Pequenos Apontamentos sobre o Futebol em SBS

O jornal Tribuna da Serra de 23.09.1966 apresenta uma entrevista feita por Sabino Salomon com Álvaro Guerreiro Krüger sobre a sua participação história do futebol em São Bento do Sul. Krüger foi, de fato, um dos primeiros praticantes desse esporte na cidade. Na entrevista, que levou o título de “”Futebol ainda não completou meio século em São Bento”, Krüger afirma que o esporte teve início na cidade “lá pelos idos de 1920”. O primeiro time se chamava “São Bento”. Não sabemos quem foram os primeiros jogadores. Os jogos eram realizados no “potreiro do Klaumann”, localizado onde hoje ficam as dependências da Sociedade Ginástica, no centro da cidade. Em meio a entrevista, Krüger disse que já estava esquecendo de mencionar um certo Waldemar, que naquela época trabalhava no D.E.R e que havia sido “o pioneiro do futebol em São Bento”.

Depois do São Bento, surgiram outros dois clube de futebol, com os curiosos nomes de “Almofadinha” e “Melindroso”. As duas equipes logo se tornaram rivais, e foram muitos os “clássicos” disputados entre as duas equipes. O time do Bandeirantes, que se tornaria o mais tradicional de São Bento nos anos seguintes, só surgiu em 24.06.1930, tendo Krüger sido um dos fundadores e primeiro diretor esportivo – além de jogador, chamado carinhosamente de “Meladinho”.

Ao ser perguntando sobre os grandes jogadores da história do Bandeirantes, Álvaro Guerreiro Krüger cita vários, e provavelmente de épocas diversas. É provável que, entre esses nomes, estejam alguns daqueles que, junto com Krüger, primeiro praticaram futebol em São Bento. Boa parte da lista de jogadores deve compreender atletas das décadas de 20 e 30. A seleção de Krüger contava com os seguintes jogadores: Jacosinho, Fonsi, Moreti, Renato, Prospinho, Periquito, Vino Treml, Fernando, Elizio, Enedy, Pires, Pinto, Bequinha, Toni, Putzi Beckert[1], Saporiti, Marçal, Schroth e Siqueira. Krüger menciona ainda um técnico negro chamado Bagé. Todos esses representam a primeira geração do futebol em São Bento, pois em seguida cita os mais “recentes”, que foram: Cigano, Zoni, Erico, Grilo, Cabo, Werner, Wolney, Mengarda, Aldo, Zito, Edi, Carlito, Trajano, Gildo, Osmar, Lauro, Chiquinho e Marreco.

A entrevista de Salomon contém, ainda, algums momentos curiosos, como quando o entrevistador perguntou se Krüger lhe guardava algum rancor – pois ele era o cronista de futebol do jornal e, invarialvelmente, devia falar coisas que não soavam agradáveis a todo mundo. Krüger disse que rancor não sentia, mas ressentimento sim. Isso porque, segundo ele, havia publicações que não correspondiam com a verdade.

Em outra pergunta, Salomon quis saber qual a comparação que Krüger fazia entre o futebol daquela época (1966) e aquele que teve início na década de 20 em São Bento do Sul. Krüger deu uma resposta saudosista, dizendo que, antigamente, se jogava com mais entusiasmo e garra. Além disso, o futebol daquela época, para ele, estava sendo muito matemático, “carregado de táticas e esquemas”.

Considerando o atual estágio do futebol mundial, é possível que, em 2009, Krüger abominasse o futebol mais do que tudo.


[1] Putzi Beckert certamente foi jogador na década de 30. Sabemos disso porque temos a informação de que faleceu em 1935. Foi ele o primeiro esquife levado ao Cemitério Municipal pela carroça construída pelo meu bisavô Frederico Fendrich, o filho.