É sabido que o imigrante Friedrich Fendrich, sapateiro e primeiro professor do núcleo central de São Bento, veio ao Brasil de Viena, capital da Áustria. Fendrich, no entanto, nasceu na aldeia de Lomnitz, na Boêmia. Não sabemos com precisão ainda em que momento e por quais motivos Fendrich deixou sua aldeia natal e partiu para Viena – grande centro urbano da época.
Até pouco tempo, não estava descartada a hipótese de que Friedrich teria se mudado bastante jovem para lá, possivelmente ainda criança, acompanhado dos pais, Franz Fendrich e Maria Magdalena Trnka. Agora, somos levados a crer que Friedrich se mudou sozinho para Viena – essa descoberta é importante para podermos pensar nos possíveis motivos para a sua mudança.
A descoberta surgiu porque Friedrich Fendrich registrou civilmente em São Bento do Sul, no ano de 1891, seu filho mais novo, Rodolfo Fendrich. Nesse assento, Friedrich declara Lomnitz como sua naturalidade, que se casou com Catharina Zipperer em Viena, e que seus pais já haviam falecido na Boêmia. Admitindo que isso seja verdade, é de se supor que Franz Fendrich e sua esposa não acompanharam Friedrich quando este se mudou para a capital da Áustria.
Ainda se sabe muito pouco sobre o passado de Friedrich Fendrich na Europa. A mudança para Viena sugere uma busca por estudo ou trabalho – de fato, consta que Friedrich era homem bastante sabido em meio aos imigrantes e que, além disso, teria aprendido em Viena o seu ofício de sapateiro.
Se não sabemos com exatidão o motivo que levou Friedrich à Viena, também estranharíamos a mudança que o trouxe até São Bento, se considerarmos que a urbanizada capital austríaca contava com cerca de 700 mil habitantes na época, enquanto que a nossa cidade, no meio do mato, contava com mais ou menos 500 caboclos. Vieram, ao que tudo indica, seduzidos pelos relatos da família de sua esposa, Catharina Zipperer, que pintavam a região como verdadeiro paraíso e, além de tudo, custearam a passagem da família.
A Catedral de Viena, em 1870, contrasta absurdamente com o “estábulo”, como chamou José Zipperer, que se tornou a primeira igreja de SBS
Tenho pesquisado muita coisa e sobre muitas famílias, mas as pequenas e até mesmo raras descobertas sobre os Fendrich, família do qual porto o sobrenome, estão entre as que mais me emocionam. Escrevi recentemente um artigo de 10 páginas sobre a saga da família Fendrich, que deveria ser publicada no livro “Famílias Catarinenses de Origem Germânica”, obra que ainda não saiu. Caso demore mais, publicarei aqui no blog.
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