoridade são-bentense. Assim, tornouse uma valiosa peça da história de São Bento do Sul, que bem merece um lugar para sua recordação.

Para concretizar o desejo de vê-la aqui perpetuada, Herbert Alfredo Fendrich, filho mais novo do idealizador desse carro, com o apoio da Administração Municipal 89-92, efetuou a restauração da carroça fúnebre, contando com a ajuda dos profissionais Zilda Habowski (costuras) e Pedro Santos (pinturas).

Com agradecimento especial ao Sr. Lourenço Schreiner, digníssimo Prefeito Municipal, Paulo Roberto Knop, engenheiro, e demais pessoas que colaboraram para a execução desta importante obra.

São Bento do Sul, Julho de 1992

No dia 23.09.1992, durante as comemorações de aniversário da cidade, Herbert Alfredo Fendrich desfilou com a carroça idealizada e conduzida por seu pai. Restaurada, a carroça está atualmente na entrada do Cemitério Municipal.

Pequenos Apontamentos sobre o Futebol em SBS

O jornal Tribuna da Serra de 23.09.1966 apresenta uma entrevista feita por Sabino Salomon com Álvaro Guerreiro Krüger sobre a sua participação história do futebol em São Bento do Sul. Krüger foi, de fato, um dos primeiros praticantes desse esporte na cidade. Na entrevista, que levou o título de “”Futebol ainda não completou meio século em São Bento”, Krüger afirma que o esporte teve início na cidade “lá pelos idos de 1920”. O primeiro time se chamava “São Bento”. Não sabemos quem foram os primeiros jogadores. Os jogos eram realizados no “potreiro do Klaumann”, localizado onde hoje ficam as dependências da Sociedade Ginástica, no centro da cidade. Em meio a entrevista, Krüger disse que já estava esquecendo de mencionar um certo Waldemar, que naquela época trabalhava no D.E.R e que havia sido “o pioneiro do futebol em São Bento”.

Depois do São Bento, surgiram outros dois clube de futebol, com os curiosos nomes de “Almofadinha” e “Melindroso”. As duas equipes logo se tornaram rivais, e foram muitos os “clássicos” disputados entre as duas equipes. O time do Bandeirantes, que se tornaria o mais tradicional de São Bento nos anos seguintes, só surgiu em 24.06.1930, tendo Krüger sido um dos fundadores e primeiro diretor esportivo – além de jogador, chamado carinhosamente de “Meladinho”.

Ao ser perguntando sobre os grandes jogadores da história do Bandeirantes, Álvaro Guerreiro Krüger cita vários, e provavelmente de épocas diversas. É provável que, entre esses nomes, estejam alguns daqueles que, junto com Krüger, primeiro praticaram futebol em São Bento. Boa parte da lista de jogadores deve compreender atletas das décadas de 20 e 30. A seleção de Krüger contava com os seguintes jogadores: Jacosinho, Fonsi, Moreti, Renato, Prospinho, Periquito, Vino Treml, Fernando, Elizio, Enedy, Pires, Pinto, Bequinha, Toni, Putzi Beckert[1], Saporiti, Marçal, Schroth e Siqueira. Krüger menciona ainda um técnico negro chamado Bagé. Todos esses representam a primeira geração do futebol em São Bento, pois em seguida cita os mais “recentes”, que foram: Cigano, Zoni, Erico, Grilo, Cabo, Werner, Wolney, Mengarda, Aldo, Zito, Edi, Carlito, Trajano, Gildo, Osmar, Lauro, Chiquinho e Marreco.

A entrevista de Salomon contém, ainda, algums momentos curiosos, como quando o entrevistador perguntou se Krüger lhe guardava algum rancor – pois ele era o cronista de futebol do jornal e, invarialvelmente, devia falar coisas que não soavam agradáveis a todo mundo. Krüger disse que rancor não sentia, mas ressentimento sim. Isso porque, segundo ele, havia publicações que não correspondiam com a verdade.

Em outra pergunta, Salomon quis saber qual a comparação que Krüger fazia entre o futebol daquela época (1966) e aquele que teve início na década de 20 em São Bento do Sul. Krüger deu uma resposta saudosista, dizendo que, antigamente, se jogava com mais entusiasmo e garra. Além disso, o futebol daquela época, para ele, estava sendo muito matemático, “carregado de táticas e esquemas”.

Considerando o atual estágio do futebol mundial, é possível que, em 2009, Krüger abominasse o futebol mais do que tudo.


[1] Putzi Beckert certamente foi jogador na década de 30. Sabemos disso porque temos a informação de que faleceu em 1935. Foi ele o primeiro esquife levado ao Cemitério Municipal pela carroça construída pelo meu bisavô Frederico Fendrich, o filho.