Ancestrais de Leopoldina Maria de Almeida

Estes são os ancestrais em linha reta masculina de Leopoldina Maria de Almeida, esposa de Generoso Fragoso de Oliveira, um dos pioneiros de Fragosos, conforme aquilo que se conseguiu apurar até o momento, tendo como referência especialmente a Genealogia Paulistana de Silva Leme, além de registros paroquiais disponíveis para consulta no Family Search.


I) LEOPOLDINA MARIA DE ALMEIDA
, esposa de Generoso Fragoso de Oliveira, tido pela tradição oral como o 
primeiro morador da localidade de Fragosos, em Campo Alegre. Leopoldina nasceu  em São José dos Pinhais/PR, onde foi batizada no dia 10.04.1850, tendo como padrinhos Custódio Teixeira da Cruz e sua esposa Maria Luiza de Andrade. Faleceu entre os anos de 1911 e 1916 na região de Fragosos, onde provavelmente foi sepultada.

II) JOAQUIM RODRIGUES DE ALMEIDA, ou de Quevedo, conforme seu registro de casamento, batizado em Lages/SC no dia 23.11.1806, tendo como padrinhos Francisco Rodrigues de Quevedo e Maria da Conceição. Casou-se em São José dos Pinhais no dia 05.07.1829 com Maria Calisto, filha de Antônio Calisto de Camargo e sua esposa Bernardina Maria, neta materna de Joaquim Francisco Filgueira, de São Miguel da Terra Firme, e Gertrudes Maria do Prado, de Curitiba.

III) JOAQUIM JOSÉ DE ALMEIDA, casado com Maria do Rosário, filha de José Rodrigues de Quevedo e Josefa Leite de Moraes.

IV) MIGUEL NUNES BICUDO, casado em Sorocaba/SP no dia 15.01.1767 com Maria da Anunciação, filha de Pedro Valente Ribeiro e Josepha de Almeida Albernaz, casados na mesma cidade em 04.07.1736, neta paterna de Pedro Valente Ferreira e Verônica Ribeiro, casados em Sorocaba em 02.05.1704, e neta materna de Sebastião Sutil de Oliveira e Maria de Lara, não casados.

V) ANTÔNIO NUNES BICUDO, casado em Sorocaba/SP no dia 06.11.1745 com Vicência Bicuda deAnhaya, natural de Itu, filha de João Bicudo de Miranda e Luzia Leme de Anhaya, neta paterna de Aleixo Leme da Veiga e Clara de Miranda, e neta materna de Antônio Leme de Miranda e Vicência da Costa. Viúvo, casou-se também em Sorocaba no dia 27.04.1776 com Gertrudes de Albuquerque, viúva de José Rodrigues Machado, e filha de Francisco de Albuquerque Machado e Maria de Oliveira, pela qual era neta de João de Oliveira Falcão e Maria Valente, tendo havido para esse casamento dispensa no impedimento de consanguinidade em 4º grau.

VI) LOURENÇO NUNES BICUDO, casado com Maria Ribeiro Leme, filha de Filippe Collaço de Oliveira e Catharina Ribeiro, neta paterna de Manoel Pedroso e Maria Ribeiro, e neta materna de Diogo Domingues Vidigal.

VII) THOMÉ NUNES DE SIQUEIRA, natural de Mogi das Cruzes/SP. Casou-se com Joanna Bicudo, que era de Guaratinguetá.

VIII) JOÃO NUNES DE SIQUEIRA, casada em Mogi das Cruzes/SP com Maria de Mattos, inventariada na mesma cidade em 1744, filha de João de Mattos, falecido em 1659, segundo esposo de Mécia da Cunha, falecida em 1663, sendo esta filha de Henrique da Cunha, o moço, e de sua primeira esposa Maria de Freitas.

IX) PAULO NUNES DE SIQUEIRA (acredita-se), casado com Joana de Castilho.

Triste fim de Luiz Thomé Fragoso

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Luiz Thomé morreu sozinho, vítima de desnutrição. Sua esposa só descobriu dois meses depois.

Poucos dias antes do Natal de 1905, mais precisamente no dia 21 de dezembro, Joaquina Fragoso Cavalheiro, de 35 anos, deu à luz seu quinto filho, o primeiro homem. Era o dia São Tomé, o apóstolo, e por isso o nome escolhido para criança foi Luiz Thomé Fragoso. Seu pai, Saturnino Fragoso de Oliveira, era um simples lavrador, de 38 anos, filho mais velho do negociante Generoso Fragoso de Oliveira, tido por muitos ainda hoje como fundador da localidade de Fragosos, em Campo Alegre. Naquele ano de 1905, Generoso ainda vivia, com 60 anos, cinco a mais que sua esposa Leopoldina Maria de Almeida. Os avós maternos do pequeno Luiz Thomé, no entanto, chamados Felippe Soares Fragoso e Flora Lina Cavalheiro, já eram falecidos. Os pais de Luiz Thomé eram parentes entre si. A mãe de Generoso (portanto, bisavó de Luiz Thomé) , chamada Francisca Soares, ainda vivia naquela oportunidade, com 78 anos de idade.

 Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro já haviam tido até então as filhas Lina Maria Magdalena (1896), Christina Virgilina Paulina (1898), Catharina Juliana (1901) e Maria Clara (1903). Três anos depois, ainda teriam o filho André José. Luiz Thomé Fragoso passou a sua infância e cresceu na própria região de Fragosos, onde nasceu. Não tinha completado ainda 18 anos quando viu o pai falecer, em 1923, sendo o avô Generoso ainda vivo. No ano seguinte, também o avô faleceu. Nenhum deles teve oportunidade de acompanhar o casamento de Luiz Thomé, ocorrido civilmente em São Bento do Sul no dia 21 de setembro de 1929, um sábado.

Sua noiva chamava-se Rozina Hannusch. Tinha 20 anos na ocasião. Era filha de Johann Hannusch, nascido na Boêmia, e imigrado ainda criança ao Brasil, da mesma forma que sua esposa Barbara Mühlbauer, nascida na Baviera, e imigrada pelo mesmo navio no ano de 1877. Embora tenham primeiro se estabelecido na Estrada dos Banhados, em São Bento do Sul, membros das famílias Hannusch e Mühlbauer acabaram se mudando para a região de Fragosos, onde provavelmente Rozina veio ao mundo, e também onde, ao que tudo indica, deve ter se encontrado com Luiz Thomé, despertando-lhe o interesse que resultaria em casamento. 
 
Deste casamento, nasceriam cinco filhos: Cristina, Adelina, Carlos, Bernardo e Otília, a única que ainda vive na presente data. Luiz Thomé Fragoso também era apenas um lavrador, mas tinha considerável quantidade de terras, algumas no lado catarinense e outras no lado paranaense do Rio Negro, heranças ainda do pioneirismo de sua família na região. Sofria de uma enfermidade no intestino que lhe causava diarreias e até mesmo hemorragias, buscando tratamento nas flores ou folhas de tanchagem.Não foi essa, no entanto, a enfermidade que fez com se deslocasse até Curitiba. 
 
Nos primeiros anos da década de 50, Luiz Thomé Fragoso vivia separado de sua esposa Rozina Hannusch, por motivos ainda não esclarecidos. Vivia na companhia da irmã Christina, casada com José Paulino Baptista, com quem morava no lado paranaense do Rio Negro. Luiz ainda morava lá quando começou a sofrer de hidropisia em suas pernas – doença que também afetaria Christina. Rozina, sabendo da enfermidade, pediu que fossem até a casa de José Paulino para verificar se Luiz Thomé não queria voltar pra Fragosos, se dispondo a cuidar dele. Luiz Thomé teria negado, alegando uma consulta ou viagem já marcada para Curitiba. O próprio José Paulino teria se encarregado de levá-lo para lá. 
 
Já na capital paranaense, foi internado possivelmente na Santa Casa. Para lá se dirigia de vez em quando, durante suas viagens a trabalho, Narciso Ferreira da Silva, genro de Luiz Thomé Fragoso, casado com sua filha Cristina, a fim de saber novidades sobre o seu estado de saúde. Aparentemente não tinha acesso a ele em sua visitas, sendo apenas informado de como estava. Não se sabe por quanto tempo durou esta situação. Um dia, em certo mês de julho, Narciso foi ao hospital perguntar sobre Luiz Thomé e a mulher que o atendeu, depois de uma consulta aos registros internos, informou: “Este homem faleceu há dois meses”. 
 
Ao que tudo indica, e pelo que uma série de referências cruzadas nos permite concluir, Luiz Thomé Fragoso faleceu no Hospital Nossa Senhora da Luz, em Curitiba, no dia 24 de maio de 1956, uma quinta-feira. Seu registro de óbito deixa claro que ninguém sabia muita coisa sobre o seu passado em Santa Catarina. Tinham a informação de que fora casado, mas não sabiam com quem, e nem se chegara a ter filhos. Morreu longe de todos, vítima de caquexia, ou seja, uma desnutrição severa, causa aparentemente alheia ao problema inicial que o fez se internar em Curitiba. Foi sepultado no Cemitério do Boqueirão, certamente sem qualquer tipo de cerimônia e tampouco identificação para o seu túmulo. Praticamente como indigente. 
 
Ouvindo a notícia inesperada, Narciso Ferreira da Silva voltou a Santa Catarina, passando a informação à esposa, filhos e demais familiares de Luiz Thomé Fragoso. Algum tempo depois, Narciso, na companhia de outra testemunha, retornou a Curitiba para conseguir uma cópia do registro de óbito de Luiz Thomé. O documento era necessário para a venda de terras que Luiz Thomé possuía no Paraná, o que foi feito em seguida. As muitas terras que possuía na localidade de Corredeiras também acabariam vendidas, inclusive à custa de muito logro contra a viúva Rozina Hannusch. Com o passar dos anos, os descendentes que permaneceram em Fragosos viram suas posses reduzidas e hoje vivem bastante modestamente no lugar. 
 
E este foi o triste fim de meu bisavô Luiz Thomé Fragoso. 

Os brancos e morenos da família Fragoso

Antigamente, os escrivães achavam importante mencionar em seus assentos a cor da pele das pessoas que registravam. Hoje em dia, quando essa distinção não faz mais o menor sentido, a menção é útil apenas para descobrirmos mais sobre as características físicas de nossos antepassados, sem que nenhum tipo de juízo de valor se faça necessário. Motivado por essa curiosidade, e aproveitando ser essa a família que mais detalhes possuo, tratei de verificar as indicações de cor em membros da família Fragoso.
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Antes de tudo, eu já sabia que os Fragosos descendem de índios carijós, aprisionados pelos branquíssimos curitibanos. Desse cruzamento já era de se esperar que não fossem totalmente brancos. Existem, no entanto, 4 gerações separando Generoso Fragoso de Oliveira, um dos primeiros moradores de Fragosos, de Domingos Soares Fragoso, mameluco, filho de índia. Talvez a herança genética já fosse perdida. Ressalta-se que do ramo do pai de Generoso não temos muitas informações.
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Em geral, os registros que informam a cor são os de óbitos. Não descobrimos através dele a cor de Generoso Fragoso, falecido em 1924. Passamos a consultar os registros dos seus filhos. Do primogênito Saturnino, de quem descendo, também não há indicação da cor. De seu irmão Gregório não encontramos o assento. Já os irmãos Pedro Rodrigues de Oliveira, Valêncio Soares Fragoso e Ernesto Crescêncio Fragoso eram todos brancos ou de cor clara, conforme registrado. Houve, no entanto, uma exceção: o irmão Joaquim Rodrigues Fragoso aparece como sendo de cor morena, único caso entre os filhos de Generoso Fragoso.
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Da mãe de Generoso, Francisca Soares, também não foi possível descobrir a característica, e nem a dos seus irmãos. Como descendo também do irmão caçula de Francisca, Felippe Soares Fragoso, tentei verificar se havia indicação de cor nos seus filhos. Para Joaquina, minha trisavó, não há. Para Angelina e João Isidoro, não foram encontrados os registros de óbito. Para Francelina, a informação é de que era branca. Mas seus irmãos Pedro e Flora Lina aparecem com a cor morena, o que também sugere pouca uniformidade nessa característica entre os descendentes de Felippe Soares Fragoso.
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Infelizmente, não sei dizer, portanto, a cor dos meus ancestrais Saturnino Fragoso de Oliveira e sua esposa Joaquina Fragoso Cavalheiro. Eles tiveram seis filhos, dos quais apenas dois possuem registro de óbito conhecido. E, tornando a coisa mais difícil, uma delas (Catharina) era branca e outra, apesar do nome (Maria Clara), era morena.
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Luiz Thomé Fragoso, filho de Saturnino e neto de Generoso, parece representar bem o tom de pele da família entre o branco e o moreno. 
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Essas são considerações preliminares a respeito da cor entre os membros da minha família Fragoso, e que até o momento não permitem chegar a outra conclusão que não a de que nasciam brancos e morenos. É preciso levar em conta ainda que a classificação apontada nos registros pode não ser necessariamente a verdadeira, mas aquela que alguém achou pertinente.

Histórias de Fragosos II – A Família Fragoso

O nome da localidade de Fragosos, naturalmente, tem sua explicação na pioneira ocupação da região por membros da família Fragoso. Essa família vinha de São José dos Pinhais e da Lapa. Mais remotamente, suas origens apontam para a cidade de Curitiba e, de lá, para Taubaté, no interior paulista. Os Fragosos também possuem ancestrais indígenas – carijós que foram aprisionados pelos primeiros curitibanos.

Os membros da família Fragoso que primeiro chegaram à região eram filhos e netos de Manoel Soares Fragoso, natural de Curitiba, onde se casou com Marciana Maria de Marafigo, do mesmo lugar, com quem se mudou para São José dos Pinhais e, mais tarde, para a Lapa. Foram seus filhos:

1. Francisca Soares. Nasceu em 1827 na cidade de Curitiba. Casou-se na Lapa por volta de 1844 com Hermenegildo Rodrigues de Oliveira, com quem teve, entre outros, o filho Generoso Fragoso de Oliveira, tido pela tradição oral como primeiro morador de Fragosos, conforme já tratamos aqui. Viúva, casou-se em 1854 com José dos Santos Machado. Não há evidências de que esteve em Fragosos, mas seus filhos dos dois casamentos lá estavam.

2. Virgínio Soares Fragoso, nascido em São José dos Pinhais no ano de 1829. Em São Bento do Sul, casou-se pela terceira vez, no ano de 1889, com Francisca Pereira de Oliveira. Comprovadamente, esteve em Fragosos.

3. José Soares Fragoso, nascido em Campo Largo no ano de 1831. Também morou na região de Fragosos, onde deixou descendência, entre eles o temido João Elias Fragoso, acusado de ser o executor dos assassinatos de João Filgueiras de Camargo e Alberto Malschitzky.

4. Pedro Soares Fragoso, morador de São José dos Pinhais, tendo depois migrado para Fragosos, conforme se depreende do seu registro de óbito. Seus descendentes se uniram às famílias Rocha e Machado.

5. Maria da Rosa Soares, nascida na Lapa em 1836. Tudo leva a crer que não esteve em Fragosos, mas que, casada com Antônio José Mariano da Silva, continuou morando na cidade da Lapa, onde deixou a sua descendência.

6. Joana Soares Fragoso. Casou-se com Antônio Rodrigues de Almeida. Não podemos afirmar que o casal, propriamente, esteve em Fragosos, mas seus descendentes sim. O filho Lino Rodrigues de Almeida chegou a assumir o cargo de vereador em São Bento.

7. João Baptista Fragoso. Nascido na Lapa, também se mudou para Fragosos. É ancestral de todos os numerosos Baptista Fragosos que, até os nossos dias, ocupam a região.

8. Felippe Soares Fragoso, nascido na Lapa em 1846. Tudo indica que continuou morando na região. Deixou descendentes que moraram em Fragosos, como a filha Joaquina Fragoso Cavalheiro, casada com um filho de Generoso Fragoso, e Francelina Fragoso Cavalheiro, sogra de Antônio Kaesemodel. Na sua maioria, os Cavalheiro da região são descendentes seus e de sua primeira esposa Flora Lina Cavalheiro.

Desses filhos de Manoel Soares Fragoso descendem, ao que nos consta, todos os Fragosos que hoje habitam a localidade. Houve membros da família Fragoso de outros ramos, conectados apenas em Curitiba, mas que chegaram à região de São Bento do Sul por outras frentes.

Histórias de Fragosos I – O Fundador

Em Fragosos, há um certo tom de respeito quando se fala sobre Generoso Fragoso. “Ele foi o fundador de Fragosos”, comenta-se. Fragosos não é exatamente um lugar que possa ser fundado – é uma curiosa localidade que pertence a Campo Alegre, que gostaria de fazer parte de São Bento, e que seria mais lógico se fizesse parte de Piên. A “fundação de Fragosos” corresponde a sua pioneira ocupação, que não foi feita por um único indivíduo – e, mesmo se fosse, provavelmente não teria sido Generoso Fragoso, que aparentemente ainda estava no Paraná quando a região já era ocupada.

Generoso Fragoso era negociante – de quê, ainda não se sabe. De alguma forma, conseguiu prestígio na região de Fragosos, integrando um círculo de relacionamentos que incluía personagens proeminentes da região, como o líder republicano João Filgueiras de Camargo, um parente de sua esposa, e Francisco Bueno Franco, primeiro prefeito de São Bento e depois de Campo Alegre. Esse envolvimento como líderes locais, o possível sucesso em seu negócio, e a sua relativa longevidade no local, considerando sua precoce ocupação, parecem ser os fatores que explicam a “fama” atribuída a Generoso Fragoso.

De Oliveira. Esse é o complemento de seu nome, hoje totalmente esquecido, inclusive na rua que lhe serve de homenagem. Vem de seu pai, que não era Fragoso, mas Hermenegildo Rodrigues de Oliveira. Seu pai, por sua vez, não era Oliveira de sangue, mas por adoção. O pequeno Hermenegildo resolveu vir ao mundo em abril de 1823, na Lapa, mas não parece ter sido em boa hora. Seus misteriosos pais abandonaram a criança à porta da família de Antônio Preto de Oliveira e Benedita Rodrigues. Lá, Hermenegildo cresceu em meio a outras crianças de sua idade, filhas legítimas do casal, e passou a adotar o mesmo sobrenome que eles.

Quando cresceu, Hermenegildo conheceu Francisca Soares Fragoso, e com ela se casou por volta de 1844. No ano seguinte, mais precisamente em 25 de maio, Generoso nasceu na cidade da Lapa. Além dele, o casal teve duas filhas, chamadas Celestina Maria Rodrigues e Maria dos Anjos. A vida que não começara fácil tampouco acabou bem para Hermenegildo, que faleceu aos 27 anos no dia 07.08.1850 – de causa desconhecida, embora se saiba que não foi doença, já que seu registro indica “morte apressada”, razão pela qual não recebeu os tradicionais sacramentos.

Assim, Generoso cedo ficou órfão de pai. Sua mãe voltou a se casar em 23.02.1854, também na Lapa, com João dos Santos Machado. Com ela teve filhos que também iriam ocupar a região de Fragosos na década de 1870, embora nenhum deles levasse o “Fragoso” no nome. A família de Francisca Soares possuía parentes na cidade de São José dos Pinhais, e é exatamente nesse local que Generoso Fragoso veio a se casar, no dia 12.05.1866.

Sua esposa chamava-se Leopoldina Maria de Almeida, de pouco mais de 16 anos. Com ela, teve, pelo que se conhece, os filhos Saturnino Fragoso de Oliveira, falecido um ano antes do pai, Valêncio Soares Fragoso, Gregório Rodrigues Fragoso, Joaquim Rodrigues Fragoso, Ernesto Crescêncio Fragoso, e um filho chamado Pedro, do qual se desconhece o destino. Generoso teve a chance de conhecer vários de seus netos, pois alcançou os 79 anos, tendo falecido em 25.06.1924. Está sepultado no Cemitério de Fragosos.

Considerações sobre o 1º Morador de Fragosos

É sabido que o nome  do bairro “Fragosos”, hoje pertencente ao município de Campo Alegre, tem sua razão de ser na pioneira presença de membros da família Fragoso na região. Além de terem sido os primeiros a habitar o lugar, os membros dessa família, vindos da Lapa e de São José dos Pinhais, representavam um bom contingente de pessoas, o que também colaborou para que o local fosse conhecido pelo sobrenome de seus moradores. Os criadores e lavradores do lugar, naquele tempo, eram sempre tratados como “moradores nos Fragosos” – e não “em Fragosos”, como nos nossos dias.

Os membros dessa família, portanto, passaram a se tornar a referência para os habitantes do lugar. Esse não é o único caso nos primórdios de São Bento do Sul e Campo Alegre: havia quem morasse na “Avenca dos Teixeira” ou ainda “nos Carneiros”. De qualquer forma, o único nome familiar que permaneceu até os nossos dias como identificador de uma localidade foi o de Fragosos – nome que hoje é pronunciado com a vogal “o” aberta, ao contrário do que acontece com o sobrenome.

A história contada pelos descendentes dos primeiros Fragoso diz que a família possuía muitas terras e prestígio nas redondezas. Também é comum ouvir (não só de descendentes, mas também de moradores) que o primeiro habitante do lugar foi Generoso Fragoso. Foi também isso que ouvi da minha avó Otília Fragoso, bisneta de Generoso. Não existem registros que nos deem  certeza sobre a época em que Generoso Fragoso chegou à região e quem o acompanhou – e também se houve outros Fragoso habitando o local antes dele. Convém enunciar algumas discussões.

O nome completo de Generoso também se perdeu com o passar dos anos: chamava-se Generoso Fragoso de Oliveira. Natural da Lapa, onde nasceu em 25.05.1845, era filho de Ermenegildo Rodrigues de Oliveira (que levou uma vida marcada por acontecimentos inditosos: foi abandonado ao nascer e morreu precocemente aos 27 anos) e sua esposa Francisca Soares, a qual era filha de Manoel Soares Fragoso e Marciana Maria de Marafigo. O nome “Fragoso” que Generoso portava vinha, assim, de seus ascendentes maternos, enquanto que o esquecido complemento “de Oliveira” vinha do pai, que o adotou por ser um dos sobrenomes da família que lhe acolheu ao nascer.

Antes de chegar à região de São Bento do Sul, Generoso se mudou para São José dos Pinhais, onde, em 12.05.1866, se casou com Leopoldina Maria de Almeida, filha de Joaquim Rodrigues de Almeida, de Lages, e Maria Calisto, de São José dos Pinhais. Foi com Leopoldina que Generoso passou a habitar a região posteriormente conhecida como Fragosos. O casal já tinha ao menos o filho Pedro, batizado em 20.02.1870 em São José dos Pinhais – ou seja, acredita-se que a mudança tenha sido posterior à essa data.

O pioneirismo de Generoso Fragoso encontra alguma resistência para ser aceito quando encontramos o registro de batismo de Gregório, um de seus filhos, em Araucária no dia 08.05.1875. Ora, essa data é posterior àquela que usualmente se defende como a ocupação da região por elementos nacionais. Sabe-se que um dos tropeiros que ajudou os primeiros imigrantes a subir a serra com destino a São Bento, em setembro de 1873, se chamava João Fragoso (ainda não encaixado na genealogia familiar). Ou seja, havia membros da família Fragoso na região de São Bento do Sul antes da data em que encontramos Generoso Fragoso em território paranaense. Não é impossível, no entanto, que Generoso já estivesse em Fragosos na época, mesmo tendo batizado um filho em Araucária – mas existe, nesse ponto, uma dificuldade que precisa ser analisada antes de se chegar a alguma conclusão. Também não é possível afirmar que o tropeiro João Fragoso morava na mesma região de Fragosos – ou seja, a sua simples presença em São Bento do Sul não impede que Generoso tenha chegado antes ao lugar em que passou a morar.

Além de Generoso Fragoso, passaram a morar no lugar, em data incerta, alguns dos seus tios, irmãos da sua mãe Francisca Soares (existem registros de ao menos Virgínio Soares Fragoso, Pedro Soares Fragoso, João Baptista Fragoso, Felippe Soares Fragoso e Miguel Baptista Fragoso, todos filhos de Manoel Soares Fragoso, falecido ainda na Lapa). Também é possível que se deva a esses irmãos o início da povoação do lugar, em alguma migração coletiva da qual Generoso poderia estar presente, mas que, por ter conseguido algum prestígio social[1], teria sido ele o nome que se sobressaiu ao longo dos anos e entrou para a história como o fundador. Embora não seja possível chegar a uma conclusão, a discussão mostra uma primeira tentativa de comprovar documentalmente algumas das histórias da tradição oral em Fragosos.

Generoso Fragoso de Oliveira está sepultado no Cemitério de Fragoso. Faleceu no dia 25.06.1924, aos 79 anos. Essas discussões preliminares podem ser revistas conforme novas descobertas forem surgindo. Elas representam, no entanto, a tentativa de melhor compreender um local especial para quem é descendente da família Fragoso – e até hoje, a região de Fragosos conta com um grande número de descendentes de Generoso e de seus tios.


[1] Sabemos que Generoso Fragoso de Oliveira tinha certo prestígio no meio em que vivia. Consta que algumas reuniões envolvendo personalidades políticas de Campo Alegre teriam acontecido em sua casa. Há vários registros de compadrio que envolvem o nome de Generoso e figuras de destacada atuação na vida pública da região, como o líder republicano João Filgueiras de Camargo. Saturnino Fragoso de Oliveira, filho de Generoso, teve como padrinho de casamento Francisco Bueno Franco, outra personalidade evidenciada na história política de São Bento do Sul e Campo Alegre.

Família Mühlbauer

(quem tiver correções ou acréscimos, deixe seu email nos comentários)

Foram duas as famílias Mühlbauer que vieram para São Bento com grande descendência, sendo que houve ainda algumas famílias menores. Uma dessas grandes famílias era da Bavária e a outra da Boêmia, mais precisamente de Flecken, aldeia natal de tantas outras famílias que para cá vieram. Começamos com os Mühlbauer bávaros:

1. Mathias Mühlbauer, que casou com Klara, eram proprietários em Schwarzenberg, e foram pais do imigrante:

1.1 Anton Mühlbauer, sobre o qual não foi encontrado registro de batismo nos arquivos de Eschelkam, na Bavária, sendo portanto a sua origem um mistério, devendo ser natural de outra paróquia. Conforme o registro de navio que temos através do livro de Böbel, era pedreiro e nasceu por volta de 1834. Com a família, imigrou para o Brasil em 1877 a bordo do Navio Rio. Casou-se em Eschelkam no dia 03.10.1868 com Barbara Pfeffer, a qual nasceu em 09.12.1838 às 11h e foi batizada no mesmo dia, tendo por madrinha Barbara, que morava em Kleinagn, e que segundo nos foi possível apurar com a ajuda de pesquisadores bávaros, era fª de Georg Pfeffer e Anna Singer, neta de Josef Pfeffer e Anna Hastreiter, bisneta de Josef Pfeffer e Anna Maria Laurer, trineta de Peter Pfeffer e Margareth Hauser, a qual era fª de Georg e Barbara Hauser, tetraneta de Wolgang e Walburga Pfeffer, pentaneta de Andreas e Anna Pfeffer, e cremos ainda hexaneta de outro Andreas Pfeffer. Pelos registros de batismos dos filhos, sabe-se que Anton estava em 1859 em Schwarzenberg, 1869 em Kleinagn, 1872 em Grossaign e 1873 em Ritzenried. Em 1877 estava em São Bento, onde faleceu em 02.11.1911. Pais de:

1.1.1 Theresia Mühlbauer, que nasceu antes dos pais se casarem, no dia 01.11.1859 em Eschelkam, sendo batizada no dia seguinte, tendo por madrinha Theresia Schwarz, solteira e proprietária em Kleinagn. Imigrando para o Brasil, casou-se em São Bento do Sul no dia 20.09.1881 com Anton Fürst, filho natural de Anna Fürst, natural de Hammern, na Boêmia. Theresia faleceu em 27.03.1939, aos 79 anos. O casal morava na Estrada das Neves e teve ao menos:

1.1.1.1 Bárbara Fürst, nascida em 10.02.1883 e batizada em 09.04.1883, sendo padrinhos José Linzmayer e Bárbara Linzmeyer. Teve:

1.1.1.1.1 Maria, que faleceu com 1 ano e 10 meses no dia 25.10.1910.

1.1.1.2 José Fürst, nascido em 04.04.1884 e batizado no dia 20.04.1884, tendo como padrinhos José Linzmeyer e sua esposa Bárbara Linzmeyer.

1.1.2 Philipp Mühlbauer, nascido em Kleinagn e batizado em Eschelkam. Não foi encontrado seu registro de batismo, mas provavelmente também nasceu antes do casamento de seus pais. Casou-se em São Bento do Sul aos 24 anos no dia 19.10.1889 com Rosalia Kellnner, nascida em “Seigenhof”, e batizada em Eschelkam, filha de Josef Kellner e Barbara Kerscher, por essa neta de Wolfang Kerscher e Barbara Seltner. Como testemunhas, serviram Gaspar Liebl e Ignatz Fischer. Lá por volta de 1900, Phillip pegou tifo e sua situação era preocupante, restando pouca chance de salvação. No entanto, a sua esposa e filhos passaram a orar muito para Deus a fim de que Philippe pudesse sair dessa com vida. Mostrando grande fé, prometeram que caso ele se recuperasse, construiriam uma capela para louvar a Deus. Aos poucos, Philipp foi melhorando. Algum tempo depois, ele conseguiu voltar a trabalhar. Cumprindo a promessa, a família construiu a Capela, que foi inaugurada em 1902 e atendeu a muitos dos moradores da redondeza. Como patrono da igrejinha, a população achou por bem colocar “São Felipe”, pois fora o Philipp Muehlbauer que motivou e liderou a construção da Capela em Banhados I, na atural Rua Conrado Liebl. Philipp faleceu no dia 02.11.1926, com 63 anos. Pais de:

1.1.2.1 João Mühlbauer, casado em São Bento do Sul no dia 15.05.1916 com Margarida Müller, filha de Carlos e Mathilde Müller, com quem teve ao menos:

1.1.2.1.1 João Mühlbauer, casado.
1.1.2.1.2 Ervino Mühlbauer, casado com Renata.
1.1.2.1.3 Ewaldo Mühlbauer, casado com Maria.
1.1.2.1.4 Carlos Mühlbauer, que ainda vive em 2008.
1.1.2.1.5 Willy Mühlbauer
1.1.2.1.6 Maria Mühlbauer, casada com Erico Bail.
1.1.2.1.7 Elly Mühlbauer, casada com Erhardt Weiss.
1.1.2.1.8 Regina Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.9 Odete Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.10 Iracema Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.11 Cristina Mühlbauer, casada.
1.1.2.1.12 Frida Mühlbauer, casada com Erhardt Pauli.

1.1.2.2 Felipe Mühlbauer, que se tornou padre.
1.1.2.3 Francisco Mühlbauer
1.1.2.4 José Mühlbauer, casado com Francisca, e pais de:

1.1.2.4.1 Leonardo Mühlbauer, casado com Wally.

1.1.3 Franziska Mühlbauer, nascida em Kleinagn e batizada Eschelkam no dia 06.05.1868, tendo por madrinha Katharina Pfeffer. Casou-se em São Bento do Sul no dia 23.06.1888 com Johann Augustin, nascido e batizado em Santa Katharina, na Boêmia, e que contava com 26 anos na ocasião, filho de outro Johann Augustin e Theresia Altmann. Pais de ao menos:

1.1.3.1 João Augustin, falecido no dia 21.06.1947, com 53 anos. Casou-se com Francisca Liebl.
1.1.3.2 Carlos Augustin, que faleceu com 5 dias em 11.12.1902, sendo sepultado na sede de São Bento do Sul.
1.1.3.3 Antônio Augustin, que faleceu com 6,5 anos no dia 06.02.1914, na Estrada das Neves.

1.1.4 Ludwig Mühlbauer, que teria nascido em 23.07.1869, às 19h30, e batizado no dia seguinte, tendo por padrinho Ludwig, solteiro, morador de Kleinagn. Como não imigrou, supõe-se que tenha falecido pequeno.

1.1.5 Katharina Mühlbauer, nascida em 14.06.1870 às 19h30 e batizada em seguida, sendo madrinha Katharina Vogl, moradora de Kleinagn. Casou-se aos 22 anos no dia 09.01.1892 com Franz Hannusch, natural de Osseg, na Boêmia, filho de Wenzel Hannusch e Anna Trojan, por essa neto de Anton Trojan e Elisabeth Tausch. Serviram de testemunhas Anton Fürst e Philippe Mühlbauer. Franz faleceu no dia 15.07.1921, aos 55 anos, vítima de influenza. Tiveram ao menos:

1.1.5.1 Francisco Hannusch, nascido em 09.07.1896 e batizado em Bechelbron no dia 26.07.1896, sendo madrinha Barbara Mühlbauer.
1.1.5.2 João Hannusch Sobrinho.
1.1.5.3 Rosália Hannusch, que faleceu com 2 meses no dia 19.12.1905, em Mato Preto, sendo sepultada na sede de São Bento do Sul.

1.1.6 Barbara Mühlbauer, nascida em 29.09.1872 às 16h30, tendo por madrinha Magdalena. Faleceu em Fragosos, onde está sepultada, nno dia 02.07.1943. Se casou no dia 21.12.1895 com Johann Hannusch, filho de Wenzel Hannusch e Anna Trojan, por essa neto de Anton Trojan e Elisabeth Tausch. Como testemunhas, assinaram Anton Fürst e Philipp Mühlbauer. Tiveram ao menos:

1.1.6.1 Francisco Hannusch, batizado na Capela de Nossa Senhora Auxiliadora dos Cristãos, em Lençol, no dia 15.03.1896, tendo como padrinhos seus tios Franz Hannusch e Catharina Mühlbauer.
1.1.6.2 João Hannusch Filho, que nasceu no dia 26.04.1898 e falecido em 22.07.1983, solteiro. Sepultado em Fragosos.
1.1.5.3 Catharina Hannusch, nascida em 26.02.1900 e falecida em 20.11.1982, sendo sepultada em Fragosos. Casou-se com Antônio Basílio da Rocha, e teve:

1.1.6.3.1 Alzira da Rocha
1.1.6.3.2 Lucila da Rocha
1.1.6.3.3 Olinda da Rocha

1.1.6.4 André Hannusch, casado com Sebastiana, e pais de:

1.1.6.4.1 Darci Hannusch

1.1.6.5 Luiz Hannusch, casado com Eloína, com quem teve:

1.1.6.5.1 Jovino Hannusch

1.1.6.6 um filho que faleceu com 5 anos em 1910.
1.1.6.7 Rozina Hannusch, nascida no dia 07.01.1909 e falecida em Fragosos no dia 16.04.1980, sendo sepultada no Cemitério de Fragosos. Casou-se com Luiz Thomé Fragoso, descendente da tradicional família que primeiro ocupou aquela região, filho de Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro, neto paterno de Generoso Fragoso de Oliveira e Leopoldina Maria de Almeida, e neto materno de Felippe Soares Fragoso e Flora Lina Cavalheira. Pais de:

1.1.6.7.1 Cristina Fragoso, casada com Narciso Ferreira da Silva.
1.1.6.7.2 Adelina Fragoso, casada com Livarte Cordeiro de Meira.
1.1.6.7.3 Carlos Fragoso, casado com Maria Diva Gonçalves.
1.1.6.7.4 Bernardo Fragoso, casado com Benedita de Mello.
1.1.6.7.5 Otília Fragoso, nascida em Fragosos no dia 31.07.1943, casado com Luiz da Silva, nascido em Piên no dia 04.01.1928 e falecido em Fragosos no dia 05.09.2007.

1.1.6.8 Lina Hannusch, falecida com 2 anos no dia 11.08.1914.

1.1.7 Georg Mühlbauer, nascido em 05.12.1873 às 23h e batizado no dia seguinte, tendo como padrinho Georg Rank, proprietário. Faleceu em São Bento do Sul no dia 19.11.1949, aos 75 anos.

61. Anna Trojan (1831-1920)

Minha tetravó Anna Trojan nasceu em Kochowitz e foi batizada em Gastorf, na Boêmia. Casou-se ainda na Europa com Wenzel Hannusch. De Osseg, eles imigraram ao Brasil no ano de 1877 a bordo do Navio Rio. O casal teve os seguintes filhos, que imigraram com eles: Antônia Hannusch, casada com José Pilz; Rozina Hannusch; Franz Hannusch, casado com Catharina Mühlbauer; e meu trisavô Johann Hannusch, casado com Barbara Mühlbauer.
Por volta de 1896, Wenzel Hannusch faleceu. No ano seguinte, encontramos o registro do segundo casamento de Anna Trojan, por sinal muito curioso, e que transcrevemos abaixo:
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“A treze de Novembro de mil oitocentos e noventa e sete ás 10 horas da manhã na Capella do Smo. Coração de Maria deste município de S. Bento, dispensados os tres banhos canonicos por mim por Delegação do Epmo. e Revmo. Senhor Bispo Diocesano de 26 de Setembro de 1895, sem impedimento algum e com palavras de presente e de mútuo consentimento na forma do 1º Concílio Tridentino, em minha presença e das testemunhas Jacob Treml e Francisco Eckstein, receberão-se em matrimonio Jorge Zipperer e Anna Trojan, moradores neste município, elle de 76 annos d’idade, nascido e baptisado em Rothenbaum na Bohemia, e filho legítimo de Jorge Zipperer e Anna Augustin, e viúvo por obito de sua 3ª mulher Maria Magdalena Zipperer, e ella de 66 anos d’idade, nascida em Kochowitz e batisada em Gastorf na Boêmia, filha legítima de Antonio Trojan e Elisabeth Tausch, e viúva por obito de seu marido Venceslau Hanusch, do que para constar fiz este termo que assignei junto com a contrahente e as testemunhas.
O Vigário Pe. Carlos Boegershausen.
Anna Trojan
Jacob Treml Franz Eckstein”
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Eis a assinatura de Anna Trojan conforme ela aparece no registro:
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Percebemos então que eram ambos de idade bem avançada. Anna com 66 anos e seu esposo Jorge Zipperer com 76. Já tratamos sobre algumas dificuldades na família Zipperer no que diz respeito a nomes e idades. O pai de Jorge talvez fosse Adam Zipperer. Muito interessante também é ver que esse era o quarto casamento de Jorge, e que todos os outros terminaram porque suas esposas faleceram. Mas isso não aconteceria pela quarta vez. Anna faleceu também viúva de Jorge Zipperer, embora o registro só informe que era viúva de seu primeiro marido. Eis a transcrição de seu óbito, conforme o Livro 5, p. 49 N. 52 do Cartório de São Bento:
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“Aos catorze dias de agosto de mil novecentos e vinte, em meu cartório compareceu Francisco Hannusch, lavrador, domiciliado no lugar Fragosos, de Campo Alegre, e perante as testemunhas no fim assignadas, declarou que hoje, ás 12 horas, em seu domicílio, falleceu sem assistência médica a sua mãe Anna Hannusch, com 89 anos, nascida na Alemanha, e residente no mesmo lugar Fragosos, na companhia de seu dito filho Francisco Hannusch, de profissão doméstica, sem deixar herança, deixando quatro filhos maiores, viúva de Wenceslau Hannusch, em conseqüência de velhice, devendo sepultar-se no Cemitério Cathólico, nesta villa, do que faço esse termo.
A rogo do declarante, por não saber escrever, Eu, Miguel Rodrigues, escrivão interino, o escrevo.”
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Eis aí um registro que também suscita coisas interessantes. Em 1920 estavam vivos todos os filhos de Anna Trojan com Wenzel Hannusch. Como o número de 4 filhos é o mesmo que encontramos no registro de imigração, supomos que não tiveram outros filhos nascidos no Brasil. Até porque, já estavam na casa dos 40 quando imigraram. Não sei onde morava Jorge Zipperer e de que maneira conheceu minha tetravó Anna Trojan. Como percebe-se pelo registro, os Hannusch moravam na região de Fragosos. Também se diz que ela foi sepultada no “Cemitério Cathólico” de São Bento. Se de fato está lá no Cemitério Municipal, sua lápide também perdeu-se com o passar dos anos, de modo que já é impossível identificar o local em que está sepultada.
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Anna faleceu com avançada idade, e sua morte impediu que sofresse a perda de seu filho Francisco Hannusch, o declarante desse óbito, que faleceu no ano seguinte, aos 55 anos, vítima de influenza.

15. Rozina Hannusch (1909-1980)

Minha bisavó Rozina Hannusch nasceu em Fragosos no dia 07.01.1909. Casou-se com Luiz Thomé Fragoso, filho de Saturnino Fragoso de Oliveira e Joaquina Fragoso Cavalheiro. O casal teve os seguintes filhos: Cristina Fragoso, casada com Narciso da Silva; Adelina Fragoso, casada com Livarte Cordeiro de Meira, os quais se mudaram para Colombo/PR; Carlos Fragoso, casado com Maria Diva Gonçalves; Bernardo Fragoso, casado com Benedita de Melo, e Otília Fragoso, casada com Luiz da Silva.

Rozina também era de família humilde. Faleceu em Fragosos no dia 16.04.1980, provavelmente de alguma doença relacionada ao pulmão. Costumava, assim como a sogra de sua filha Otília, Francisca da Silva, fumar cigarros de palheiro. Tossia muito em seus últimos dias. Ficou algum tempo mal, de cama. Até que não resistiu mais e faleceu.

Morava numa casa próxia a de sua filha Otília Fragoso, mas quando a doença começou a a atacar, mudou-se para a companhia da filha, que com muito zelo e dedicação cuidou dela até o dia de sua passagem. Ainda houve a tentativa de levá-la a um hospital, mas ela acabou falecendo no caminho. Está sepultada no Cemitério de Fragosos.

Família Pfeffer

A senhora do meio é Barbara Pfeffer, casada com Anton Mühlbauer. A seu lado, suas filhas Catharina Mühlbauer, casada com Franz Hannusch, e Barbara Mühlbauer, casada com Johann Hannusch. Eram duas irmãs casadas com dois irmãos. Moravam na região de Fragosos, interior de Campo Alegre. Barbara veio com esposo e filhos ao Brasil em 1877.
Família Pfeffer
Andreas Pfeffer, que teria nascido por volta de 1580 em Stachesried, na Bavária. Pai de:

1. Andreas Pfeffer, nascido por volta de 1620 em Kleinagn. Teria se casado em 1645 com Anna. Tiveram:

1.1 Wolfgang Pfeffer, batizado em 01.01.1651 em Eschlkam. Seu padrinho foi Wolfgang Schwarz, fazendeiro em Schachten. Faleceu em 07.06.1709, também em Eschlkam. Casou-se com Walburga. Há dados que afirmam que ela faleceu em 1700 e um outro diz 24.01.1728. Era dona de casa. Wolfgang foi agricultor. Tiveram, entre outros:

1.1.1 Peter Pfeffer, nascido em 19.03.1689, provavelmente em Kleinagn, tendo como padrinho Peter Pongraz, fazendeiro em Grossaign. Faleceu em 27.10.1740 em Kleinagn. Era carpinteiro e também dono de uma taverna. Casou-se com Margareth Hauser, batizada em 23.07.1688, falecida em Kleinagn a 18.08.1756. Sua madrinha foi Margaretha Hartl, esposa de fazendeiro em Warzenried. Margarethe era filha do carpinteiro Georg Hauser e sua esposa Barbara. Peter e Margarethe se casaram em 04.03.1715, tendo como testemunhas Wolf Fenzel e Wolf Hauser. Pais de, entre outros:

1.1.1.1 Josef Pfeffer, nascido em 03.12.1727. Seu padrinho eram Adam Stoiber, ferreiro em Kleinagn. Teria se casado com Anna Hoffmann. Casado com Anna Maria Laurer em 22.11.1751. Em 20.06.1763, já viúvo, casa-se com Anna Hezenbauer, filha de Johann e Dorothea Hezenbauer. Josef Pfeffer também cuidava da taverna. Com Anna Maria Laurer, teve, entre outros:

1.1.1.1.1 Josef Pfeffer, que se casou em 22.11.1790 com Anna Hastreiter. Com ela teve ao menos:

1.1.1.1.1.1 Georg Pfeffer, nascido em Kleinagn nº 16 no dia 11.11.1802. Casou-se em 11.06.1832 com Anna Singer, nascida em Kleinagn nº 17 em 24.05.1810. Entre seus filhos, tiveram:

1.1.1.1.1.1.1 Barbara Pfeffer, nascida em Kleinagn a 09.12.1838. Casou-se com o pedreiro Anton Mühlbauer, filho de Mathias e Klara Mühlbauer, no dia 03.10.1868. Com o esposo e filhos, imigraram para São Bento do Sul no ano de 1877 pelo navio Rio. Seu esposo Anton faleceu em São Bento do Sul a 02.12.1911. Barbara faleceu depois, com avançada idade.